7. passos arriscados

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A porta do elevador abre, e saímos no corredor, abafado e seco ao ponto de permitir ouvirmos nossas próprias pisadas e até uma colher que caia nos demais apartamentos.

- Cara eu não deixaria meu amigo levar ninguém no meu apartamento. - falo lembrando do amigo dele que praticamente da o apartamento pra ele, ele rir tirando a chave do bolso da calça e abre a porta me olhando e balançando a cabeça negativamente.
Mas que pessoa faz isso? Sai e deixa a casa virar hotel prós amigos?

- Isso já é mas meu que dele. Eu pago luz, água , condomínio... - ele joga as chaves em cima da mesa e tira a blusa jogando sobre a cadeira, fecho a porta atrás de mim e me escoro nela observando ele, corpo branco sem nenhuma mancha, até os sinais dele são claros, nenhum fio de cabelo nos peitos, ele gira sobre seus calcanhares e solta um suspiro fundo como se fosse toda a sua energia de olhos fechados.

- Tudo bem, eu tô brincando - falo baixo ainda olhando pra ele, quando temos certezas de sentimentos ? E como faz pra cancelar .

- Eu sei - ele abre apenas um olho e fica me olhando, reviro os olhos e vou até os armários numa tentativa vã de ter algo pra comer. - Mas eu não faço mercantil.

- Tu mora com tua mãe né? - olho pra ele me virando rápido, demostrando que chegar aqui e não encontrar o que comer é realmente ruim .

- Não , eu moro só!

- Porque não compra nada pra cá ? Cara, eu sinto fome.

- Tá falando com muita propriedade do ambiente - ele debocha da minha cara e senta no sofá, fico olhando pra ele com os olhos cerrados pondo todo o peso do meu corpo sobre uma só perna, ele deveria ser meu, porque se fosse meu ele traria comida pra dentro desta casa.

- Eu quero comer Alex. Eu preciso de algo que não seja uma quentinha eu preciso de algo embalado que eu abra, tenha um cheiro de queijo pobre e fique empreguinado no ambiente e suje meus dedos, e... - Solto o ar dos meus pulmões e olho pra cima com as mãos na cintura, eu estou tendo um surto sem necessidade. Começo a rir discretamente e olho pra ele que está me olhando com as sombrancelhas erguidas e um sorriso no canto da boca. - Tô surtando.

- Se acalma cara, a gente pode sair, pode ir no mercantil - olho rapidamente olhando pra ele , e imagino a gente esbarrando com alguém conhecido no mercantil - melhor não.

- Você precisa resolver isso. Sério!

- Cobranças? Sério isso?

- Ah, vai pro inferno!

Saiu indo em direção ao sofá também e me sento ao lado dele pondo minhas pernas em cima das dele e as cruzo e fico balançando, ele fica olhando minhas pernas e se encosta no sofá acomodando-se e fica olhando pra cima. Seus olhos são negros , grafites , sua pele branca é tão delicada que chega a ser avermelhada.

- Eu tô passando por problemas - falo aleatória

- Deveria tentar falar sobre isso.

- Eu briguei com o Paulo, e dessa vez parece que estou sem ele.

- Por isso me ligou? - ele me olha e eu confirmo com a cabeça. - O que foi esses arranhões no seu pescoço?

- nada - Ponho a mão no pescoço cobrindo e lembro de mas cedo. - Só queria que tudo passasse.

- Não desiste do teu amigo poxa.

- Vou conversar sobre o assunto por dois minutos com você. Depois eu paro e fingimos que nada aconteceu.

- Vai em frente.

- Ele está conhecendo uma garota, até aí tudo bem. Até acho que eles combinem. Mas depôs que ele começou a sair com ela, ele me isola e me destrata na frente dela. Ele foi lá em casa hoje e pediu que eu não fosse amanhã pro aniversário dele. Eu nunca perdi um aniversário dele, e ele jamais fez tamanha desfeita comigo.

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