Prólogo

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Em um final de tarde, o sol se punha em uma gentil despedida, com o céu em um vermelho escarlate em fronteira com o azul do vasto mar.

Os coqueiros balançavam, e os pássaros cantavam a sua última canção do dia; e bem ali estava ela, deitada na areia da praia observando aquela linda visão com olhos marejados, uma menina que aparentava ter os seus dez anos de idade, com longos cabelos negros estonteantes como a noite, olhos de safira grandes e expressivos, cujo eles herdara de sua amada mãe.

E com o escorrer de uma lágrima ela pensava "Mamãe e Papai...que vocês estejam em paz". Os acontecimentos daquela trágica noite vinham a sua mente novamente ,e a lembrança das chamas a fazia tremer.

Passos fortes e pesados eram escutados atrás de si, e então ela se vira tendo a visão de um senhor alto, de vestes simples mas com um ar sábio, com seu grande bigode, já branco por conta da idade.

-A carruagem à aguarda srt. Elisa - falou abaixando o seu chapéu em um curto comprimento, se dirigindo à menininha-.

Naquele momento ela se despedia daquela magnífica paisagem, e junto dela os restos da casa que um dia fora o lar de lindas lembranças, mas que agora estava quase irreconhecível.

Ao longo do caminho ela se segurava para não derramar mais nenhuma lágrima, não queria que o senhor bigodudo a visse naquele estado mais uma vez, não gostava de ser vista em um estado tão frágil, então tentava apenas se concentrar na paisagem que passava pela sua janela; passavam por uma cidade movimentada, pessoas de todas as idades, indo e vindo de seus compromissos.

Elisa não estava acostumada com tamanha agitação, cresceu em um lugar muito tranquilo, onde só se ouvira o barulho das ondas, pássaros e crianças brincando por aí uma vez ou outra.

E então a carruagem para, em frente a um pequeno prédio, com uma aparência muito velha e com cores sem vida alguma, desgastadas com o tempo.

Logo o senhor desce dos cavalos e vem até a minha porta para abrir a mesma.

-Chegamos! Seus avós ficarão muito felizes em te hospedar-falou dando um sorriso que quase não podia ser visto por conta de seu enorme bigode-.

E então com algumas batidas fortes na porta, era possível ouvir passo apressados do outro lado.

Elisa olhava com expectativa, pois nunca pode conhecer os seus avós, não sabia exatamente o por que, mas sempre ouvira de seus pais que eles não tinham uma relação tão boa com os mesmos.

Rapidamente, uma mulher alta e esbelta abre a porta, com um olhar afiado e julgador por trás de seus óculos redondos, seu cabelo ficava preso em um coque muito bem trabalhado e seu vestido era de um azul bem claro e simples, usava algumas poucas jóias e segurava um livro -no qual fez Elisa ficar intrigada, pois amava ler -nos braços.

A mulher olha de cima a baixo, avaliando a menina e então solta as suas primeiras palavras.

- Obrigada por trazê-la até aqui, Albert, ficamos muito gratos.- falou se dirigindo ao senhor com um pingo de afinidade no rosto.

- Não há de quê Sra. Margareth, nos conhecemos a bastante tempo afinal.- abaixou o seu chapéu com um sorriso simpático-.

E com esse cumprimento rápido e simples, os dois se despediram e logo só restara Elisa e a senhora cujo o nome era Margareth, sua avó por parte de pai.

- Vamos menina, se apresse e me siga!-Falou dando as costas a menina e adentrando em casa -.

Com a sua pequena malinha nos braços ela tentou alcançá-la o mais rápido possível; não havia muita coisa para carregar; apenas algumas poucas mudas de roupas, vindas de doações feitas pelos moradores da sua antiga vila, todos muito gentis, Elisa gostaria de vê-los outra vez algum dia.

E então ao subir uma escada um tanto íngreme, se deparou com um corredor com vários retratos e pinturas bem antigas, Elisa ficou maravilhada com a beleza dos quadros, dando uma paradinha para observá-los.

Margareth logo olhou para trás para conferir se Elisa a estava seguindo.

-Mas ora essa!-colocou as mãos na cintura.

Com o susto Elisa se virou para sua avó e ajeitou a postura.

-Sinto muito Sra. Margareth, eu estava apenas observando as pinturas, são tão alegres... e vivas.

- Me chame apenas de vó, é muito estranho ter a sua neta a chamando pelo seu nome... e fico feliz que tenha gostado das pinturas, eu que as fiz.

Com os olhos brilhando em admiração, Elisa diz:

- Oh, é realmente incrível o talento que a senhora... digo,  vovó, tem com o pincel, espero um dia poder pintar assim.- falou com um sorriso sincero nos lábios, este que não aparecia a algum tempo.

Com uma sobrancelha arqueada ela fala:

-Bom, se você quiser eu posso lhe ensinar o que eu sei sobre pintura, mas terá de levar muito a sério! Bom agora chega de conversa e vamos até o seu quarto.

Com um sorrisinho Elisa se apressou e correu ate sua avó, passavam por várias portas ate chegar no final do corredor onde tinha uma porta branca, com vários desenhos pintados nela, era de um tom mais vivo que as outras.

Elisa observava os detalhes da porta quando Margareth se pronunciou.

-Este era o quarto de seu pai, fiz algumas mudanças para você, já que ele era um menino e você é uma menina, eu espero que goste- Falou abrindo a porta, dando a visão de um lindo quarto decorado de azul e branco com vários  ursinhos de pelúcia e brinquedos; com uma cama de solteiro no centro e uma colcha florida e delicada decorando a cama, e no alto da cabeceira um nome havia sido pintado, "Elisa" em meio a diversas flores de sakura.

- Este quarto é lindo demais - Falou passando os dedos no canto dos olhos para limpar as lágrimas que começavam a aparecer-.

- Ora não precisa chor- antes que pudesse terminar de falar Elisa à abraça com força.

Surpresa com o ato da menininha, Margareth permanece imóvel e estende uma das mãos para retribuir o abraço, este que não recebera a muitíssimo tempo, estava feliz por finalmente estar com a sua neta, apesar de parecer um tanto severa em alguns momentos.

E então elas foram em direção a cama, conversaram sobre vários interesses nos quais as duas tinham em comum até que Elisa finalmente se deitou na cama quentinha e  dormiu, estava exausta, tanto fisicamente como mentalmente.

-Boa noite, Elisa.- Margareth falou bem baixinho e caminhou até a porta do quarto com um sorriso.








     

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