Donghae, Coreia
6:02 A.M.
Observou o Sol nascer por sua janela tão atentamente como se fosse a última vez que o veria. Talvez visse o astro rei nascer novamente, mas muito provavelmente não naquele lugar. Não mais.
Aquela ideia, aparentemente absurda, rondou sua cabeça a noite e madrugada inteira. Se sua aparência estivesse tão cansada quanto seu corpo, certamente estaria com olheiras profundas nesse exato momento. Logo após a briga com Jongdae, Hyemi se focou em comprar suas passagens e arrumar suas coisas tão silenciosamente quanto as lágrimas que insistiam em banhar seu rosto. Não queria ir embora. Ao menos, não queria ir embora desse jeito. No entanto, era isso o que seu orgulho a coagia a fazer. Mesmo trincado, seu coração tentava reunir forçar para lutar pelo que ele considerava correto. Ele gritava para que o cérebro o escutasse, mas este não estava com vontade de se envolver. Estava desgastado demais com os conflitos internos da garota para escolher qualquer posicionamento que fosse.
Engoliu o choro, respirou fundo, amarrou se cabelo desgrenhado em um rabo de cavalo, — igualmente desgrenhado — fechou as cortinas vagarosamente e, por fim, decidiu acabar de vez com seu sofrimento. Pegou sua mala solitária, seu passaporte, suas chaves, seu celular, seus sentimentos e abriu a porta de seu quarto cautelosamente. Ela havia planejado tudo. Na véspera, escreveu uma carta tanto para seu pai quanto para seu irmão se despedindo e os agradecendo por terem a acolhido também quando ela já não possuía nada. Lhes segredou que esses foram os melhores anos de sua vida e que, algum dia, iria voltar para vê-los, se não fosse incomodar, claro. Explicou detalhadamente que estava indo apenas para estudar e que, se precisassem de algo, ela não hesitaria em ajudá-los. Era melhor dizer isso do que escrever com letras garrafais que ela estava fugindo.
Para ela, fugir sempre foi a melhor solução... Claro que ela não admitiria isso nem em outra vida, mas todos sabiam que era verdade.
Com cuidado, olhou a sua volta e viu que estava tudo livre. Desceu as escadas, deixou as cartas encima da mesa de café da manhã e fez o que enrolara tanto para fazer: foi embora sem olhar para trás. Não por não querer, mas por não conseguir. Estava deixando as pessoas mais importantes em sua vida para trás. Estava abandonando uma parte de si mesma. Mas, para ela, esse já era um caminho sem volta. Enfiou em sua cabeça oca que esse era o melhor para todos e conseguiu esquecer de calcular os diversos estragos que sua ação mal pensada acarretariam. De qualquer forma, decidiu passar em dois lugares especiais antes seguir rumo à Seoul apenas para se despedir rapidamente de algumas pessoas das quais ela realmente sentiria falta.
Enquanto isso, na casa dos Kims, Jongdae acordava com o rosto inchado, a coluna doendo por ter dormido no chão e o coração vazio. Sonhou que brigou feio com sua irmã mais nova, mas sorriu quando pensou que tudo poderia ter sido apenas um pesadelo incrívelmente ruim. Mas, ao abrir os olhos, entrou em pânico. Ainda estava encolhido bem ao lado da porta do quarto de sua pequena a esperando sair para ele poder se desculpar devidamente e explicar que tudo não passou de um engano. Um terrível engano.
Céus, se ela soubesse que fora horrível tanto tempo distante dela, que foi agoniante acordar todos os dias sem poder abraçá-la, certamente ela teria o ouvido. Mas, mais uma vez, ele preferiu se calar, pois ele poderia acabar contando mais do que deveria.
Soltou um suspiro cansado e teve vontade de passar o resto do dia jogado naquele chão para se lamentar. Ele merecia. Parecia que, não importa o que acontecesse, ele sempre faria alguma merda e a afastaria de si. Quando ia aprender a controlar seu ciúmes e a falar mais que sua própria boca? Que culpa ela tinha de ser tão linda? E que culpa ele tinha disso também? Situação complexa, compreensível, porém paradoxalmente fácil de ser resolvida. Mas, como sempre, seres humanos complicam tudo. Ainda mais quando há muitos sentimentos envolvidos.
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I Hate You
Romance"𝐴𝑠 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠, 𝑡𝑒 𝑎𝑚𝑎𝑟 𝑒𝑚 𝑠𝑒𝑔𝑟𝑒𝑑𝑜 𝑑𝑜́𝑖 𝑡𝑎𝑛𝑡𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑛𝑎̃𝑜 𝑡𝑒𝑛𝘩𝑜 𝑓𝑜𝑟𝑐̧𝑎𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑥𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑟 𝑞𝑢𝑒 𝑜 "𝑒𝑢 𝑡𝑒 𝑜𝑑𝑒𝑖𝑜" 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒 𝑡𝑒 𝑑𝑖𝑔𝑜, 𝑛𝑎 𝑣𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒, 𝑒́ 𝑜 "𝑒𝑢 𝑡𝑒 𝑎𝑚�...