Capítulo X

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Solar
Depois que Daenerys finalmente caiu no sono, Lucius a deixou, o homem sentia que precisa respirar um pouco de ar puro e pensar sobre o que aconteceu, quando ele passou pelo quarto de Duncan abriu a porta com cuidado apenas para checar o menino, este que dormia tranquilamente com um sorriso nos lábios, o que  o fez sorrir também, e pensar que pelo menos o garotinho estava feliz, inocente de toda confusão ao seu redor, ele amava aquele menino tanto quanto amava a sua mãe, a verdade é que Duncan o tinha enrolado em seus dedos, ele quase nunca negava suas vontades, o que muitas vezes o metia em encrenca com Daenerys, dando uma última olhada na direção do mais jovem Targaryen, ele fecha a porta com cuidado.
Abrindo a porta da entrada da casa o homem senta aproveitando as brisas frias que tocam seu rosto, clima esse corriqueiro nas madrugadas em Solar, apesar de muito quente durante o dia, a noite o clima de tornava mais ameno e as madrugadas refrescantes devido a presença das grandes montanhas de pedra.
  Ele pensa sobre a chegada de Jon Snow a Solar, ele entende porque Arya fez o que fez, no entanto ele está curioso sobre a participação da Sarcedotisa Vermelha Kinvara em tudo aquilo, se ela o ajudou isso significa que o senhor da luz tinha algum interesse na vinda daquele homem para sua cidade, Lucius esperava descobrir o que isso significava, uma vez que o homem não via muita diferença entre o Corvo e o Deus Vermelho, os dois estavam sempre agindo, manipulando as pessoas para alcançarem seus objetivos, a diferença é que o corvo era um ser físico cujo eles sabiam exatamente qual era o desejo por trás de seus atos, enquanto  o outro era uma força invisível, mágica, e aparentemente indestrutível, de quem ele nunca sabia o que esperar, embora Lucius conhecesse a verdadeira razão por trás de sua existência, ainda não entendia porque o senhor da luz o havia escolhido para aquela missão tão difícil, dentre tantos, porque ele? Ele estava cansado de não ter essas respostas.
Tocando os lábios ele recorda do pequeno beijo que trocou com Daenerys, seus lábios macios tão doces contra os seus, como ele sonhou com aquilo, no entanto, ele afastou porque é isso que Daenerys sempre seria para ele, um sonho distante, Lucius sempre sentiu que não tinha o direito de fazer isso com ela, sabendo o que sabe, esse dia tinha sido demais pra ele, rejeita-la de novo depois de vê-la desmoronar daquele jeito, Lucius nunca a tinha visto daquele jeito antes, quase ficou sem saber o que fazer, então fez a única coisa que sentiu que poderia, a segurou em seus braços até que ela se acalmasse, toda reação de Daenerys deixou bem claro que havia muito além de ódio, estava claro que por mais que ela não quisesse, ainda havia um sentimento além, sinceramente o arqueiro nem sabia como se sentia  em relação a isso, era horrível ver a mulher que você ama sofrendo por outro homem, sem dúvidas, principalmente depois de tudo que esse homem fez pra ela, só que esse mesmo homem era o irmão querido de Arya, de quem a Stark tinha ótimas lembranças, o pai do garotinho que tinha roubado seu coração desde o dia em que ele o segurou pela primeira vez em seus braços. Então ele decidiu que estudaria o homem de perto e que tiraria suas próprias conclusões, no entanto se Jon Snow fizesse qualquer coisa que machucasse Daenerys de novo, nem Arya seria capaz de ajudá-lo.
Ele observa Arya se aproximando de casa.
- Ei – Ele cumprimenta, então ela senta no chão ao seu lado.
- Como ela está? – A garota pergunta recordando de como a platinada deixou a casa de Henry.
- Ela está melhor agora. – Lucius responde e a garota balança a cabeça.
- Não era minha intenção causar todo esse sofrimento a ela. – Arya diz sentindo que está começando a soar repetitiva.
- Você só queria salvar seu irmão, eu entendo, no fundo ela também, se não todas as suas coisas já estariam aqui fora, na verdade, eu acho que passar por isso está até sendo de certa forma até positivo para a Storm. – Lucius afirma, então a jovem Stark franze a testa confusa com suas palavras, percebendo sua confusão, ele se apressa para explicar:
- Eu nunca a vi desse jeito, quando ela voltou dos mortos demorou alguns dias para ela finalmente falar comigo sobre o que aconteceu, sempre falando com raiva do seu irmão, distante, pensativa, então com o avanço da gravidez ela focou totalmente em Duncan, eu não sei, eu acho que ela precisava colocar essa dor pra fora, ver o seu irmão de novo fez todas essas emoções secretas virem a tona, sinceramente acho que esse é o primeiro passo para Storm finalmente seguir em frente.
