Free Soul In Prisoner's Body

The Dog

 Sirius

Janeiro de 1994

Sirius estava frio, ele poderia estar como Padfoot, o grande cão coberto com um casaco de pelos natural, poderia ser uma grande fonte de calor, mas não quando nevava e os fios desgrenhados e cheios de bolos ficavam molhados, não quando o vento frio fazia a agua em seu pelo congelar, não quando ele não podia fazer nada sobre isso.

Sirius estava com frio, tremendo ligeiramente sobre a cama encaroçada daquele quarto tão peculiar, tentando ali bloquear o abaixo dos finos lençóis esquentar o máximo possível de sua pele. Logo Remus estaria ali, logo ele teria que se despir para não perder suas roupas, logo ele teria que passar por todo esse frio apenas com uma fina camada de pele cicatrizada e então ele pensou que podia aguentar, por Moony ele podia suportar qualquer coisa, contanto que o homem voltasse para seus braços no fim do dia.

Logo, assim como ele pensou, suas orelhas captaram o som de passos, eram lentos, pareciam se arrastar em direção ao quarto onde ele estava, subindo lentamente a escada com pausas periódicas como se pesasse uma tonelada, pesado demais para conseguir ir ao segundo andar. Mas Sirius sabia quem era, aquele cheiro era inconfundível, agora e desde sempre, Moony sempre cheirou a chocolate, ao outono e livros velhos, era estranhamente cativante.

Sirius se levantou da cama, seus ossos rangendo e os músculos duros pelo frio se esticando dolorosamente a cada passo que ele dava até a porta, chegando ali ao mesmo tempo que Remus apoiava a mão no batente da porta, eles se olharam por um momento, Remus surpreso por Sirius já estar ali e Sirius surpreso por ele ter demorado tanto tempo para chegar até o lobisomem, Remus piscou e então Sirius riu, uma risada canina com latidos e grunhidos, e mesmo quando ele voltou a forma humana, apenas o tom voltou para algo mais humano.

—Estamos ficando velhos hein, Moony? - Sirius perguntou, aproximando-se para ajudar o lupino, segurando seu cotovelo com uma mão e a cintura com a outra, pretendendo conduzi-lo até a cama, mas logo percebendo que ambos estavam se apoiando para ficar de pé.

—Você está bem? - Remus perguntou baixinho, rouco, seus olhos fundos e cansados, a pele pálida e úmida de suor frio. Sirius parou e levantou uma sobrancelha, exasperado.

—Você está me perguntando se estou bem? Você parece que vai desmaiar a qualquer momento. - Sirius repreendeu, mas parou por um momento quando seus joelhos perderam a força e ele teve que se apoiar um pouco no lobisomem para voltar a se levantar, seu corpo todo tremendo, os dentes batendo, e só agora que Remus foi olhar para ele completamente, vendo seus - absurdamente grandes - cílios meio congelados, a barba grossa e emaranhada com pequenas geadas, a roupa levemente úmida, Sirius estava congelando.

—E você é o único que parece que vai acabar morrendo de hipotermia, Sirius, não conseguiu pegar um casaco em algum lugar? - O lobisomem perguntou parando no meio do quarto, tirando lentamente - seus próprios músculos muito doloridos para se mover rapidamente - o longo e grosso casaco preto de lã.

—O senhor certinho realmente está me incentivando a roubar o casaco de uma pobre alma nesse frio? – Sirius perguntou dramaticamente, vendo-o estender o casaco para ele. — Mas e você? - Perguntou inseguro, olhando do casaco para Remus, querendo aceitar e ao mesmo tempo, querendo enfiar cada pedaço de pano possível no lupino para esquenta-lo. —Você está doente Moony, precisa se aquecer.

—Eu posso tomar uma poção pela manhã e me sentirei bem, você não pode ficar doente agora, Sirius.

—Mas se eu pegar isso... não vou poder te devolver, eu estou... sujo, sabe, nojento.

—Eu não me importo, não era minha intenção pedir de volta. - Remus respondeu cansado e Sirius se sentiu mal por um momento, ele não queria deixar Remus pior, o homem já parecia ruim o suficiente, ainda assim, estava frio, nevando mesmo, e as finas e apodrecidas paredes daquela casa abandonada mal bloqueavam os flocos de neve.