O Verão é a Nossa Salvação.

Halley

Tudo diante dos meus olhos passa em câmera lenta, os gritos dos adultos mais à frente pareciam distantes, a imagem do caminhão vindo em nossa direção parecia um filme pausado e do nada tudo corre.

Quando recordo dos segundos anteriores à essa algazarra, lembro que estava jogando cartas e conversando sobre contos e que personagens gostaríamos de ser com minha amiga de infância, Abigail.

Quando penso em Abigail, logo vem em minha mente inúmeros flashes de várias memórias que passei ao seu lado. A conheci quando tinha 7 anos, mas ela sempre um ano mais nova. Meus pais estavam animados com a volta de velhos amigos para a cidade. Papai e mamãe terminavam de arrumar a mesa de jantar e tirar a carne do fogo quando escutamos uma buzina em frente ao nosso quintal.

Cheguei de maneira animada para cumprimentar a menina que chegou junto dos pais em uma camionete um tanto barulhenta.

-Oi, meu nome é Halley. Como você se chama?- perguntei inquieto para a garota de olhos azuis escuros parada à minha frente.

-Me chamo Abigail. Sabia que existe um cometa com seu nome?- realmente sabia que existia um cometa com meu nome, meus pais sempre comentavam sobre. Fiquei curioso pelo fato dela saber, mas não dei tamanha importância para esse trecho da conversa, fiquei intrigado pela sensação estranha e confortável que o pronunciar de seu nome me causou.

-Abigail... Seu nome me lembra como os girassóis são redondos, alegres e amarelos.- comecei a rir sem nem mesmo saber o motivo, percebi também que a tímida menina também ria. E com o passar do tempo se tornou comum e de certo modo normal vê-la todos os dias, assim nos tornamos amigos e independente do problema eu sabia que estaríamos sempre juntos.

Agora, após essa rápida memória passar pela minha mente, olhei desesperado para o lado vendo essa doce menina virar seu rosto em minha direção, não estava aflita ou desesperada, estava apenas me olhando e de certa forma tentando me passar segurança.

O medo de pensar em perde-la me deixou angustiado fazendo assim meus olhos encherem de lágrimas, logo ela percebe e me abraça. Sem reação sinto o impacto, vidros cortam a pele dos meus braços que agora estão em volta de Abigail, sei que suas costas estão sendo atingadas sem dó, mas não iria conseguir protege-la então apenas abraço ela ainda mais forte e sinto o mesmo.