07. Blacklist

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Durante o domingo eu havia completado minha lista, nada de muito importante. Mas a minha irmã foi internada, levada a força para algum hospício qualquer. Relutante, eu tentei impedir, tentei intervir nas escolhas do destino. Eu sei, ela deve se tratar, deve melhorar, porém Marie continua a ser minha doce irmã – eu sei que lá no fundo ela é - com machucados e hematomas no corpo, continua a ser um anjo a dormir e uma exorcista acordada.

Quando seus olhos se abrem, mais um corte é feito, mais sofrimento sai de sua boca e mais rebelde ela fica.

"- Os nossos pais estão mortos e você não demonstra nada, não sabe como é perder, para você sempre existe o ganhar. Acorde para a vida real! - os punhos de Marie ganharam mais um corte enquanto ela gritava, sua voz abafada pelas paredes, seus olhos vermelhos como o sangue que saia de seus braços, e seu rosto completamente molhado pela dor."

[...]

Era a última aula e então teríamos o intervalo de trinta minutos. Eu contava os segundos para poder sair dali e encontrar os olhos castanhos que eu sempre amei. Malik não é uma pessoa antissocial assim como eu, ele tem amigos e até uma namorada.

• Um breve fato sobre mim •

Não sou uma pessoa fechada. Eu me abro para Jane, mas tenho poucos amigos - pessoas a qual eu consiga estabelecer relação de amizade e confiança - porque simplesmente minha comunicação plena com o mundo lá fora, o qual ainda não consegui me adaptar, é plácida e não consigo falar com os que me rodeiam, já que simplesmente conversas sociais são idiotas com desconhecidos amuados. Mas pensando bem, todos os nossos amigos atuais foram desconhecidos no passado.

Com o falecimento de meus pais, não virei uma garota totalmente ignorante, talvez um pouco, mas eu tento ter uma vida normal com coisas normais, convivendo com pessoas normais e me apaixonando por uma pessoa normal. Mas não é o que acontece.

De longe, no fundo do refeitório eu vi um sorriso maravilhoso que fez meus olhos molharem-se e meus lábios abrirem em um enorme sorriso, cabisbaixa. O poder que ele tem em fazer meu coração palpitar e meu pulmão arder por chorar – por ele. Fez uma ferida em meu corpo, algo incuravelmente torturador: uma pergunta.

Você vai voltar?

No meio de todos aqueles seres com gargalhadas e sons pelo ar, um, apenas um, o que eu mais me sentia confusa, me observava ao longe. Senti seus olhos queimarem-me e tentei controlar-me para não o olhar, em vão.

Quando encontrei os olhos castanhos que procuravam os meus, dei um pequeno sorriso para ele. Sua face estava sem expressão e continuou assim até que eu voltar minha visão a – nada interessante – bandeja vermelha. Malik estava com seus amigos legais e sua namorada a tentar chamar sua atenção, mas ele parecia não ouvi-la, ele estava me encarando, observando, hipnotizando. Não sussurrava nenhuma palavra sequer ao vento e nem franzia suas sobrancelhas.  

Virei o meu rosto e tirei-o do meu campo de visão – assim como fiz na primeira fracassada tentativa de não encará-lo.

Segui meu caminho com minha respiração pesada. Aula de Biologia.

Aula de Biologia.

Aula de Biologia.

Aula de Biologia.

Não existe Malik, ele não me encarou e eu não estou perdidamente apaixonada por um rapaz frio, onde uma relação – mesmo que de amigos ou conhecidos de apenas um "Bom dia" e um ponto de interrogação – não possa existir.

Talvez.


❤❤ Quais as suas apostas sobre o que vem aí?


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