Sentada em um canto escuro junto com outras três pessoas, eu orava para que tudo aquilo acabasse logo. Eu estava assustada pensando que poderia ser a próxima.
Eu evitava olhar para as outras pessoas que estavam comigo, estava nervosa em um distrito que nunca tinha visitado na vida.
Passei um bom tempo ali até que as coisas se acalmassem e só restassem alguns indivíduos se perguntando o que havia acabado de acontecer. Me deixei levar e parei ao lado de um carro amassado, todo arrebentado por causa de uma batida feia contra um poste, que já estava caído no chão.
Não demorei muito e entrei novamente no museu vazio, sacando o meu telefone para tentar ligar pra alguém, só que eu não contava com um imprevisto; eu estava sem sinal. Andei de um lado para o outro e até tentei ir para outra rua, mas não adiantava de nada. E agora?
Adentrei ao museu escuro com corredores extensos e frios, quando eu avistei alguns funcionários visivelmente preocupados em um canto isolado.
- Pelo amor de Deus me ajudem! - Chamei a atenção deles, me aproximando.
- Quem é você? não se aproxima!
- Por favor me ajuda, eu não sou daqui, eu preciso falar com algum parente meu, mas eu não tenho como contatar ninguém! - Eu implorei enquanto eles se olhavam.
- Qual é o seu nome? - Uma mulher perguntou.
- O meu nome é Agatha, eu vim com a minha turma, era uma excursão, mas todos eles sumiram!
- Não foi só com você. - A mulher me interrompeu. - Quase todos os outros funcionários daqui também sumiram, só sobraram nós.
- E o que a gente pode fazer, afinal? - Um homem pergunta.
- De onde você vem?
- Eu sou de Queens. - Me encostei na parede, suspirando.
- Ata, pensei que você fosse de outro país, sei lá. - Ele riu. - Eu sou de Brooklyn, mas a Elisa é de lá, não é Eli?
- É...
Pronto, sem esforço algum eu descobri o nome de quem pode me ajudar, isso já foi um passo enorme, e já estava aliviada por isso.
- Eu me mudei pra cá não faz nem um ano. Mas minha irmã e minha sobrinha ainda moram lá.
- Ai que bom! - Fechei a boca instintivamente.
- Nem tanto. Minha irmã me odeia. - Elisa riu, debochando. - A Marjorie não quer mais saber de mim e se eu aparecer lá é capaz dela me matar.
- Espera... Marjorie?
Eu sei que as chances de ser a nova namorada do meu pai são mínimas, já que não existe só uma Marjorie em Queens, mas ainda existem chances!
Depois disso, hesitei um pouco em perguntar sobre essa Marjorie, mas eu precisava dar um jeito de sair dali, então qualquer alternativa era bem-vinda.
- Você tem notícias dela? - Me completei.
- Ah, só sei que ela está se envolvendo com um homem que faz sanduíche e 'tá numa briga com o ex-marido pela a guarda da filha dela.
- Não é possível! - Pulei. - É o sr. Delmar! É o meu pai!
Parei por um instante.
- Ela já tem uma filha?
- Tem, a Erin, tem só seis anos de idade. - Ela continuou como se não tivesse notado que eu tinha falado que conhecia ela. - Eu vou te levar pra lá.
- E você tem como fazer isso?
- Duh. - Ela revirou os olhos. - Eu tenho um carro para isso.
Ah, claro. Mas mesmo assim, e se ela simplesmente me sequestrar?
Nossa, como eu sou paranóica.
- A gente literalmente acabou de se conhecer, como posso confiar em você? - Questionei.
- Eu ajudo todo mundo, sabe?
- E? - Cruzei os braços, tentando mostrar uma postura mais firme. - Se eu saísse assim na rua e confiasse em cada um que eu tive um papo por dois minutos eu com certeza estaria ferrada.
- Eu não me importo. Se você não quiser ir comigo e ficar aí perdida na rua, tá tudo bem. - Elisa suspirou. - Vamos fechar o museu por hoje, é óbvio que ninguém mais vai aparecer aqui.
Eu não sabia se eu dava esse voto de confiança pra essa mulher. Eu precisava de qualquer forma sair daqui, e se eu não o fizesse eu estaria me contradizendo.
- Eu... Eu vou. - Sorri sem graça. - Eu preciso ir urgentemente 'pra Queens, de qualquer forma.
- Hm.
Ela me guiou até a entrada do museu e depois andamos por algumas quadras até aquilo que eu imaginava ser sua casa.
Elisa me pediu para esperar, então ela adentrou a casa, deixando eu e o outro funcionário sozinhos, olhando um para a cara do outro, sem saber o que fazer. Eu não ia falar nada mesmo, não me sentia á vontade para isso.
Fiquei pensando sobre como eu ia chegar em casa, eu precisava me preparar, tinha chances de eu entrar em casa e todo mundo tenha virado pó!
Eu estava mais tranquila, eu estava com chances.
- Você está bem? 'tá palida. - O homem disse.
- Eu estou sim... Eu acho. - Engoli o seco.
- Aparecer lá e descobrir que a família inteira pode estar morta é horrível, eu imagino.
- Não fala isso, homem. Eles vão estar vivos sim! - Olhei para os lados, preocupada.
Meu pensamento já era outro. Eu estava me contradizendo o tempo inteiro.
- Qual o seu nome? - O interrompi antes que pudesse falar mais alguma coisa para me deixar mal.
- É Matthew, eu já não tinha dito isso antes?
- Ah, não que eu me lembre.
Elisa saiu de casa e foi direto para o seu carro estacionado do outro lado da rua. Matthew deu de ombros e foi atrás dela, então fiz o mesmo.
- Bom, eu não vou acompanhar vocês, eu quero ver quem sobrou dos meus vizinhos. - Ele riu. - Vejo você qualquer outro dia, Agatha... Eu espero.
Balancei a cabeça enquanto me dava conta da gravidade da situação, mas não tive tempo de me questionar já que Elisa logo me colocou no carro e saiu em desparada como se estivéssemos fugindo de alguém.
Queria ficar quieta, mergulhada nos meus milhares de pensamentos.
Eu não estava me sentindo bem, eu não tinha sinal no celular, estava em um carro com uma estranha e estava com medo de não encontrar minha família viva. Eu sei que eu estou sendo repetitiva, mas deixar isso guardado me enlouquece!
A ansiedade consumia o meu corpo e me deixava apreensiva, como se o tempo não passasse. Em pouco tempo eu fui de um simples incômodo para uma crise.
Meu corpo estava quente como nunca e eu não conseguia controlar as lágrimas que saíam. Eu tentava não fazer barulho colocando o meu casaco na frente de meu rosto como se eu fosse dormir. Passei uma boa parte do trajeto assim, com o meu corpo inteiro quente e minha cabeça á milhão. Eu não tinha um descanso nem dentro de um carro, quieta.
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High School Wishes
Teen FictionAo descobrir que Peter Parker é o Homem-Aranha e achar que ele e seu pai, o Sr. Delmar, morreram no estalo de dedos de Thanos, Agatha vai ao encontro de Tony Stark e propõe um plano que mudaria a sua vida e a de seu novo mentor também.