- Sabe, ele realmente está arrependido pelo que aconteceu, matar ela foi a coisa mais difícil que Jon já fez, ele viu a mulher que ele amava queimar uma cidade inteira, estava lá no meio daquelas pessoas, os gritos daquelas pessoas queimando, as crianças, ele achou que era a coisa certa a fazer, todos nós achávamos. – Arya justifica sentindo a necessidade de fazer com que homem na sua frente fosse capaz de entender o que levou Jon a fazer o que fez.
- Eu sei que ele é seu irmão, mas ele nunca a mereceu, vocês pensavam que ela fe coisas horríveis, isso eu poderia at entender, só que eu não posso compreender como ele foi capaz de deixá-la sozinha quando ela mais precisou, como foi capaz de ver ela se afundar em dor e ódio, e não fazer nada, se não por amor, pelo menos por gratidão, por todas as vezes que ela salvou a bunda dele, sinceramente eu gosto de pensar que eu nunca teria nem sido capaz de fazer o que ele fez, mata-la mesmo que ela tivesse se tornado um monstro eu teria deixado para outra pessoa fazê-lo, querendo ou não a verdade é que seu irmão colaborou para que o Corvo fosse capaz de entrar na mente dela, mas independente do que eu penso ele é seu irmão, o pai de Duncan, então eu vou fazer o possível para lidar da melhor forma com a presença dele em nossas vidas, e eu sei que Storm vai fazer o melhor para tentar o mesmo.
- Eu entendo e estou grata por isso. – Arya diz achando melhor não informar ao homem que Jon parecia disposto a tentar ganhar o amor de Daenerys de volta, apesar de seus avisos.

Porto Real
- Cuidem um do outro, sejam cuidadosos, vocês são os únicos amigos que me restaram. – Tyrion diz a Podrick e Brienne de Tarth no cais, enquanto guardas da companhia Dourada terminam de preparar o navio para partir.
- Nós retornaremos logo, creio que não será difícil localizar o regicida com os conhecimentos do capitão Daario Naharis sobre as terras de Essos. – Podrick afirma, então Tyrion olha na direção do navio onde Daario está discutindo com alguns homens.
- Tomem cuidado com ele, Daario é um mercenário, homens como ele costumam ficar do lado daqueles que oferecem a melhor oferta. – Tyrion avisa e Lady Brienne assente.
- Se Daario Naharis quebrar o juramento que ele fez ao Rei eu mesma o executaria Lorde Tyrion, eu conheço bem homens como ele, ainda assim obrigada pelo aviso. – A cavaleira diz com segurança.
- Vocês acham que é verdade que ela pode estar viva, a rainha? – Podrick pergunta preocupado.
- Para o nosso bem, eu espero que não. – Tyrion responde, embora o anão esteja consciente que dificilmente o rei estaria errado.
- Ela está, senão porque outro motivo o regicida teria agido contra a própria irmã, ele deve ter a matado numa tentativa de agradar a Rainha Dragão. -  Ser Brienne diz com desprezo.
- Ainda é difícil acreditar que Jon teve coragem de fazer algo assim. – Tyrion diz. Em algumas noites ele sonha com Lady Sansa, a garota que sobreviveu a tantos perigos para no final, ser derrotada por aquele que ela chamou de irmão.
- Ele se mostrou ser um verdadeiro Targaryen afinal. – Podrick diz. O comentário do homem faz com que Tyrion faça uma careta, o anão se pergunta o que Varys diria agora sobre o homem que ele acreditou ser o escolhido para governar os Sete Reinos. Jon havia perdido a razão no final, o amor por Daenerys o levou a loucura, Tyrion se questionou se a morte de Sansa seria o suficiente para a platinada perdoar o homem que a matou, e se fosse, o que seria do mundo com dois Targaryen entregues a loucura e sede de vingança? Era exatamente por isso que eles precisavam do Corvo e de seus poderes agora mais do que nunca. Ele protegeria o mundo da fúria dos dragões.
