Não é minha culpa!

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Vitoria pov

Acordei com o barulho irritante do despertador e tive a sensação de sentir tudo rodar, preciso parar de beber no domingo até tarde da noite. As segundas-feiras sempre são os piores dias pra começar uma semana de trabalho, é o dia em que eu geralmente acordo com ressaca e dou de cara com alguma garota nua saindo do quarto do meu melhor amigo. Sim, ele é noivo. Não, eu não apoio isso. Mas o que fazer quando a noiva dele não enxerga o babaca traidor que ele é? Não é como se eu fosse entregar meu amigo dessa forma, mesmo que a noiva dele fosse a mulher por qual eu já fui apaixonada.
Faço minha higiene matinal e estou indo em direção a cozinha do apartamento que divido com ele quando escuto vozes alteradas.

- VOCÊ NÃO PODE ME TRATAR COMO SE EU FOSSE UMA VADIA QUALQUER, RICARDO!

- Quem? - questiona Mike - Que seja, olha gata, você só precisa dar o fora e nos poupar de toda essa merda da manhã seguinte.

- O QUÊ? VOCÊ É A PORRA DE UM BABACA - Disse a garota histérica pegando seus pertences e indo em direção a porta de saída quando me vê chegando.

- Bom dia. - Digo encostada na parede da sala esperando o furacão humano passar por mim e ir embora.

- VÁ SE FODER! - Grita e vai embora batendo a porta num estrondo que poderia abalar o prédio.

Me direciono a passos lentos a cozinha já irritada com a conversa que vai se suceder a seguir.

- Antes que fale alguma coisa, eu juro que foi a última vez. - Mike fala debruçado no balcão com aspecto de cansado.

- Bom dia pra você também, Túlio. E não jure por algo que não vai cumprir. - Falo de maneira entediada abrindo a geladeira para pegar um suco.

- É sério, Vi. Essa foi tipo uma despedida, estou me aposentando, loira. - Disse se reerguendo da cadeira e pegando uma torrada num pote.

- Qual é, Mike. Qual é a necessidade disso, falo, você tem a Ana Clara, ela é uma garota sensacional, vocês vão se casar em alguns dias, o que essas fodas vazias te oferecem? - Pergunto me irritando verdadeiramente.

- Orgasmos? - Responde ele de maneira óbvia e com um sorriso nojento no rosto.

- Então por quê você apenas não termina com a Ana, se esses orgasmos são tão bons assim? Não seja um merda mais do que está sendo!

- Mas que porra, Vitória! Você não é minha mãe e nem fiscal de relacionamento que eu saiba, por quê você não vai cuidar da sua vida? Quando foi a última vez que esteve com alguém? É isso, falta de sexo! Vamos sair, procurar algumas garotas e tudo certo!

- Vai se foder, Mike! Eu não sei porquê eu perco meu tempo tentando colocar algum juízo na sua cabeça. - Digo me levantando irritada da mesa ao mesmo tempo que vejo Ana Clara chegando na cozinha com um sutiã nas mãos. Merda! Era o sutiã da garota que acabou de foder com o noivo dela, fico enojada com o pensamento.

Ana tinha a chave do nosso apartamento e o Mike era sortudo demais por ela nunca ter flagrado ele com outra.

- Bom dia. - saudou ela ao mesmo tempo que jogou o sutiã em cima de mim e deu um beijo em Mike. - Vi, você precisa parar de transar com as garotas na sala, eu já não consigo nem sentar nesse sofá de tanto nojo. - Disse a morena fazendo uma careta.

- Bom dia, amor. - Mike respondeu e correspondeu ao beijo castro dado por Ana. - Eu já disse pra ela, Aninha, mas um dia ela vai encontrar alguém que ela ame tanto ao ponto de não olhar pra mais ninguém, assim como a gente. - Falou olhando pra morena de maneira carinhosa. Ele era um merda mais falso que nota de 3 reais.

- É, ou talvez eu tenha apenas que aprender a manter meu pau nas minhas calças. - Digo ironicamente saindo da cozinha para pegar minha bolsa no quarto.

Escuto Ana perguntar pra Mike qual era o meu problema e querendo saber como foi o show dele ontem a noite com a banda num barzinho qualquer e em seguida pedindo pra ele aproveitar a manhã pra descansar. Eu e Ana estamos numa pequena sociedade referente a um cliente famoso que se meteu em problemas, ela cuida da imagem dele e divulgação e eu estou tratando da parte burocrática na justiça, então é normal que ela passe aqui de manhã as vezes para irmos juntas ao escritório, assim ela aproveita para vê o Mike e vamos tratando das coisas já pelo caminho.

- Estou pronta, vamos? - Chamo atenção dela na divisa da cozinha.

- Sim. - Me responde e vira pra o noivo. - Descanse. E lembre-se que a noite vamos ter o jantar com o papai. -  Dá o último recado para o noivo antes de vir em minha direção.

- Pode deixar, gata.

Saímos do apartamento e pegamos o elevador, o silêncio é desconfortável, eu estou irritada por ter levado a culpa do sutiã, e a Ana provavelmente sem graça pela minha explosão na cozinha. Até que a voz dela me tira dos meus pensamentos.

- Vi? - Chama minha atenção de maneira doce, tocando no meu braço.

- Sim? - Tento me manter firme mas sinto ficar fraca sempre que ela fala dessa forma comigo.

- Me desculpa pela maneira que falei, eu sei que não deveria se meter na sua vida particular, não tenho direito nenhum sobre isso, só não gosto de te vê pulando de galho em galho, sendo que tu é uma mulher maravilhosa e poderia ter um amor tão lindo pra viver. Você me perdoa? - Fala a morena pegando nas minhas duas mãos e me olhando com aqueles olhinhos de jabuticaba que me quebra inteira, amoleço instantaneamente.

- Ninha... Não foi você, é so que, é complicado. Me desculpa, vou tentar melhorar. - Afirmo apertando suas mãos sem saber o que falar. Maldito seja o Maicon!

- Quero te ver feliz, Vi. Sabe que pode se abrir comigo, né? - Diz a mais baixa me abraçando. Retribuo e aproveito ao máximo aquele contato,  sinto o cheiro do seu perfume na sua clavícula quando mergulho o meu rosto naquele local e tenho a impressão de senti-lá arrepiar, sei que é alucinação. Só pode. Me afasto antes que meus desejos secretos tomem conta de mim e eu encoste os meus lábios naquele local.

- Agradeço, Ninha. Mas no meu coração, o que foi plantado, infelizmente não dá pra ser colhido.

Insensato AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora