O Filósofo e o Diabo

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Certo dia, o Filósofo parou no meio da ponte suspensa Meigo, que liga os Vales da Compreensão às Colinas da Ilusão. Estava vindo de uma expedição que há muito vinha fazendo nos profundos vales da compreensão em busca da Verdade Absoluta. Na dúvida entre voltar aos vales e continuar a procura e seguir em frente rumo às ilusões, optou por meditar. Sentou-se com a face direita voltada para a compreensão e a face esquerda voltada para a ilusão, cruzou as pernas e fechou os olhos. De repente, às costas do Filósofo,  surge o Diabo, que mais parecia um tengu, e, sussurrando em seu ouvido esquerdo, disse:

- Tudo é vão...

O Filósofo abriu os olhos lentamente e respondeu:

- Não existem aliados ou inimigos.

- Todos são transformados em marcos, disse o Diabo.

- É estranho pensar nisso.

- E o que você acha de tudo isso?

- Que tudo não passa de uma formidável ilusão. Onde está a ilusão, na morte ou na vida?

O Diabo não soube responder.

Então o Filósofo se levantou lentamente e, em tom sereno, continuou:

- A ilusão é real. A compreensão também. Pois, se você compreender que ambas são ilusões, este mundo deixaria de existir. Uma pessoa que empenha a vida a serviço de outra não pode dar-se ao luxo do niilismo. Pois como seria possível haver vassalagem se o vassalo se deixar impressionar pela impermanência das coisas e se desgostar do mundo?

Olhou para o Diabo e depois para as colinas.

- Eu já me decidi: atravesso para o lado de lá!

E caminhando a passos lentos, prosseguiu:

- Pronto, voltarei ao meu velho e conhecido mundo!

Ao dizer essas palavras, o Diabo e tudo o mais deixou de existir.

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⏰ Última atualização: Aug 11, 2019 ⏰

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