- Melhor irmos Podrick, espero vê-lo em breve Lorde Tyrion. – Ser Brienne declara vendo que o navio se prepara para partir.
- Eu também espero, tomem cuidado, Daenerys pode ter alguns inimigos em Essos, no entanto muitos amam naquela terra  – Tyrion alerta fazendo a cavaleira e seu escudeiro trocarem um olhar antes de finalmente seguirem o seu caminho, o anão observa entrarem no navio e então na volta ao  castelo tenta ignorar o sentimento de solidão  que cresce em seus ossos a cada passo novo.

Solar

Daenerys estava tentando manter-se focada nas pautas que estavam sendo levantadas durante a reunião do conselho, ignorar qualquer pensamento acerca das pessoas que iriam jantar em sua casa naquela noite.
- As chinampas seriam uma espécie de canteiro flutuante sobre o lago canapus. – Um senhor explica enquanto distribui entre eles papéis com o desenho de sua invenção.
- O lago canapus está em desuso há anos meu caro Octos, devido toda lama e lodo na água. – O conselho Nilorys aponta mal-humorado, ela observa o velho homem tremer levemente.
- Melhor escutarmos primeiro o que Octos tem a dizer antes de tirarmos nossas próprias conclusões conselheiro Nilorys. – Ela intervém encarando o homem de meia idade, gordo de cabelos castanhos longos e olhos claros, Nilorys nunca escondeu a antipatia por ela desde que ela venceu as eleições para o conselho sobre seu filho, aparentemente o homem duvidava de sua capacidade de liderança e até mesmo sobre as profecias que envolviam a ascendência da platinada como escolhida pelo Deus Vermelho para lidera-los sobre a escuridão.
- A conselheira Targaryen tem razão, nos fale sobre a sua ideia Octos. – Henry diz interrompendo uma possível resposta grosseira da parte de Nilorys, tentando evitar algum tipo de mal-estar entre os conselheiros no meio da explicação de Octos.
- A ideia é utilizar a lama do lago a nosso favor, o primeiro passo seria encontrar um ponto raso no lago, que será a base da chinampa, e colocar estacas na vertical. Pegar lama do fundo do lago, e fazer uma camada preenchendo os espaços entre as estacas. A segunda camada será de vegetação aquática. E a terceira, uma mistura das duas primeiras. Colocar árvores em volta da chinampa, para que suas raízes façam com que a estrutura não seja levada pelas águas do lago. Vocês podem observar passo a passo pelos meus desenhos, se está ideia funcionar poderíamos plantar milho, cacau, abóbora, pimenta, batata, produtos esses que não temos em Solar. Infelizmente não tem como construir essa estrutura sozinho, é por isso que estou aqui, para pedir que o conselho distribua recursos para a construção, a contratação de homens e alguns materiais. – Ele pede sentindo um pouco mais seguro.
- Você deseja que a gente ceda recursos públicos para a construção de algo que nem você tem certeza que pode funcionar? – Nilorys questiona o homem que desvia olhar para os papéis na mesa em sua frente.
- Eu ... realmente acredito que possa funcionar, meu senhor, eu testei a lama do lago Canapus, ela se mostrou muito fértil. – Octos diz com a voz trêmula.
- Caso funcione seria um grande feito para nossa agricultura, o solo de Solar em muitas regiões é instável e toda essa água que nos cerca faz que com que muitos alimentos como estes que ele acabou de citar não sejam cultivados em nossas terras, então sempre temos que compra-los de outras cidades, e muitos se estragam ao longo do caminho. – Daenerys argumenta dando um pequeno sorriso na tentativa de acalmar o homem.
- Você disse bem conselheira Daenerys, caso funcione, no entanto, não há garantia nenhuma que vá. – Nilorys afirma adotando uma postura rígida.
- Octos como podemos ver estamos um pouco divididos sobre a ideia que o senhor nos apresentou, então porque não aguarda lá fora enquanto deliberamos e fazemos uma pequena votação, então o chamaremos novamente para lhe informar nossa decisão. – O conselheiro chefe afirma apontando em direção a porta.
- Tudo bem. – Responde simplesmente e se dirige até a porta, deixando os conselheiros sozinhos.
- Tendo em vista que tanto a conselheira Targaryen como o conselheiro Nilorys já se posicionaram quanto a ideia que nos foi apresentada, peço que os dois argumentem com o resto de nós as razões que os levaram a ter esse posicionamento antes de iniciarmos a votação, assim todos nós poderemos refletir melhor antes de tomarmos uma decisão definitiva. -   Henry pede apontando para que eles se sentem na mesa redonda onde as decisões são tomadas, a mesa foi criada para representar a igualdade entre os conselheiros.
- Nós não podemos brincar com as finanças de Solar, estamos indo bem, eu admito, nos últimos tempos encontramos muitas pedras preciosas nos terrenos da antiga Valiria, bem como nossa produção de rum e farinha de grãos através nossos moinhos de água. No entanto não é sensato investirmos em qualquer ideia que seja apresentada nesse conselho sobre o pretexto de que caso funcione irá melhorar a vida de todos. – Nilorys argumenta dando um sorriso debochado em direção a platinada.
- Sim talvez o conselheiro Nilorys tenha razão, talvez devêssemos ignorar a nossa própria história, Solar nunca teve medo de inovar, investir em ideia novas, ideias que até mesmo pudessem parecer sem sentido aos olhos do resto do mundo como nossa forma de governar essa cidade por exemplo, nossos ancestrais se arriscaram em um tipo de governo nunca visto antes numa tentativa de melhorar a vida do seu povo, e por causa disso hoje estamos aqui, um dos pilares de nosso sustento também é a produção de rum, uma bebida que um homem nessa cidade foi capaz de inventar com sua astúcia e inteligência, como o próprio conselheiro Nilorys argumentou nossas finanças estão indo muito bem, então porque não investir numa ideia tão promissora, Octos já comprovou que a lama no lago é bastante fértil, não se trata de uma ideia qualquer, mas sim de uma ideia que tem como objetivo a produção de alimentos para o nosso povo, que pode ser a nossa herança para as próximas gerações, não sabemos até quando haverão recursos em Valíria, pedras preciosas não são algo que brotam da terra para sempre, no entanto milho, abóbora e pimenta sim, nós não precisamos encher aquele lago de chinampas, podemos começar com quatro ou cinco, e depois ir aumentando conforme o resultado, não se trata de investir em uma ideia qualquer, mas em uma tentativa para garantir um futuro para nossos filhos e os filhos deles, eu espero que a maioria aqui para aja como seus ancestrais sempre fizeram.  – Daenerys argumenta com paixão, o conselheiro Nilorys olha para a platinada com os olhos cheios de raiva, enquanto os outros na sala dão a ela olhares de pura admiração.
- Deseja acrescentar algo conselheiro Nilorys? – Henry questionou e o homem nega com a cabeça, fazendo o loiro conter um sorriso.
- Então vamos votar. – Disse pegando uma caixa para que eles pudessem colocar seus votos lá dentro em pequenos pedaços de papel.
- Por seis votos a dois, esse conselho decidiu dar uma chance a sua ideia. – Henry, como conselheiro chefe, faz o anuncio ao senhor Octos, ele abre um pequeno sorriso indo pessoalmente agradecer a cada um deles. Quando todos se preparavam para sair, Henry se virou na direção da platinada pedindo para falar com ela a sós.
- Me desculpe se eu agi pelas suas costas ajudando Arya a trazer o irmão dela para cá. – O homem pede quando eles estão finalmente sozinhos.
- Você não é o primeiro a fazer escolhas erradas em nome do amor, eu estou tentando lidar com o que vocês fizeram da maneira mais civilizada possível, eu só preciso de um tempo, então ficaremos bem. – Daenerys responde. A mulher conhece os fortes sentimentos do homem a sua frente pela garota Stark, então é capaz de entender o porquê ele fez o que fez, afinal quem melhor do que ela para entender como o amor pode levar algumas pessoas a agirem de formas irracionais.
A lembrança dela voando direto em direção ao exército dos mortos numa tentativa desesperada de salvar Jon lhe vem à mente.
- Fico contente em saber disso, eu tenho um grande apreço por você Daenerys. – O loiro afirma a trazendo de volta a realidade.
- Eu sei, você sabe que eu lhe considero um grande amigo, escute Henry, você sabe o quanto Arya é importante pra mim, no entanto eu devo alertá-lo, se apaixonar por um lobo do Norte pode ser perigoso, na maioria das vezes a história não termina muito bem. – A platinada aconselha, Arya e seu amigo eram tão diferentes, quando finalmente esse romance chegasse ao fim, ela tinha certeza que seria o loiro que sofreria mais.
- Eu agradeço pelo seu conselho, porém há um outro assunto que eu gostaria de tratar com você. – Henry anuncia a fazendo franzir a testa pensativa sobre qual assunto ele se referia.
- A festa do fogo está se aproximando, então Kinvara e eu conversarmos e decidimos que você deveria realizar o Desafio Solar antes desse evento, sendo assim, tomei a decisão de que seu desafio será realizado amanhã depois do almoço. – Henry anuncia pegando a mulher completamente de surpresa. O desafio de Solar consistia em um teste de habilidades em batalha, um teste bastante difícil, um teste onde ela falhou a última vez que tentou.
- Eu não estou pronta para o desafio. – Daenerys admite. Depois da chegada de Jon no dia anterior, sua mente estava um caos, suas emoções levadas ao limite, a última coisa que ela se sentia pronta era para este desafio.
- Bem, você tem um dia e meio para ficar então, escute, Kinvara e eu concordamos que este é o melhor momento. – Henry anuncia a fazendo bufar.
- Você não pode estar falando seriamente, eu não me encontro no meu melhor estado de espírito agora, não depois dos últimos acontecimentos, eu preciso de um tempo para digerir isso tudo. Então eu realizarei o desafio. – Daenerys diz se levantando para encara-lo frente a frente.
- Não, você vai realizá-lo amanhã, eu sou o responsável pelo seu treinamento, com todo respeito Daenerys, não é você que decide, sou eu, você não é mais uma rainha, e a guerra não espera por ninguém, estar preparado para lutar em qualquer circunstância é a maior habilidade que um guerreiro pode ter, é isso que eu espero de você amanhã. – O loiro diz firmemente, o homem tem consciência que não está agindo de forma compreensiva, no entanto as informações que Kinvara lhe dera, o fez perceber que eles estavam ficando sem tempo, o inimigo nunca espera, nunca dorme, então ele tinha que levar Daenerys ao limite.
- Então você verá, agora se puder me dar lhe licença, há muitas coisas que preciso fazer ainda, como receber algumas parteiras para conversarmos sobre a reforma daquele lugar. – A platinada responde quase rudemente.
- Tudo bem, nos vemos amanhã. – Ele declara e recebe apenas um aceno frio antes da platinada deixá-lo sozinho na sala.
Henry solta um suspiro tenso, nem sempre é fácil ser quem ele é, algumas decisões são difíceis de tomar, no entanto, as vezes ele tem que fazer o que é melhor para todos, mesmo que essa decisão o faça parecer um babaca, se Daenerys estava chateada, agora ele não queria nem imaginar quando ela visse quem seria o convidado especial para assistir seu desafio, o loiro só esperava que ainda assim a Targaryen vencesse, eles estavam ficando sem tempo, também haviam pequenos sussurros se espalhando em volta de Solar sobre ela não ser quem ele esperam, Daenerys teria que provar amanhã que todos estavam errados.

- Essa é uma cidade realmente muito bonita, ainda não entendo como eles conseguiram se manter a sombra do mundo por tanto tempo. – Sor Davos comenta com a garota Stark que havia tirado um tempo para lhes mostrar um pouco da cidade.
- Eles são discretos, também acreditam que o senhor da Luz os ajudou. – A garota responde dando um pequeno olhar na direção do irmão que parece bastante pensativo.
- Melisandre costumava dizer que Stannis era o príncipe prometido, depois disso ela disse o mesmo sobre seu irmão, e agora as pessoas deram a Daenerys Targaryen esse título, e se eles estiverem errados? – Sor Davos questiona com preocupação, essa cidade estava repleta de seguidores da luz, e por sua experiência, esse tipo de pessoas não eram muito confiáveis.
- Lucius disse que Melisandre sempre soube quem Daenerys era, no entanto,  o mundo sempre procurou por um príncipe, nunca uma princesa, ela trouxe os dragões de pedras a vida, eles precisavam tirar a atenção dela, então Stannis foi o primeiro, Jon foi trazido de volta a vida e também era um candidato perfeito, no entanto, apesar dos esforços, o corvo logo percebeu quem ela era antes mesmo de conhecê-la. – Arya explica finalmente ganhando a atenção de Jon.
- Lucius conheceu Melisandre? Como? – Jon questiona curioso sobre o homem que vive com sua família.
- Ele a conhece basicamente desde que foi ela que o pariu. – Arya diz fazendo Sor Davos abrir a boca surpreso, Melisandre nunca comentou sobre um filho em todo seu tempo juntos.
- Ele não teve muito contato com ela, desde que Melisandre o largou praticamente na rua, reaparecendo apenas quando achava necessário, a última vez que a viu ela ,disse que ele deveria retornar a Solar pois Daenerys precisaria dele. – Arya revela deixando os dois homens cada vez mais surpresos. Davos então decidiu que faria alguns questionamentos ao filho de Melisandre quando o encontrasse, ele ainda sonhava com a transformação horripilante da mulher antes de morrer, talvez o jovem tivesse algumas respostas.
Jon franziu o cenho, se isso era verdade, significava que Melisandre sabia do que aconteceria com Daenerys, então porque ela não os alertou? Porque não os avisou sobre o monstro que seu irmão se transformou?
- Porque ela não disse algo quando esteve em Winterfell? – O moreno questiona.
- O senhor da luz tem caminhos estranhos, seus servos só podem interferir quando extremamente necessário, é só isso que elas dizem, nós também nos perguntamos isso muitas vezes, essa é a única resposta que elas nos dão, ou então, afirmam que tudo que acontece é como estão destinadas acontecer. – Arya responde, a garota Stark tinha se perguntando o mesmo tantas vezes.
- Então você é uma seguidora do senhor da luz agora? – Sor Davos questionou a garota Stark, enquanto Jon ainda estava pensativo sobre a descoberta que o homem que vivia ao lado de Daenerys era filho da mulher que o trouxe de volta vida, isso trouxe muitas perguntas em sua mente e pequenas desconfianças também.
- O único Deus que eu sirvo é o deus da morte Sor Davos - Arya responde puxando agulha de sua cintura.
- No entanto os servos do Deus Vermelho dizem muitas verdades, muitas mentiras também, cabe a nós descobrimos qual é qual, Daenerys é quem eles dizem ser, isso é o que eu acredito, obviamente o corvo também, se não por que outra razão ele teria trabalhado tão duro para derruba-la? – Arya questiona e Sor Davos é obrigado a concordar com a cabeça antes de soltar um suspiro pesado, o velho homem gostaria de acreditar que Jon e Daenerys poderiam finalmente encontrar a paz juntos ou até mesmo separados, no entanto o destino, o senhor da luz, o próprio corvo, pareciam ter planos diferentes para eles.
- Senhorita Stark o conselho chefe deseja vê-la. – Um homem trajado com uma armadura negra diz.
- De que assunto se trata? - A Stark indaga ao homem.
- O conselheiro não informou senhorita, no entanto pediu que a senhorita fosse encontrá-lo imediatamente no campo de treinamento. - O soldado fala antes de sair, no entanto, Jon percebe olhar de desprezo em seu rosto quando seus olhos se cruzaram. Ele não se importa, não quando ele recebeu muitos desses olhares crescendo como um bastardo em Winterfell, obviamente ele teria muito disso por aqui, pelo que fez a Daenerys, a princesa prometida deles, no entanto, no momento ele só se importa com os olhares amorosos do seu filho, a quem estava ansioso pra ver novamente, e a mãe dele também é claro.
- Eu vou ver o que Henry quer, vejo vocês no jantar. – Arya anuncia, sua mente girando sobre o assunto que Henry teria para tratar com ela com tanta urgência.
- Sobre o jantar, eu gostaria de levar Ghost comigo para mostrá-lo a Duncan, você acha que é uma boa ideia? – Jon questiona, embora ele se sinta ansioso para apresentar seu lobo gigante ao seu filho, também não desejava arrumar algum tipo de problema com a Targaryen, não mais do que eles tinham.
- Acho que tudo bem, só o alimente antes, o jantar vai ser algum tipo de peixe, até logo. – Arya diz se despedindo antes de seguir em direção ao pátio de treinamento, então vê a tenda de Henry e entra sem pedir licença, encontrado apenas Lucius sentando em um banco.
- O que você está fazendo aqui? – A garota questiona e ele sorri mostrando seus dentes brancos.
- Henry me convocou, algum assunto urgente do qual eu não tenho a menor ideia do que se trata. E você? – Lucius Pergunta enquanto Arya senta numa cadeira ao seu lado.
- Henry também me convocou. – Responde simplesmente.
- Então não é sexo, meu amigo não é chegado a trios. – Lucius brinca e Arya soca o braço dele com força.
