Reencontros

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Jung Hoseok - Quinta-feira. 05:20am

Senti a linha de suor descer por minha testa e correr por toda minha face antes de cair da mesma. Mesmo que o exercício praticado me fizesse cansar, eu já estava acostumado com aquele ritmo. Me exercitar era meu hobby favorito, e eu fazia questão de praticar todos os dias. Naquele momento, a vidraça da minha sala, ainda destacava o céu escuro. Mas sem nenhuma estrela, e ao longe do horizonte, a luz do dia se erguia. Eu acordava 4:40 todos os dias em que tinha a oportunidade de dormir em minha própria casa. Tomava um breve e saudável café da manhã, e logo me exercitava como preparação para o longo dia que vinha adiante.

Um arfar escapou dos meus lábios ao ritmo que movia meu corpo naquela breve sessão de abdominais. O suor grudava em meu corpo, mas naquele instante não era incomodo. Minha sala era basicamente vazia, com espaço suficiente para que eu me exercitasse ali mesmo. A certeza que eu tinha, era que havia adquirido um grande apartamento para uma só pessoa. Três quartos com suíte, uma sala com vidraça enorme que dava vista para nossa deslumbrante cidade, uma cozinha magnífica e até mesmo um escritório. Coisas demais para reger sozinho. Coisas além do que eu necessitava. Coisas que eu não abria mão. Coisas que eu havia adquirido almejando dividir com outro alguém que a certo ponto, parecia inexistente.

O som do despertador soou pelo lugar, alertando que era hora de parar. Respiro várias vezes, para chegar a um ritmo regular antes de me levantar, pegando minha toalha que repousava na mesa de centro. Passo no rosto, antes de a jogar em cima do ombro e seguir para as enormes janelas, apoiando o braço em uma delas e colocando a cabeça no braço observando o nascer do sol finalmente se erguer. Sorrio fraco, admirando a graciosidade da mãe natureza. Era um novo dia a partir dali, e como minha meta rotineira, almejava aproveitar o máximo.

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Uma última olhada no espelho, arrumando o cabelo antes de jogar a mochila de couro nos ombros. A blusa social branca em contraste com a calça preta da mesma linha. Uma das maiores razões para qual eu havia feito questão de reduzir boa parte das minhas economias naquele apartamento, fora o fato de que em cerca de 5 minutos eu estava em frente ao hospital. Isso a pé. Meu carro basicamente mofava dentro da garagem do prédio, eu praticamente não o utilizava, pois não havia necessidade.

Adentrei as portas do HCS com um sorriso. Transmitir tranquilidade. Era uma das minhas doutrinas de vida. Um ser tranquilo, certamente traria calmaria para o ambiente. Eu era cirurgião, pessoas se deitavam em minha mesa sem a certeza de que voltariam vivas ou não, eu me sentia na obrigação de transparecer para elas que a primeira opção sempre prevaleceria. Era como eu havia dito a Jimin. Meu trabalhado era feito à base de confiança, lábia e talento no que eu fazia. E eu tinha todos os três requisitos de sobra.

No elevador, foi quando recebi o primeiro indício de que havia algo errado. Não pela primeira vez na vida, mas não era comum, eu receber aquele tipo de atenção. Cochichos. Uma pessoa tentando disfarçar - e muito mal diga-se de passagem - que estava falando de mim. Ora, rumores eram algo totalmente normal no meu ambiente de trabalho devido ao fato de que meus subordinados esqueciam que passaram anos na faculdade, estudando tudo a respeito do corpo humano e afins para chegar aqui e exercer a função de jornalista com tanto empenho. Chegava ser cômico. Se não fosse trágico. O último boato a respeito de mim, era sobre eu estar me envolvendo com um interno. Eu ignorei totalmente, além de não dar indícios de que era verdade. Com o tempo, o assunto sumiu. Mas isso não quer dizer que era mentira, afinal.

As portas do elevador se abriram e eu segui ignorando todos a minha volta, isso à primeira impressão. Eu era atento o bastante para captar os olhares direcionados a mim com calma e serenidade o bastante para parecer não estar percebendo. Meu primeiro destino fora o vestiário, e mesmo que envolto em uma equipe elevada, os olhares continuaram. Eu estava encabulado. O que haviam dito dessa vez? Estava todos tão fissurados naquilo, que eu se quer imaginava o que poderia ser. Continuei a fingir não estar notando aquela mudança de ares, não me apressando ou algo do tipo para me trocar, e quando já estava com meu cordial jaleco de trabalho, segui para o posto de enfermeiras, para começar meu dia de trabalho.

Beating Again • Pjm × JjkOnde histórias criam vida. Descubra agora