Um Mundo bem Louco

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-Mas e você chegou à conversar com o rei?- ouvia Abigail dizer aquilo e não parecia real. Morrer ou entrar em coma que estranho tudo isso. Mas faz total sentido, acordei sem dor, com as memórias da minha vida e do acidente assim como Abigail também.

O rei mal me viu e começou a falar de noivas sobre reinos próximos. Não podia casar, foi quando decidi sair e encontrei Abigail. Agora aqui estamos nós, sentados em uma sala com orelhas pontudas e trajes de gente nobre que mal sei como se caminha com tal vestimenta.

Temos que sair daqui mas não temos ideia como. Acabamos por almoçar e conversar sobre isso à tarde.

O castelo era fechado demais, não dava pra enxergar o clima lá fora, quando saímos era noite. Olhei espantado para Abigail, não teria como pois não tinha se passado nem uma hora.

Estamos na biblioteca lendo livros sobre tudo, mas nada achamos. Descobrimos que o tempo aqui é diferente, estamos presos aqui faz mais ou menos um mês.

-Uma hora aqui, equivale aproximadamente dois minutos na vida real. Se ficarmos mais um pouco aqui vamos enlouquecer ou se acostumar a esse mundo- disse Abigail quebrando o silêncio naquela biblioteca gigante.

Dito e feito. Fazem 2 anos ou podem ser 2 meses, não sabemos mais, perdemos as contas.

-Abigail, já que vamos ficar presos aqui, tem uma coisa que preciso te contar. Abrir o jogo com você.- estava deitado ao lado de Abigail com uma pilha de livros do outro. Olhei para ela que me encarava com seus lindos e brilhantes olhos azuis, por não falar nada entendi como um sinal para prosseguir e assim o fiz.- Eu te amo. Amo desde sempre, pois não sei em que momento da minha vida me apaixonei por ti, pelo seu jeito bobo, pelas piadas sem graça, pelas atitudes, medos, sonhos e tudo que vem no pacote. Eu te amo e mesmo que fiquemos presos nesse mundo louco, onde não podemos ficar juntos por causa desse rei esnobe e preconceituoso com suas orelhas, não me importo por que eu sou perdidamente apaixonado por você.

Quanto falava e me declarava para ela, parecia que um peso saía dos meus ombros, me deixando de consciência limpa e garganta fechada. Estou com medo de ser rejeitado, medo de perder sua amizade, medo de ter feito alguma bobagem, mas isso não tem mais importância. Estamos aqui, presos em um mundo todo fora do eixo, não temos nada a perder.

Olho de forma aflita para ela que logo percebe e sorri, rola em direção à mim e me abraça apertado. Ali ela não precisou dizer nada, ja tinha entendido que o sentimento era mútuo desde sempre. Minha mente explodia, meu coração estava prestes a parar.

Mas não foi ele quem parou. Quem parou foi o tempo, novamente. Abigail se afasta, senta no chão ao meu lado e me puxa pelo braço para acompanhá-la, sem soltar as mãos, agora entrelaçadas.

Tudo ao redor começa a flutuar, tudo brilha, cores fortes e vivas sintilam por toda biblioteca. Os livros voltam para as prateleiras, as orelhas voltam ao normal e roupas hospitalares aparecem em nossos corpos.

Começamos à rir, rimos desesperados. Ela acertou, estamos em coma, em algum hospital da cidade.

E tudo fica escuro mais uma vez, mas agora fico com a sensação de segurança.

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