- Ai, pelo visto você também não né. – Diz esfregando o lugar onde a garota bateu.
- Bom dia. – Henry diz entrando na tenda se sentando numa cadeira que o separava dos outros dois por uma grande mesa de madeira.
- Então do que se trata isso aqui? – Arya pergunta gesticulando para Lucius e ela com a mão.
- Daenerys vai realizar o desafio amanhã depois do almoço, achei melhor eu mesmo informá-los. – Henry decreta arrancando uma risada da garota Stark.
- Você pode falar sério, agora eu não tenho tempo para esse tipo de brincadeira. – Arya diz olhando com seriedade.
- Eu estou falando sério. - Henry diz seriamente, suas palavras fazem Lucius se levantar revoltado.
- Isso é loucura, ela não está pronta. – Diz encarando o amigo.
- É o que vamos descobrir amanhã. – Henry diz tranquilamente, ignorando os olhares furiosos sobre si.
- Quando você decidiu isso? – Arya perguntou, uma vez que estiveram juntos há pouco horas e o homem não havia comentado nada com ela.
- Logo que o dia raiou, Kinvara me procurou e decidimos que adiamos demais o desafio de Daenerys, então resolvemos realizá-lo a amanhã. - O loiro explica.
- Ela ainda está abalada com tudo aconteceu, dê a Storm apenas mais alguns dias. – Lucius pede ao homem que acompanhou de perto o treinamento da Targaryen, sabia o quanto ela havia  evoluído rapidamente, na verdade, Daenerys tinha um talento natural para o uso da espada, no entanto, tinha um grande problema em controlar suas emoções, foi isso que a fez não conseguir completar o último desafio, e agora não havia um momento pior para eles tentarem de novo.
- O desafio será amanhã, não existe momento melhor do que esse para testa-la em batalha, quando o corvo vir até nós ela precisa estar pronta, ou vocês acham que ele vai esperar que ela cure seu coração partido antes de atacar? Se Daenerys não aprender a dominar suas emoções, nenhum treinamento com espada, lanças, chicotes, flechas vão salva-la, então ela realizará o desafio amanhã, se ela falhar faremos de novo e de novo, não há mais tempo para erros.- Henry declara seriamente, seus olhos azuis sombrios fazendo a garota Stark perceber que havia algo muito errado.
- Sobre o que mais você e Kinvara conversaram? – Arya questiona a seu amante.
- Vocês não podem contar a Daenerys ainda, não até a realização da festa do fogo. – Henry diz antes de soltar um suspiro cansado.
- O corvo enviou homens para caçar o seu irmão, Kinvara acredita que ele já sabe sobre Daenerys. – O loiro anuncia fazendo com que os dois caíssem sentados de volta aos seus lugares, apenas uma coisa passando em suas mentes, os ventos de inverno haviam começado a soprar em sua direção.

Daenerys observou Arya e Lucius colocarem a louça na mesa em silêncio, o que era bastante esquisito, talvez eles estivessem preocupados que ela falhasse novamente no desafio, foi o que a platinada concluiu enquanto terminava de pentear os cabelos do filho, Duncan estava extremamente agitado naquele dia, ansioso para ver o pai novamente, ela amava ver o filho tão feliz, no entanto, odiava o motivo de sua felicidade.
Daenerys foi tirada de seus pensamentos por uma batida na porta, Duncan saiu em disparada para abri-la, a platinada abandonou a escova em cima de uma mesa de madeira, tomando duas respirações profundas obrigou suas pernas a se movimentarem em direção a sala, sendo seguida por Lucius e Arya.
A primeira coisa que Jon viu quando a porta se abriu foi um garotinho de cabelos platinados saltando em seus braços, ele sorriu agarrando o filho e o apertando em seus braços.
- Eu senti saudade Kepa. - O menino anuncia com os braços envolta do seu pescoço, ter o filho em seus braços enche o homem de alegria, sentimento esse que Jon Snow imaginava nunca voltar a sentir.
- Eu também senti sua falta filho. – Jon Responde com sinceridade, a única coisa que ele conseguiu pensar nas últimas horas fora no garotinho e sua linda mãe. 
Seus olhos foram imediatamente atraídos na direção dela, ele sentiu o ar lhe faltar com a visão da mulher em pé, a alguns passos da porta, Daenerys usava um vestido negro de tecido fino com um pequeno decote v que lhe dava um pequeno vislumbre da pele alva de seus seios, além de pequenas aberturas laterais que iam do ombro até altura da cintura.
- Munē o Kepa trouxe o lobo dele. – Duncan diz animado notando a presença do lobo no meio dos dois homens que acompanhavam seu pai, no entanto, antes que Jon pudesse colocar o menino no chão o lobo invade a sala correndo em direção a platinada, fungando e gemendo quando fica de frente a ela.
- Ei garoto, já faz um tempo, não é? – Daenerys diz ao lobo enquanto mexe carinhosamente em sua cabeça, Ghost e ela haviam tido uma conexão especial em sua breve passagem em Winterfell, o lobo de Jon parecia ter caído por ela tão rápido como seu dono, quando Jon anunciou que o deixaria no Norte devido ao clima inadequado do sol, a platinada havia ficado um pouco decepcionada, Ghost a lambeu arrancando pequenas gargalhadas da mulher, quando ela se ajoelhou para acaricia-lo atrás de sua orelha boa.
- Ghost sempre foi um companheiro feroz, praticamente selvagem, no entanto, ele sempre se comportou como um filhote de cachorro em torno de sua mãe. – Jon explica para o filho, que não consegue parar de olhar para o lobo gigante interagindo com sua mãe no meio da sala.
- Duncan venha até aqui. – Daenerys chama depois que Jon finalmente o coloca sobre o chão, o menino anda com cuidado até sua direção, sua mãe o incentiva a fazer carinho no animal.
O menino acaricia o pescoço do lobo que vira lambendo o seu rosto.
- Ecaa. – O menino diz se afastando, arrancando risadas dos adultos presentes, então Ghost se aproxima novamente dele balançando sua mão em direção a sua cabeça.
- Ele gostou de você. – Jon diz se abaixando próximo a eles.
- Ele é tão peludo, macio. – O garotinho diz abraçando o lobo com seus bracinhos. Jon desviou olhar do filho para observar a mãe dele, que tinha seus olhos azuis brilhantes enquanto observa o filho ao lado de Ghost, um pequeno sorriso em seus lábios. O sorriso dela ainda que não endereçado a ele, fez seu coração bater mais forte, no entanto quando a platinada notou seu olhar sobre ela, seu sorriso desapareceu.
- Sejam bem-vindos a nossa casa, para sorte de vocês, hoje não era o dia de Arya preparar o Jantar, Lucius preparou um peixe delicioso para a nossa refeição, Arya os acompanhe até a mesa de jantar, eu vou pegar algo na cozinha para Ghost. – Daenerys diz tentando ser mais educada possível e desesperada para mais um tempo sozinha, o jeito que Jon a estava olhando desde o momento em ele entrou em sua casa mexeu com suas emoções, a olhando como se ela fosse a coisa mais linda em todo mundo, como ele ousa? A platinada pensa enquanto encara seus olhos escuros.
- Não é necessário, eu o alimentei antes de sairmos da casa de Henry. – Jon explica, então o lobo dá um grande latido seguido por alguns fungados.
- Acho que Ghost tem uma opinião diferente da sua, você continua o mesmo não é garoto. – Daenerys afirma acariciando seu pelo branco com as pontas dos dedos.
- Você sempre o deixando o mal-acostumado, não é. – Jon provoca e ela gira os olhos.
- Seus Kepa sempre teve inveja, porque seu lobo sempre preferiu a mim do que a ele. – Daenerys sussurra contra ouvido do filho o fazendo rir de seu comentário. Jon não pode conter o próprio sorriso ao ouvir suas palavras, talvez esse jantar não fosse ser tão difícil o quanto ele imaginou.
- Eu volto logo Ghost. – Daenerys diz antes de deixar a sala, seu único pensamento era dar o melhor de si nesse jantar, Duncan merecia todo seu esforço.

Próximo capítulo
- Ela sofreu? Eu espero que sim. – Daenerys diz ao homem a sua frente.
- Não tanto quanto merecia, mas sim. – Ele responde.
- Bom, ao menos você matou a rainha certa dessa vez.


notas:
Voltei a história vai começar a ser mais lenta agora sinto que corri um pouco e agora quero explorar as relações para mostrar como Arya e Henry, Daenerys e Arya etc, mais que isso quero mostrar a vocês também quem e Daenerys em Solar? Como funciona o trabalho dela como conselheira é basicamente sobre um pouco disso esse capítulo... Bom espero que tenham gostado.

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