behind these black eyes

Nowhere Fast

Duas semanas... Era o tempo que havia se passado desde que Wonho havia atropelado um garoto no final de um dos seus serviços. No entanto, esse garoto ainda estava vivo e isso era graças ao seu irmão, agora esse garoto se encontrava na UTI de um renomado hospital.

O garoto atendia pelo nome de Hyungwon, o mesmo tinha cabelo com fios loiros muito bem cortados com uma franja que ia na altura dos olhos. Hyungwon era alto, seu corpo magro e seus traços um tanto quanto delicados o tornava ainda mais belo, todavia aquela beleza acabava por sumir com todos aqueles tubos que foram colocados em seu rosto para ajudá-lo a respirar e ali naquela cama de hospital ele parecia ainda mais frágil do que realmente era.

O observando através de uma pequena janela de vidro estava seu irmão, Kihyun. E apesar de serem do mesmo sangue não eram na parecidos, sequer lembravam um ao outro, apenas seus físicos eram semelhantes, e seu cabelo de fios rosados havia sido o resultado de uma aposta com o mais novo.

Kihyun estava ali há horas, dias para ser mais exato. Desde que o outro chegara naquele hospital não havia mais saído de lá, queria estar por perto quando ele acordasse e queria acreditar que tal fato não demoraria para acontecer como os médicos haviam dito. No fundo se culpava por tê-lo deixado sair de casa tão tarde naquele dia, mas se culpava ainda mais por ter demorado tanto para procurar por ele, para chegar naquela maldita estrada onde já haviam perdido seus pais. Não queria perder seu caçula também, no mundo tinham apenas um ao outro e Kihyun não queria nem pensar em como seria ter que viver sem seu irmão também.
A estrada onde Hyungwon sofrera o acidente era o mesmo lugar no qual o carro em que seus pais estavam havia perdido o controle e caído no precipício há um ano atrás. O loiro tinha ido lá naquela noite para "conversar com seus pais" como ele mesmo costumava dizer, sempre fazia isso quando a saudade apertava, ia ao mesmo local onde foram achados já sem vida e ficava lá por horas até seu irmão aparecer e tirá-lo dali. Naquele dia quando foi buscar o mais novo o encontrou caído no chão em meio a uma poça de sangue, seus batimentos estavam extremamente fracos e naquele momento começou a temer pelo pior. O levou ao hospital o mais rápido que pôde, tendo que aguentar horas sem notícias do irmão enquanto este estava passando por uma cirurgia complexa e arriscada, e ainda assim não fora o suficiente, Hyungwon ainda estava ali, na UTI daquele hospital lutando dia a dia por sua vida.

Quatro meses depois...

Hyungwon já estava em casa há algumas semanas, por sorte não havia ficado com sequela nenhuma, podia dizer que estava curado, exceto por um pequeno detalhe que o incomodava bastante: ele não conseguia se lembrar do que tinha acontecido para chegar naquele hospital. Seu irmão havia lhe contado que ele tinha ido visitar seus pais naquele dia já que completava um ano do falecimento de ambos e que quando ficou tarde e fora buscá-lo tinha o encontrado no chão todo ensanguentado. Sabia que após o ocorrido havia ficado cerca de um mês em coma e ao acordar dele estava consciente, sabia responder tudo, tinha seus movimentos, porém não conseguia se lembrar de nada naquele dia, do que o fizera ir parar naquele hospital. Após acordar do coma ainda ficou semanas internado, fazendo exames quase todos os dias até os médicos terem certeza que ele poderia voltar para casa e seguir com sua vida normalmente, ou quase isso.

Tentava a todo custo se lembrar do que tinha acontecido consigo, porém por mais que se forçasse a isso nada vinha em sua mente. Kihyun todos os dias lhe perguntava se havia se lembrado de algo e a resposta era sempre negativa, tudo que ele sabia era o que acontecia em seus pesadelos quase diários que tinha, contudo era só um pesadelo e por isso não poderia ser levado a sério. Em seus pesadelos era sempre noite, tudo estava escuro e ele saia correndo, ao olhar para trás tudo o que via eram duas luzes ofuscantes vindo em sua direção, aproximando-se cada vez mais e a medida que se aproximavam ainda mais de si conseguia perceber que as luzes na verdade eram os faróis de um carro, e no momento em que o carro o acertava, acordava desesperado. Era tudo o que sabia, seu pesadelo constante, sem informação ou certeza alguma, mas se por acaso aquilo fosse verdade, então por qual motivo o carro nem ao menos um instante tentara desviar de si? Não se permitia pensar em algo que só o deixava ainda mais cheio de dúvidas, acabava cobrando diariamente de sua própria mente alguma resposta, e até então estava sendo em vão.