3 de Março de 2014
Ouço mais uma vez aquele som ensurdecedor de todo santo dia.
Queria poder não ter que levantar dessa cama, na verdade eu queria tantas coisas...
Enfim é melhor levantar penso em outra hora, é estranho ter uma vida na qual você quase não tem tempo para pensar e literalmente, uma vida toda cronometrada e que ao mínimo sinal de ameaça, já contra ataca.Bom, é segunda-feira e eu nunca sei qual é o melhor dia da semana ou qual é o pior, para mim todos os dias são do mesmo jeito, nunca acontece nada de novo. Não sei se é pelos meus pais ou se realmente estou fadada a uma vida entediante isso chega a ser frustrante.
Como todo dia junto toda a coragem que eu não tenho e levanto da cama me dirijo até o banheiro faço minha higiene matinal tomar um banho então saio diz o meu uniforme da escola centro da cama e tento pensar um pouco...
- ALICEEE!
Como eu disse não tem tempo nem para pensar, essa gritando é minha mãe, (na verdade vocês ainda vão ler ela gritando bastante aqui). Não que seja a única coisa que ela sabe fazer, mas vamos dizer que é o que ela faz de melhor, acho que isso foi pesado ela fez muitas coisas melhores que gritar, mas enfim.
- OI MÃE, JÁ TO DESCENDO!
- ÓTIMO
Só espero que um dia essa família pare de funcionar no grito, saiu no corredor e dou uma passada no quarto da minha irmã normalmente ela só sai da cama na força do ódio e não é do ódio dela é o da minha mãe mesmo, a paradinha não estava no quarto provavelmente já estava na mesa tomando café.
Desci a escada e foi até a cozinha, meu pai já tinha tomado café não sei o que minha mãe está fazendo, mas minha irmã já estava terminando o café, nunca tive costume de tomar muito café antes de sair de casa, mas por questão de tempo mesmo.
Porque eu amo café, o café talvez seja uma das poucas coisas que alivia a minha angústia de estar viva.
Pode parecer um pouco dramático, mas eu sempre me senti diferente, literalmente em todos os sentidos possíveis. Eu tinha muitas dúvidas em relação à religião, a igreja, adeus e eram coisas que eu nunca compartilhei com ninguém principalmente com meus pais, minha vida já era o inferno sem eles teria intenção.
Além disso sou autodidata, apesar de parecer algo bom para mim sempre foi algo ruim, o fato de aprender as coisas com mais facilidade me permite entre aspas estar na frente, apesar de não ser essa intenção por vezes me finjo de burra, também se calcular hein a minha autoestima teremos um total de 0.
Mas como todo negativo tem no seu positivo, minha mãe achava isso ao máximo, pulei algumas séries na escola justamente para essa facilidade nunca quis chamar isso de dom, talvez seja, um presente.
Como não basta ser nerd, eu não menti só um dava com os garotos, nunca tive a mesma taxa de feminilidade que outras meninas tinham, não que minha mãe não tentasse, mas eu simplesmente nunca me senti à vontade com um batom ou unhas pintadas.
Para mim era suficiente estar com meu rabo de cavalo minha camisa sem manga um pouco larga meu short um pouco largo, assim eu me sentia à vontade. Também não gostava de brincadeiras que eram consideradas de meninas, eu gostava de futebol de me sujar, do contato físico de um empurrão, da bola na cara, do ralado no joelho que ardia horrores quando a minha melhor amiga ia limpar.
Peguei vocês, apesar de me sentir diferente eu tinha uma melhor amiga que se encaixava em todos os outros padrões. Ela me ajudava, sempre que me machucava seja físico ou emocional ela estava lá. Mas foi uma das últimas a saber como eu me sentia de verdade.
Voltando ao foco, o que mais fazia eu me sentir diferente era o fato de achar outras meninas bonitas, “Ah mas não tem nada de mais nisso”, okay... E se eu disser que queria beijar outras meninas, que eu me imaginava casando com outra menina e agora?
Se eu contasse isso para os meus pais o mundo inteiro deles iria se despedaçar, meu jeito diferente só poderia ser duas coisas na minha vida: a minha salvação ou a minha condenação.
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Por que Eu?
De TodoMeu nome é Alice, tenho 17 anos... eu tinha apenas 6 quando me senti diferente pela primeira vez e desde então tive medo que descobrissem. Eu tinha uma vida "perfeita", a família perfeita, tudo muito organizado, até aquela noite chegar... naquela t...