Jacob Peter Gowy: The Fall of Icarus. | O vôo de Ícaro. (entre 1635 e 1637).
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ele era tudo que voava em sua tão plena majestade. um pássaro, uma folha ao vento, uma libélula, uma vespa, um besouro, uma joaninha, uma abelha, uma mariposa, uma borboleta... com suas imensas asas de cera.
elas cresciam de suas costas amorenadas e derretiam se prendendo assim na pele a qual já era bem demarcada de queimaduras e cicatrizes antigas demais até mesmo para mim que vós conto.
as suas lágrimas de dor provindas do peso das asas já não mais desciam por sua face, com o tempo, felizmente foi se acostumando com a dor dilacerante.
agora, as derramava por outras razões.
no firmamento, onde vagou por tantas primaveras, verões, outonos e invernos incontáveis que nem se lembrava mais. já viu tanto, mas talvez nem tudo.
não se considerava nada, nem mesmo tinha um nome real, de nascimento. porém, já lhe deram dois. ícaro e kim taehyung.
foram poucas as vezes que realmente viu seu próprio reflexo, seja na água, num espelho ou nos olhos de alguém. na verdade, a única vez que de fato se viu no olhar de algum outro ser foi nele.
taehyung se viu na lua.
nos olhos escuros e sempiternos de jeon jungkook.
e somente nos dele.
foi a primeira vez que a lua visitava o firmamento depois de se manter sempre afastada. o sol já havia feito uma visita breve e devastadora e suas consequências não foram nada agradáveis ao pobre taehyung, que o abalaram ao ponto de derreter e cair e cair e cair. quase queimado. foi nessa época em que ganhou seu primeiro nome, ícaro.
quando os pés descalços de jungkook encostaram no firmamento absolutamente todo o planeta sentiu.
os tremores e arrepios que varreram o kim por inteiro fez-o ir imediatamente para onde for que o jeon estivesse.
não eram apenas meros olhares, era muito mais que isso. era o mais astral e forte que seus corpos permitiam ou não, e fora de qualquer contexto existente. fora de qualquer sentido ou racionalidade. ultrapassava toda a realidade.
ao tocar seu rosto com a delicadeza de uma pétala que se desprendeu do galho e flutuava numa brisa morna ㅡ que tae nunca havia sentido antes por parte de ninguém e muito menos pelo sol ㅡ jungkook sorriu, deslizanto os dígitos banhados em prata por sua bochecha até a pinta na ponta de seu nariz. ele sabia, o desgraçado.
acho que jungkook sempre soube. na verdade, tenho certeza.
talvez por já prever o que aconteceria, seu sorriso havia sido tão triste e melancólico. e infelizmente taehyung só foi descobrir a tristeza de seu sorriso posteriormente.
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ícarus 🌙 taekook.
Fanfiction"onde kim taehyung tentava com todas as forças de seu ser alcançar à lua: os olhos ônix de jeon jungkook." capa by: @httpjimink