parte um

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O suave doce do chá de capim cidreira desce lentamente pela minha garganta

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O suave doce do chá de capim cidreira desce lentamente pela minha garganta. O clima melancólico nessa manhã traz à tona sentimentos nos quais eu não queria poder sentir novamente. Olhando pela janela do meu quarto vejo um céu cinzento tampando o ardiloso brilho do sol matinal. É engraçado como o tempo pode variar drasticamente como menos esperamos, daria até para fazer uma breve e semelhante analogia ao nosso estado de espírito.

Até uns dias atrás você era os meus raios de sol e eu, um singelo girassol seguindo sua luz. Você era como uma leve brisa que causava arrepios e tranquilidades em meu ser. Era até o êxtase que percorria em minhas veias em cada sorriso que me dedicava. Mas, assim como as nuvens tampam os raios do sol, as circunstâncias dissiparam esse amor genuíno em simples farelos.

Observo nossa foto emoldurada em minha escrivaria e um nó forma-se em minha garganta. O doce do chá é substituído pelo amargo gosto do coração partido. Lágrimas decidem molhar meu rosto rechonchudo e bronzeado, traçando um caminho de dores em forma líquida. Ainda me pergunto como tudo pode mudar da noite pro dia. Onde havia amor tornou-se dor. Onde existia carinho transformou-se em um rancor que consome cada parte do meu ser.

Éramos eu e você, contra tudo e todos. Promessas que foram despedaçando-se como uma rosa. Sentimentos que morreram juntamente com minhas expectativas sobre nós dois.

Você era o solo fértil no qual eu queria germinar e produzir bons frutos, mas que foi poluído com ervas daninhas em forma de decepções e melancolia. Eu era a flor perfeita para o seu jardim, mas você arrancou-me pela raiz e me deixou morrer aos pouquinhos. 

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