《9》

475 46 16
                                    

< Dejun >

Desde o dia em que Laouni havia mostrado a ferida que eu tinha causado me culpei por ter feito isso a ela. A todo momento eu pensava em formas de me desculpar, mas a coragem sempre me abandonava.

Ela era a única no auditório naquele fim de tarde (com exceção de mim). Me levantei depressa e chamei-a. Ignorou-me. Agora eu tinha sacado como ela se sentiu quando fiz o mesmo. Era como se a situação traumática se repetisse e eu estava no lugar dela.

Corri e segurei seu braço. Ela me encarrou e tirou uma mecha de havia caído em seu rosto. Tentou se soltar, mas eu não permiti.

- Vai me machucar de novo, Xiao Dejun? Como vai ser? Pretende me empurrar da escada agora?! - ela exclamou enfurecida.

O comentário maldoso doeu.

- Laouni, me escuta por favor. - implorei.

- Agora não dá. meu namorado está me esperando lá fora. - recusou meu pedido, deixando-me desconfortável.

- Então me encontre amanhã na hora do almoço no terraço. - falei e saí primeiro que ela.

...

- Eu não sei como falar, cara. - comentei com Kun, que estava mexendo em minha estante de DVDs.

Kun é o meu único amigo. Desde que aconteceu o que aconteceu e eu me tornei antissocial ele foi o único que ainda ficou comigo. Eu sou muito grato por isso.

- Só fala, solta a língua e não mente, porque ela vai saber. - disse ele. - Mulheres tem um tipo de sexto sentido detector de mentiras...

- Mas ela namora. Eu vou desistir. - falei.

- E daí? Covarde! Você tem que explicar o seu lado pra ela, se não vai morrer arrependido.

Pensei e decidi que eu iria falar, por mais doloroso que seja e pela resposta negativa que receberia. Eu a amava e não poderia mais esconder isso dela.

No dia seguinte, fiquei esperando Laouni no local e horário marcado com um copo de milkshake na mão. Depois de esperar e ensaiar minha fala por vinte minutos desisti e segui caminho até o auditório, jogando o copo ainda cheio na lixeira.

Eu não tinha a visto em nenhum momento do dia. Me preocupei um pouco, mas disfarçei.

Passei o caminho até a minha casa reclamando mentalmente sobre ela ter me deixado esperando. Mas quem sou eu para reclamar? Laouni não tinha confirmado nada, porque o idiota não esperou a resposta.

Saí do elevador olhando fixamente para o chão. Quando estava me aproximando da porta de casa, vi que alguém e levantei a cabeça.

- Laouni? - tirei meu fones do ouvido.

- Eu não consegui aparecer mais cedo, então resolvi vir aqui. Por mais que eu não quisesse... - se explicou desinteressada.

Laouni é tão linda. Naquele momento ela me fez ferver por dentro.

Destravei a porta e entramos. A casa estava uma bagunça, mas ela pareceu não ligar. Sentou-se no sofá e ficou me esperando ir buscar água.

- O que você quer falar comigo. - ela parecia bem compreensiva, mas ainda séria.

Dava para ver que Laouni ainda me odiava. Mal saiba ela que eu tinha motivos para agir tão maldoso com todos e com ela principalmente.

Fiquei na defensiva por um momento, ela estava estranha, não gritou nem nada.

- Eu quero primeiramente me desculpar por ter te machucado... - apontei para sua cintura. - Desde o começo eu fui rude com você, mas agora eu vou te explicar tudo.

Laouni me observava atenta. Respirei fundo e continuei:

- Meus pais foram assassinados na minha frente quando eu tinha uns sete anos. Depois disso, me fechei para qualquer outro sentimento que se assemelhasse a amor. Todos os meu amigos se afastaram com a justificativa de eu estar diferente, mais frio. Eu fiquei traumatizado! Todos os que eram importantes para mim sumiram. Passei o resto dos anos sozinho, até que conheci você, que mexeu comigo de um jeito, cara... sei não. - em meio ao mar de lágrimas que escorriam por seu rosto ela sorriu.

- Aonde você morou desde que seus pais... você sabe. - quis saber.

- Na casa da minha tia. Ela é dona de um restaurante bem famoso por aqui. - respondi e limpei o rosto dela. - No início deste ano eu comprei esse apartamento. Pode-se dizer que minha família é do tipo abastada.

Pensou ela por alguns segundos. Ficamos em silêncio.

- Sabe, eu tenho que me desculpar também. Julguei você muito mal. Nunca imaginei que sua história era tão triste... - fungou.

Por mais trágica que seja minha vida, eu odiava que sentissem pena de mim. Era como se eu fosse um cão abandonado na chuva. Para esclarecer tudo falei:

- Não sinta pena de mim, por favor. - fitei o chão.

- Não tenho pena de você. - disse ela colocando sua mão em meu ombro.

Laouni aproximou-se e abraçou-me. Eu realmente precisava daquilo, pois fazia bom tempo que não recebia afeto desse nível.

Olhei para seus lábios e depois para o resto de seu corpo. Eu queria agarrá-la! E parecia que ela queria o mesmo. A minha confissão parecia ter mudado o ponto de vista dela sobre mim.

Criei coragem e tentei beijá-la, porém ela colocou suas mãos sobre minha boca e impediu que a ação fosse realizada.

- Dejun, eu te amo, mas não posso trair o Guanheng desse jeito. - desanimou-se. - Seja paciente e logo teremos o que tanto desejamos.

Então ela também me ama! Comemorei em meus pensamentos. Laouni se despediu e foi embora, recusando carona.

Eu ainda estava assustado. Me perguntava como seria a partir daquele momento. Me joguei no sofá sentindo vibrações por todo o corpo, isso porque meu coração batia forte. Minha única dúvida era se eu estava mesmo pronto para socializar.

<To bem continued...>

Capítulo especial do Dejun narrando para mostrar mais ou menos o ponto de vista dele. Talvez eu tenha deixado um pouco afemininado, mas não posso fazer nada. Não sou macho pra saber falar como macho...

Byeeeeeeeee

a acidentally love ⚝ xiaojunOnde histórias criam vida. Descubra agora