Mirror

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"Apenas uma vez eu gostaria de saber que sou suficiente."

O som do despertador parece alto demais em meus ouvidos. Ou talvez seja apenas o silêncio sepulcral dentro do quarto que o faça se propagar tão intensamente. Não importa, de qualquer maneira. Com a inspiração mais profunda que se pode tomar, tentei inspirar alguma coragem para levantar da cama. Parece mais difícil hoje do que os dias que já se passaram. O som de nada retorna depois que desligo o aparelho. Somente meus pensamentos são escutados agora, dentro da caixa de minha cabeça que deveria ficar calada e vazia pelo menos quando estou sonolento.

Com as solas no chão frio, mexo os dedos sentindo a temperatura. O pescoço pendendo para frente, os olhos fechados, deixo as palmas correrem pelos fios de cabelo. Sinto alguns nós ao longo do comprimento. Quando foi a última vez que me preocupei em penteá-lo? Posso dar um jeito nisso na hora do banho.

Quando chego ao banheiro o reflexo que vejo no espelho não é satisfatório. A pele branca demais, um pouco de olheiras pela noite não tão bem dormida. No pescoço pende o brasão da minha família em uma corrente — Uchiha. Cocei a nuca quando finalmente me dispus a entrar no box e ligar o chuveiro.

Estar de férias do trabalho foi a melhor coisa que me aconteceu nesses últimos dias. E hoje é apenas o terceiro dia de minha longa folga do serviço. O alarme tocando cedo é por conta da visita de alguém. Mesmo com todos os meus esforços, Naruto não sabe o que significa não, muito menos quero ficar sozinho ou um me deixa em paz. Não há motivos para a sua visita. Ele simplesmente disse que estava vindo, e não me deixou argumentar contra.

O conheço há alguns anos. O loiro alegre e desbocado entrou na empresa pouco depois de mim. A diferença é que trabalho no Setor de Contabilidade, enquanto o Uzumaki no RH; depois de nos encontrarmos algumas vezes nos corredores, e na estação do metrô, passamos a almoçar juntos no refeitório do prédio.

Não demorou muito depois que sentei na mesa para tomar café da manhã, para ouvir a campainha tocando. Arrastando os pés, fui devagar para a porta. Recebendo um brilhante sorriso quando a abri.

— Bom dia!

— Bom dia...

— Acordou agora?

— Estaria dormindo se você não viesse até aqui.

— Se eu não viesse, você passaria o dia todo na cama. — Passou por mim, trazia algumas sacolas. — Comprei algumas coisas para comermos. Não precisa cozinhar, vou pedir nosso almoço. Mas, caso não queira, posso ajudar a fazer.

— Não vai trabalhar?

— Houve um pequeno vazamento na cozinha do refeitório ontem. O prédio foi evacuado e hoje está tendo serviço para a verificação da segurança e todo aquele blábláblá. — Já estava na cozinha, quando o alcancei, ele desfazia os sacos que trouxe. — Inclusive, estou faminto. — parando de mexer no armário, olhou em minha direção, seus grandes olhos azuis tão intensos. — Como está hoje? — Dei de ombros. — Vamos, Sasuke, se esforce um pouco. Isso não é uma resposta.

— O de sempre.

O escutei suspirando, além de resmungar algo que não escutei, voltando para sua pequena atividade. Sentou em uma cadeira próximo a mim quando acabou, servindo-se de uma xícara de café, passando manteiga em uma torrada. Mantinha os olhos em meu rosto enquanto comia. Rolei os meus, lhe questionando o por quê.

— Estou pensando no que vamos fazer hoje. Estava pensando em ir no parque do shopping, o que acha?

— Estou bem em casa.

O Meu Reflexo no EspelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora