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  Uma luz forte atrapalha minha visão quando abro meus olhos inchados e exaustos. Uma cama pequena branca me conforta em um pequeno cômodo, o som do monitor cardíaco ressoa na sala, abafando o barulho externo da movimentação.

  A porta se abre rapidamente fazendo com que todas as vozes e passos apressados adentrem a sala junto da mulher elegante com uma aparência saudável, totalmente ao contrário da minha, que se encontrava indisposta e pálida.

  -Querida!- Fecha a porta e vem até mim com uma expressão assustada- Você está bem?- Analisa meu rosto com cuidado.

  -Sim- Meus lábios ressecados se abrem pela primeira vez em muito tempo- O que aconteceu? Porque estou aqui?- Olho para a desconhecida tentando me lembrar de algo, o que foi em vão.

  -Você acabou tendo um acidente, seus pais estão na sala, quer os ver?- Pergunta dando um sorriso triste.

  -Qual o meu nome?- Ela me olha como se já esperasse isso, ignorando completamente sua pergunta de antes.

  -Eunji.

  Depois de um tempo raciocinando, tentando assimilar meu nome com a minha mente, apenas aceito, se ela diz Eunji, então é Eunji.

  -Quero ver meus pais.

  -Venha, querida- Ela pega em minha mão me ajudando a levantar.

  Com dificuldade me levanto e me debruço em seu ombro, saindo do quarto.

  Encontro meus pais sentados em um banco em frente ao cômodo com uma expressão séria. No outro banco, um homem com uma expressão exausta de terno social e gravata.

  -Minha filha!- A mulher corre até meus braços me fazendo dar alguns passos para trás pela fraqueza- Você está bem?- Pergunta preocupadas.

  -Sim- Digo simplista, não entendia o que estava acontecendo- O que houve? Por que estou aqui?

  -Você sofreu um acidente de avião- Diz meu pai andando até nós com um sorriso- Você perdeu suas memórias mas ainda consegue se lembrar de nós, não é?

  -Não...- Abaixo minha cabeça.

  Um silêncio perturbador se instala na conversa, apenas escuto os passos e gritos desesperados das pessoas que aguardavam inseguros do que pode acontecer com seus amados. Não me fazia bem aquele ambiente, definitivamente hospitais não eram o meu forte, mas são eles que nos salvam da dor maior.

  -Está tudo bem- Me conforta em um abraço demorado- Meu nome é Seulgi- Se afasta e abre um sorriso.

  -O meu é Hyuk.

  -O meu é Eunji, Não é?

  Eles se entreolham.

  -Sim.

  Vejo um garoto pálido de cabelos pretos sair do quarto ao lado, ele parecia estar no mesmo estado que eu, talvez também tenha sofrido um acidente.

  -Até que enfim!- Diz o homem de terno sendo totalmente arrogante.

  -Appa...- O garoto fala em um tom baixo, se apoiando no médico.

  -Vamos embora.- Olha pra a desconhecida que me ajudara, ela não tirava os olhos do menino pálido.

  -Vamos...-Responde o homem arrogante- Estou indo, se cuide.- Ela me entrega um cartãozinho com seu número de telefone e segue rumo até a saída do hospital.

  O garoto olha em meus olhos antes de sair com seus pais.

  Uma dor de cabeça se instala criando chiados em minha mente me fazendo tampar os ouvidos numa tentativa de afastar o barulho.

  Desabo quando o barulho aumenta. Resmungos e gritos saem instintivamente tentando contrair o máximo possível minhas mãos contra minha orelha.

  O garoto saindo do hospital foi a última imagem que vi em minha frente antes de tudo escurecer completamente.

the last memoryOnde histórias criam vida. Descubra agora