03. Susan Pitts

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❤❤ Obrigada por estar lendo!

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- Ally? - Jane perguntou-me. Eu estava com a mão no peito mais diretamente ao coração, levei um susto grande.

Por um momento pensei que fosse o Malik. Por um momento queria que fosse ele.

- Sim... Você me assustou! - disse variando o tom enquanto recuperava o fôlego e dei um sorriso.

- Desculpa, não queria te assustar. - ela riu fracamente enquanto sentava ao meu lado. - E então, Susan estava procurando por você. Quando me viu no banheiro perguntou onde estava e falei que iria lhe procurar.

Franzi minhas sombrancelhas, estranho ela vir me procurar, nunca nos falamos.

- Susan Pitts? - interroguei confusa e ela afirmou. - Mas o que ela queria?

- Eu não sei, idiota, se eu soubesse teria falado! - ela disse em um tom brincalhão. - Bem eu vou indo, vou me encontrar com o Niall! Ela está no banheiro feminino perto da sala do professor Sparks.

Eu acento e me levantei indo para a porta enquanto Jane sumia pela imensidão de alunos no corredor.

Estranho. Susan é quase uma boneca perfeita que namora com o Malik desde o começo da High School. Um fato, um triste fato. Mas o ponto é: o que ela quer falar?

Comecei a andar mais rápido antes que essa curiosidade pudesse me matar no caminho.

Entrei no banheiro e Susan estava escorada na pia, quando me viu, seu rosto passou de calmo para superior.

- Vou ser direta. - ela disse de uma forma rude e checou se não havia ninguém nas divisórias. - Querida Ally, não pense que suas chances com Zayn são positivas! - apontou para mim com um sorriso sarcástico e irritante. Eu nunca pensei que ela diria isso a mim.

Engoli em seco aquelas palavras. No fundo era como um tiro, mas eu conseguia me segurar em pé, até ela continuar:

- Eu sou Susan Pitts, sou maravilhosa e perfeita! - olhou-se no espelho sorrindo. Aquele desgraçado sorriso. - E você, bem você é a Ally que ninguém conhece. A que não está em lugar nenhum, e simplesmente tem cara de psicopata.

Eu estava tentando me conter, estava forçando não ter reações, estava tentando não correr e encontrar uma superfície, como se as palavras me faziam estar afogada em um mar vermelho. De sofrimento.

- Mas se você ne considera uma pessoa sem qualidades, porque tentar me afastar dele? - eu perguntei tentando não transparecer a fraqueza que sentia. Me olhava pelo espelho a impossibilitando de ver meu rosto com uma aparência frágil que estava, agora, cabisbaixo.

- Não me faça rir! Você pensa que considero você uma concorrência? Você pensa que Zayn vai olhar para você? - e rindo sarcasticamente, ela continuou: - Nunca! - Susan sai desfilando com seus saltos caros e todo o seu orgulho. Maldito orgulho.

Eu estava fraca, sem algo para me segurar, sem chão, sem mundo. Me tranquei em algum mundo apenas meu e de lá ainda não sai, mas isso é a realidade, eu não posso fugir, ela está no final do túnel.

Chorar, soluçar e doer. Isso é o que eu fiz nos outros dois horários trancada no banheiro feminino. Quando eu via alguém entrando, tampava minha boca e suspirava pesadamente quando saia. Não quero que notem meu sofrimento, não quero falsidade.

Susan é perfeita, e isso dói porque nada a abala, nada a fere. Ela tem tudo o que quer, que deseja sem ao menos mencionar. Mas ela é rude, fria e patética às vezes. Meras vezes em que faz de um coração, pó, e de pensamentos, uma confusão.

É certo continuar a tentar me aproximar de Malik, mesmo que sua namorada, espelhada nele próprio, te faz perder esperanças? É certo viver em um mundo apenas, então de repente ligar a luz e ver o quanto as pessoas a minha volta são melhores do que o que eu sou ou já tentei ser? É certo viver sem caminho, sem rumo e ter um bilhão de perguntas que não podem ser perguntadas porque não a resposta? Talvez seja certo, ou então, o mais errado que já pude encarar.

Depois de alagar minha vida, segui em direção ao meu armário e peguei meu caderno da aulas de Francês. Conhecidência ou não, era sempre nessa aula em que eu menos faltava e que menos prestava atenção. Eu tinha outra coisa para notar além de um velho professor.

Abri o caderno e me deparei com o nome dele. Me lembrei de o ter escrito no primeiro horário, e me lembrei também do seu olhar e o meu, não pude deixar de sorrir minimamente. 

Percorri meu olhar pela sala, mas ele não estava. 

Enquanto aquela aula me aborrecia por completa, desenhei algo aleatório, sem conexão e sem ênfase. Talvez naquele emaranhado de rabiscos eu tenha escrito o nome de Susan, ao lado do Malik. Juntos, para simbolizar aquele amor tão perfeito e distinto que me dá nauseas. 

Talvez pessoas frias merecem ficar juntas, para sempre. Ou não.

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Blacklist | z.m fanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora