02.

9 0 0
                                    

world gone mad – bastille

É, mais um dia acordei dentro do meu inferno pessoal. Meu pai gritando com minha mãe na cozinha, minha irmã trancada no banheiro cantando, enquanto toma banho e meu irmão jogado no sofá, assistindo TV no volume no máximo. Minha casa tinha dois andares, mas parecia que as paredes eram feitas de papel, do jeito que minha família era barulhenta. As pessoas têm uma visão muito distorcida das famílias ditas "invejáveis". Meus pais são donos de uma rede de lanchonetes muito conhecida nos shoppings da zona sul, minha irmã é um blogueira com mais de 100K de seguidores, e meu irmã já está no auge do sucesso no colégio depois que entrou para o time de futebol, fazendo o time ganhar todo os prêmios. Já eu, bom, eu tenho 19 anos e nem a barba eu sei fazer direito.

Meus pais amavam me pressionar a começar uma faculdade, mas não tinha preguiça e não achava nenhuma que estava afim de começar real a fazer, passava as manhãs jogado na minha cama e a tarde era obrigado a ir trabalhar em uma das filiais da lanchonete, pois eu tinha que "criar um pouco de responsabilidade". De acordo com todos que me conheciam, eu tinha um total de zero cuidado com as coisas, foi assim que meu peixinho dourado morreu na primeira semana que chegou aqui em casa, depois de comer o potinho todo de ração em uma única tarde, quando resolvi que ele precisava comer um pouco mais e acabei derrubando tudo.

Meu cansaço mental nunca esteve tão claro, não tinha uma manhã que eu repensasse se valia mesmo a pena levantar da cama, sempre me vinha a mente a ideia de acabar com tudo, por estar exausto. Porém, naquela manhã foi diferente, tinha certeza que daquele dia não passava. Simplesmente arrumei minha mochila com meu notebook, carteira, fones de ouvido, desconectei meu celular do carregador, troquei de roupa e desci. Meus pais ainda estavam brigando, peguei uma fruta e sai pela porta da cozinha.

Acabei indo parar no parque do Ibirapuera, tinha ligado para a Larissa, e como sempre, ela já estava lá me esperando, estendemos um lençol no chão e passamos a tarde conversando, bebendo vinho e falando mal dos outros. Foi quando ela deu a ideia de irmos ao MASP, acabei aceitando, pois desde pequeno gostava de arte, e não seria nada mal tirar umas fotinhos naquele lugar.

Coisas Da Minha Cabeça.Where stories live. Discover now