Herói ou Criminoso?

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   Cinco meses após ter me tornado o vigilante noturno, a polícia de Yellow Sun vem me procurando por motivos desconhecidos.
  Eles não confiam em mim. Devem me achar perigoso demais para a sociedade, ainda mais agora que super humanos foram descobertos.
  Recentemente eu furtei uma arma de fogo dos criminosos em um de meus atos heróicos. Não é grande coisa, mas é bem útil.
  Talvez eles pensem que estou fazendo o trabalho da polícia, mas não é verdade. Enfim, seja qual for o motivo eu não ligo... Meu dever é salvar pessoas e ninguém vai me impedir, porque EU sou o vigilante noturno!
  
   SEGUNDA-FEIRA:
   Em mais um dia normal no colégio Winchester, Steve e eu acordamos juntos. Estávamos sonolentos, mas retiramos nossas coisas dos armários e fomos para a sala de aula.
  Sra Peggy, professora de geometria, nos apresentou os novos alunos da universalidade. Não ficamos tão surpresos com a notícia, mas queríamos conhecer os tais estudantes.
- Estes são Barry Windows, Kevin Wheeler, Jason Wilson e Alícia Clark.- Ela apontou.
- [Que gata! Vou falar com ela, sem dúvidas.]- Steve sussurrou.
- [Nem viu a garota direito e já está com más intenções?]
- [É só amizade o que eu quero. Não estou mal intencionado.]
- [Ah, sim.]
- Vocês já podem se sentar, queridos. Fiquem a vontade!
  Alícia sentou-se ao lado de Kimberly, a garota considerada mais linda da universidade. Steve e eu estávamos sentados bem atrás.
  Barry e Jason pegaram os lugares vazios atrás da gente, e Kevin se sentou ao lado de Mike e Billy. Passado algumas horas, nós decidimos puxar conversa com a garota nova.
- Prazer, eu sou Steve Brenner.- Ele falava sem olhar diretamente pra ela.
- E eu sou Marty McFly.
- Seu sobrenome é Mcfly?
- Não, o meu verdadeiro sobrenome é Dixon. Mcfly é um apelido que me deram por causa do "De volta para o futuro".
- Legal - Ela sorriu.
- Você é de onde?
- Nova York.
- E você morava em qual parte da cidade?
- Brooklyn.
- Isso é sério?
- Sim...
- E por quê veio para Yellow Sun?
- Eu fui transferida.
- Nossa, e era legal morar lá?- Pareciam estar se dando bem.
- Até que sim, mas prefiro as cidades menores, entende?
- Entendo. Eu também me considero um tanto... Antissocial.
- Nem tanto assim. Senão não estaríamos conversando.
- Gostei de você.- Demos as mãos.
  A garota se sentiu desconfortável naquele momento, mas disfarçou.
  Alícia era meiga e inteligente, mas ainda parecia fechada e tímida com as pessoas. Mas eu era igual, então já pensavam que tinham algo em comum.
  Sentamos na mesa do refeitório para termos uma longa conversa. Nos dávamos bem, mas alguns ainda não se sentiam completamente a vontade.
- Podemos nos sentar com vocês?
- É claro.
- Eu sou Jason e esse é o Barry.- Ele apontou.
- Eu sou Steve e esse é o Marty.
- Mas podem me chamar de McFly.
- De onde vocês são?
- Viemos de Ocean.
- Eu já visitei essa cidade, é muito relaxante.
- Sim, eu surfava todos os dias.
- Queria que aqui fosse assim. Mas não é.
- Tem tantos criminosos assim?
- Com certeza.
  Jason parecia bem sincero com as pessoas, mas guardava segredos terríveis. L@bareda era o nome que usava para hackear informações importantes na internet.
  Não considerava isto um crime, mas querendo ou não, ainda assim era um criminoso virtual. Este era um segredo que levaria para o túmulo.
  Segundos depois, Mike e Billy chegaram acompanhados de Kevin, o aluno novo.
- Oi...- Bem tímido, os cumprimentou.
- Prazer Kevin, eu sou Steve e esse é o Marty
- Prazer em conhecer vocês dois.
  Kevin até gostava de fazer novas amizades, mas sempre procurou saber sobre os amigos que conhecia. Um dos passatempos prediletos era ler a bíblia.
  Não se considerava religioso, mas sua fé vinha sempre em primeiro lugar. Enfim, após feitas as apresentações continuamos conversando.
- Algum de vocês já viram esse tal de Vigilante?
- Não.
- Mas sabem por quê a polícia está atrás dele?
- Sei lá... Talvez não gostem dele! Não sei te responder.
- Eu não me conformo com isso. Ele é um super herói e não um criminoso! É tão difícil notar as diferenças!?- Tive que me pronunciar.
- Você tem toda razão, Marty.- Mike nem sempre concordava com tudo o que eu dizia.
- Obrigado, Mike.
- De qualquer forma, isso não é da nossa conta.- Ele olhava discretamente para Kimberly.
- Eu ouvi falar que ele tem uma arma.- Billy entrou no assunto.
- Sim, ele sempre rouba dos criminosos.
- Por quê?
- Para obter munição, eu acho.
- Deve ser por isso que a polícia está atrás dele.
- Não faz o menor sentido.
- Sinceramente, eu acho que ele é um vilão. Só está se fazendo de mocinho para enganar esse bando de trouxas.- Jason deu sua opinião.
  Fiquei tão indignado com aqueles comentários, que levantei de lá sem dizer mais nada para meus amigos.
- O que deu nele?
- Ele anda meio suspeito nesses últimos meses.
- Suspeito?- Algo dispertou a curiosidade de Jason.
  Caminhei em direção ao banheiro, e por sorte, ele estava vazio.
- Merda, todos acham que eu sou uma ameaça.- Fui pensando comigo mesmo.- Eu protejo as pessoas dos criminosos e não as machuco, mas... Quer saber, eu não ligo! Vou continuar sendo o vigilante mesmo que as pessoas não gostem.
- Tá tudo bem?- Um rapaz me questionou.
- Ah, é claro? De onde você veio!?
- Acabei de entrar.
- Não liga pra mim, eu só... Gosto de me olhar no espelho.
- Quem sou eu pra julgar, não é mesmo?
- Sim, sou viciado em espelhos.
- Seja quem você quiser ser.
- Exatamente...- Era o conselho que precisava para me animar.

  Assim que anoiteceu, peguei meu uniforme, tralhas e saí escondido mais uma vez. O Vigilante havia retornado às ruas de uma vez!
  Subi em cima de um hotel e reparei em uma viatura policial bem próximo dali. Com certeza estavam me procurando, então tive que pensar rapidamente em como lidar com aquela situação.
  Fui checar uns barulhos que ouvi na avenida e me deparei com seis homens mascarados entrando na prefeitura.
- Hora de agir.- Senti um frio na barriga.
  Estavam chamando atenção, mas não se importavam nem um pouco. Ouvi disparos de revólver vindo de lá de dentro. Os desgraçados faziam seguranças e funcionários de reféns.
- Dois de vocês venham comigo dialogar com o velhote, enquanto o resto fica de olho nesses putos!- Gargalhou.
- Pode deixar.
  Tive uma dúvida cruel entre correr atrás do prefeito ou salvar os reféns. Se salvasse o prefeito a polícia me deixaria de lado, porém, os reféns estavam mais ao meu alcance.
  Mais tiros vinham do andar de cima, onde George Reynolds se localizava. Pra minha sorte a polícia chegou. Foi um alívio, mas ao mesmo tempo não.
- [Merda, tenho que agir rápido antes que eles me vejam!]
  Rapidamente desliguei as luzes para surrar os bandidinhos um por um. Senti falta disto, a parte mais divertida do meu trabalho.
- Porra, o que aconteceu com a iluminação!?
- Deve ter tido um problema.
- Vai lá ver o que aconteceu!
- Tudo bem.
  Dei um sinal para os policiais escondidos permanecerem no lugar. Ainda bem que me deram ouvidos, mas não senti confiança em nenhum deles.
  Foi quando eu derrubei o primeiro cara, e depois os outros dois. Corri para o andar de cima atrás do prefeito Reynolds, que devia estar em apuros.
- Então, Prefeito... É hora de mudarmos algumas coisas nessa cidade miserável, não acha?
- Por favor, não me machuque. É dinheiro que vocês querem!?
- Não vamos machucar você, seu velhote.
- Vocês... Não vão?
- É claro.
- Não batemos em idosos.
- Sério?
- Sim, mas podemos mudar de ideia. Apenas colabore com a gente.
- Chefe!
- O que foi agora? Você sempre me interrompe, que inferno.
- Poderia se virar?
- O quê?
- As bonecas já acabaram?- Finalmente entrei na conversa.
- Quem é você?
- Os bandidos me conhecem como Vigilante.
- Já ouvimos falar de você.
- Então sabem que eu não costumo brincar em serviço.
- Nós também não. Você não mete medo em ninguém, cara.
- Atira logo nele, chefe.
- Não me diga o que fazer!
  Ele disparou, mas eu podia contar com a minha visão em câmera lenta. Me preparei para esquivar com estilo e ainda correr na direção dos três.
  Os criminosos não podiam contar com todas as minhas habilidades de super herói. Assim que o líder deles recompôs a consciência, viu seus homens caídos ao redor.
- Poupe minha vida, Vigilante...
- Relaxa, amigo. Não vou matar você.
- É sério? Que merda de herói.
- Não sou igual aos outros. No entanto, todos os que cruzam meu caminho se dão mal.
- Ah, é?- Ele riu.
- Não queria que terminasse assim, mas ok.
  Dei diversos socos na cara daquele desgraçado e em seguida, lhe eletrucutei até que desmaisse. Sr.Reynolds se assustou com a cena, mas permaneceu em silêncio.
- Está tudo bem?
- Eu pareço bem pra você!?
- Se eu disser que sim, eu estarei mentindo. Então não.
- Por favor, para de falar e me ajuda a levantar.
- Você quem manda!
- Obrigado.- Disse se recompondo.- Obrigado por tudo mesmo!
- De nada.
- Bom, eu preciso ir e alertar as autoridades.
- Eu também vou nessa.
- Espera!
- O que foi?
- Salvou a minha vida, Vigilante. Como posso te agradecer?
- Bem... Você podia conscientizar melhor os policiais a respeito de mim. Gostaria que a cidade confiasse no meu trabalho, pois eu sou um "super herói" e não um criminoso.
- Eu prometo você terá o merecido reconhecimento.
- Muito obrigado, Reynolds.
  Fui embora assim que os oficiais entraram. Porém, deixei um recado nas paredes: "Ainda acham que sou uma ameaça?".
  Já nos corredores da universidade Winchester, acabei dando de cara com a garota nova.
- Alícia?- Perguntei sem entender.- O que está fazendo aqui a essa hora da noite?
- Eu demoro pra pegar no sono. Tomar um ar me faz bem, me ajuda bastante. E você?
- Nada de mais. Eu só fui dar uma voltinha mesmo. É o tédio.
- Mas e essa roupa?
- Eu sinto muito frio... E o frio de certa forma, me faz mal.
- Entendi.- Ela o olhava de cima pra baixo.
- Acho que já vou indo. Uma boa noite pra você, novata.
- Boa noite, senhor Mcfly.
- Tchauzinho.
- Bons sonhos.
- Durma bem.
- Ok.
- Ok!- Dei as costas e fui para o meu quarto.
  Alícia se sentia péssima.
- Que droga! Como eu dou uma mancada dessas, meu Deus! Ninguém pode saber de nada...- Pensei sozinho.
  Troquei de roupa e fui dormir. Queria esquecer toda aquela pressão de super herói. As coisas andaram acontecendo tão... De repente.

  TERÇA-FEIRA:
  No dia seguinte a cidade inteira comentava sobre o ocorrido na noite passada. O Vigilante havia salvado o prefeito da forma mais heróica possível!
  Depois daquele dia não ouvi mais ninguém falando mal do Vigilante. A polícia decidiu parar com as buscas e finalmente eu poderei viver em paz na minha vida de super herói.

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