Capítulo 21

2.1K 156 7
                                    

PDV. Gil

Qualquer dia desse vou receber a notícia de que Cléo foi morta e eu não vou ficar surpreso.

A morena se coloca em cada situação só não morreu porque tem um anjo da guarda forte.

Se fosse eu já tinha morrido.

- Deu sorte moleque - obedeci as ordens de Cruel e trouxe o menino na padaria.

- Não sou um moleque - marrento.

- Qual é o seu nome?- por onde a gente passava a maioria das pessoas do morro olhava torto.

- Já passou fome tio?- respiro fundo.

- Já passei sim - todo mundo tem uma história triste e comigo não é diferente.

Não cresci aqui no morro sou de São Paulo em uma comunidade próxima a Paraisópolis, mais novo de 8 irmãos minha família vivia de ajuda dos vizinhos.

Entra no crime é fácil em qualquer lugar que você olhe tem alguém pronto pra te dar um emprego no tráfico.

Passei fome, dormir na rua e enterrei meus irmãos cada um deles até que sobrou só 3 irmãs.

- Ele iria me matar tio?- não tem o que explicar sobre Cruel.

- Eu não sei menino - Ele levanta a cabeça e sorrir pra mim.

Mesmo sujo e magro consigo ver seus olhos castanho escuro e um sorriso bonito apesar de maltratado com uma pele externamente branca.

O moleque é bonito.

- Qual é o seu nome?- ele olha pra baixo.

- Míriam mais todo me chama de Max - O moleque é uma menina?- Sou uma menina - isso vai dar problema.

- Míriam é um nome bonito - sorriu pra ela.

Entramos na padaria e fiquei olhando ela devorar tudo que dona Rita oferecia, deixei ela lá dentro e fui passar o rádio pra Cruel.

Sei que ele pode até mudar de idéia mais ele precisa da verdade.

- Fala Gil - pela sua voz ele já estava sem paciência.

- Sabe o moleque?- respiro fundo - Né moleque não chefe. - A linha fica muda.

- Como assim porra o moleque né moleque explica essa porra Gil - Tá vendo sempre sobra pra mim.

- O moleque se chama Mirian - escuto sua respiração.

- Trás aqui quero desenrola essa fita - Ele desliga na minha cara.

Quando volto pra padaria o moleque tinha sumido.

- Dona Rita cada o menino que estava aqui?- ela olha pra padaria e depois pra mim.

- Menino tá aqui nesse estante - merda.

Decidi passar a mensagem pra Cruel.

O menino fugiu.

Não demorou muito e vejo os vapores descendo armados, disk droga tava passando na porta da padaria.

- Fala aí Disk droga o que tá rolando?- guardo o celular e vou acompanhado ele.

- Sei lá viado o chefe passou o rádio e disse que a filha dele sumiu - Cruel não tem filho muito menos uma menina.

- Que fita estranha - nunca fui muito de rezar mais dessa vez tô apelando pra que Cléo não seja a premiada.

Uma noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora