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Oito horas....
Já era oito horas da manhã quando o Max finalmente chegou, e nessa altura do campeonato minha ansiedade já havia tomado conta de todo o meu ser, quer dizer, hoje eu vou ver novamente o meu irmão mais velho, e saber que ele anda me espionando e me obrigando a fazer coisas que ele quer é extremamente irritante. As vezes eu acho que ele ainda pensa que eu sou aquela criança que esta começando a aprender à se defender sozinho e que ainda precisa de proteção, mas eu não o culpo, sei melhor do que ninguém pelo que ele passou no passado em relação aos nossos pais e a máfia, sei das dificuldades que ele enfrentou e é por isso que eu tenho uma forte admiração por ele.
Suas escolhas, seus passos, suas ordens, tudo isso fizeram a Dragão chegar onde ela chegou hoje,e em termos de inteligência, estratégia, experiência e até mesmo em força física, ele consegue superar o Ash em todos os melhores atributos do loiro, e é por isso que o Golzine ficava à mercê do meu irmão e não o contrário como acontecia com o Ash.
Mas nem tudo é perfeito, e meu irmão passa bem longe da perfeição. Os anos de sofrimento o transformaram em uma pessoa fria e calculista, seu semblante nunca demonstra felicidade e seu ego já está tão alto que me faz repensar o motivo da minha liderança, tendo em vista que ele ainda está apto para comandar, mas essas coisas devem ser deixadas de lado por um momento, já que nenhuma delas tem uma resposta que de fato faça sentido.

- você está bem? - a voz que me tira dos meus pensamentos é tão doce e angelical quanto o seu dono de cabelos loiros.

- Sim, só estava pensando.- respondo com um sorriso fraco.

- odeio interromper mas, nós já chegamos. - interrompe o mais velho já saindo do carro.

Sair do carro e olhar para aquela mansão me trouxe uma nostalgia da minha infância, que por um simples momento senti meus olhos arderem e as lágrimas começarem a se formar.

Na entrada fomos recebidos pelo mordomo e levados diretamente para o escritório do meu irmão, eu realmente agradeci imensamente por isso, já que não queria ficar ali por muito tempo, a nostalgia não é o suficiente quando se tem medo envonvido na história.

- não precisa ter medo de mim, agora você já é um líder e eu tenho que te respeitar. - diz o meu irmão assim que entramos em seu escritório.

- eu não estou com medo de você. - a minha resposta foi sincera pois eu realmente não estava sentindo medo dele, medo da superioridade que ele tinha.

- se é assim, meu advogado irá conversar com os seus amigos na sala de reuniões, enquanto você e eu resolvemos alguns assuntos.

Quando olhei de relance para trás, percebi que nem o Max e muito menos o Ash pretendiam sair daquela sala, mas eu fiz um sinal para que ambos fossem e que eu iria ficar bem, não vou mentir e dizer que eles saíram numa boa porque o Ash foi o que mais deu trabalho para sair.

- agora que eles já foram, podemos prosseguir com a reunião. - sua voz volta a chamar a minha atenção, que no momento estava direcionada para a porta pela qual os dois haviam saído.

- vamos direto ao Ponto por favor. - digo após me sentar em uma poltrona à sua frente.

- como quiser... Resumindo, eu te chamei aqui porque todo o território da família ainda está no meu nome.

- eu não me importo, a hierarquia da família e toda a sua tradição já foi concluída com aquela ritual da época dos samurais não é!? - o tom de ironia é arrogância na minha voz é evidente e o olhar curioso do meu irmão me deixou intrigado.

- não desrespeite tanto a tradição da nossa família Eiji, você sabe que isso era importante para os nossos pais.

- ....

- Mas já que para você, ter os patrimônios da família não significam nada, eu continuo com eles até que você mude de ideia.

- tudo bem. - respondo indiferente.

- outra questão é o seu status.

- eu já estou na faculdade...

- não é isso que eu quis dizer, mas já que tocou no assunto, queria te dizer que você não precisa ir na escola de artes marciais.

- você fala daquela que você fundou? - seu olhar se encontra com o meu e suas mãos ascendem um charuto que em poucos segundos já está entre os seus lábios.

-não seja irônico, eu só queria saber se você saberia se virar em uma situação como essa. - revela após soltar a fumaça acumulada, uma fumaça com um cheiro nostálgico de menta, o favorito de nosso pai.

- será que dá para explicar? - o tom de raiva não estava presente como eu queria que estivesse, o cheiro da fumaça do charuto estava me acalmando bem mais do que eu gostaria.

- você tem que saber Eiji, que você não é obrigado a fazer nada que não queira, independente se foi eu quem mandou ou não, no fundo você sabe que eu não sou o vilão da história.

- ta me dizendo que eu não precisava.... - não consigo terminar minha frase pois ele me interrompe.

- você não precisa, mas vai fazer aulas de artes marciais na sua casa sobre a minha supervisão, ou seja, você não tem escolha.

- isso eu entendi, mas oque você quis dizer com "casa"?

- Você vai se mudar novamente, para uma casa dessa vez, as suas aulas na faculdade também iram mudar, você só irá fazer as matéria que tem dificuldade e que são relevantes para o seu sucesso como líder.

- tá. - não sei porque concordei com isso, mas gostei de ver esse lado sério do meu irmão predominar sobre o seu lado egoísta durante a nossa conversa.

- e agora voltando para a sua falta de status.... Você sabe que pode ter quantos amantes quiser e pode até assumir eles porque nossa família segue uma doutrina grega, mas mesmo assim, você vai ter que se casar com uma mulher para ter herdeiros e status.

- eu sei disso, não precisa me lembrar.- embora eu quisesse negar, sabia que meu irmão tinha razão.

- agora eu quero que você me diga as mudanças que quer fazer.

- pra começo de conversa eu quero o Ash como meu asessor pessoal, você como meu instrutor e o Shorter como chefe de um Esquadrão especial, tambem quero ver pessoalmente todos os chefes de cada esquadrão, um por um.

- quando você planeja fazer isso?

- vou decidir isso mais tarde, além da viagem com a faculdade eu ainda tenho que ver o carregamento que chegou.

- ok!

Me levanto da poltrona onde estava sentado e me dirijo a porta, mas antes de sair. . .

- Se quiser que eu pare de te tratar como criança, terá que crescer e parar de ser ingênuo.

Não sei o motivo ao certo, mas sai daquela sala em silêncio, sem dizer uma mísera palavra . De fato, um dos meu maiores defeitos sempre foi a minha ingenuidade em relação ao mundo, uma prova disso foi achar que vindo para cá eu estaria resolvendo todos os problemas do Ash e do Shorter, mas no fundo eu sabia que fazendo isso só estaria adiando o inevitável.

E embora eles soubessem que era uma ideia louca, e que ela poderia até mesmo levar a nossa morte, eles preferiram vir comigo.

Chega a ser meio irônico isso, mas o nosso relacionamento se tornou tão forte em tão pouco tempo.

Será que foi obra do destino?....

lovers!  ( EM HIATUS ) Onde histórias criam vida. Descubra agora