Há muito tempo, haviam criaturas místicas que habitavam a Terra, que era representada pela deusa Gaia, a qual fornecia para seus moradores tudo o que precisassem, desde que a respeitassem e cuidassem de suas riquezas. Um reino de fadas, regido por Zaltana e Marani, vivia em harmonia com a natureza e as outras criaturas. Mas essa paz foi quebrada por uma briga, o que levou à divisão do reino e ao início de uma das piores guerras que as fadas já tiveram que enfrentar. Logo, cada lado da guerra possuía um exército próprio, e sempre chegavam novas fadas que eram treinadas para fazer parte das tropas. Dentro desses novos membros do exército, estavam Araí e Ubirin, porém de lados opostos da guerra.
— Araí! — ouvi o coronel do meu batalhão, Raoni, chamar por mim. — O que pensa que está fazendo aí? Em formação, agora!
Todas as tropas estavam agrupadas, prontas para receber ordens de ataque, nas fronteiras do reino. Mas eu estava distraído observando algumas flores que nunca havia notado alí, foi quando o coronel me chamou.
— Me desculpe, senhor. Estou indo.
Os soldados estavam armados cada um para sua especialidade, eu tinha um arco, não que fosse muito bom com ele, mas era menos pior... Haviam fadas com espadas, lanças, facas de arremesso, e alguns tinham pássaros de montaria, treinados para a batalha, para os que possuiam melhor afinidade com animais.
— Tropas, ao ataque! — o coronel gritou e pude ver centenas de fadas voando para a morte certa. Logo fui atrás, rezando para poder voltar para casa e mais uma vez observar os lindos campos floridos na primavera.
Depois de um tempo avançando, as tropas inimigas começaram a aparecer, junto com uma onda de sangue e morte. Eu virei o rosto e tentei apenas seguir o que me foi posto, porém com uma angústia e sensação de que iria desmaiar a qualquer momento.
Acabei conseguindo me desviar do foco de ataque. Pra falar a verdade, eu estava perdido, não ouvia nenhum som de luta, mas apesar de estar completamente sozinho e desorientado, eu senti um alívio por ter escapado. Sei que parece egoísta, mas eu não gostava de ficar no meio de violência, e provavelmente não traria nenhum benefício no campo de batalha, poderia até atrapalhar.
Eu diminui o ritmo, fiquei mais calmo, assim pude me concentrar e achar o caminho certo. Mas logo que comecei a andar, senti a presença de algo mais pra frente, algo não estava certo. Não. Não podia ser, eu estava sozinho. A não ser que...
Sim, era isso. Eles estavam aqui. Um pássaro surgiu do meio das árvores e parou um pouco a frente de mim, alguém o montava. Eu peguei meu arco e me preparei para atirar uma flecha. A fada, que parecia estar tão assustada quanto eu, me encarava de cima do grande pássaro. Nem ele, nem eu, atacamos, apenas nos encarando. Tinha algo de diferente em seu olhar, como se eu pudesse sentir o mesmo que ele. Eu comecei a recuar, e ele fez o mesmo, até estarmos a uma distância segura um do outro para que eu pudesse me virar e fugir. E assim o fiz, de volta para o reino.
* * *
Quando finalmente eu cheguei até as fronteiras, depois de ter passado pelo que sobrou do massacre e de ver tantos rostos amigos que agora não poderiam mais voltar para casa, já era final de tarde. Fui recepcionado pelo coronel Raoni, podendo ver seu olhar de esperança se esvair ao perceber que era só eu.
— Oh, você... pensei que não o veria novamente — ele disse e suspirou, — mas estou contente por ter voltado, afinal... — forçou um sorriso.
— Eu também estou contente por ter voltado... Falando em ter voltado, quantos conseguiram?
— Ah garoto, apenas uns 20 — ele disse com um olhar triste para o chão.
— Onde qu... — ele apontou para uma pequena taberna na entrada do reino. Eu acenei para ele com a cabeça e fui até a taberna.
— Araí!! — as fadas que estavam bebendo se viraram para mim logo que entrei.
Ibirí e Upiara, que eram meus amigos de infância, me receberam com um abraço coletivo, o que fez eu me sentir em casa novamente.
— Estou tão feliz em ver vocês! — eu ria e os abraçava.
— Nós também! Confesso que ficamos preocupados quando vimos que você havia sido escalado para a batalha... — Ibirí realmente parecia bem tranquilo agora que havia me visto.
— Vai ficar com a gente? A bebida está por minha conta hoje — Upiara me disse sorrindo e apontando para a mesa em que todos estavam.
— Hoje não, tem algo que eu ainda gostaria de fazer... Mas obrigado mesmo, pessoal — eu me despedi e sai da taberna.
Eu gostava de caminhar entre os lindos campos floridos que tínhamos em nosso reino, que ficava ainda mais lindo nos finais de tardes, quando o céu fica tão colorido quanto as flores.
Eu me deitava sobre as margaridas e observava o lindo céu colorido escurecer e se tornar um belo tom de azul estrelado.
— Aquela fada... Por que não me matou, assim como qualquer outro faria? — eu fechei os olhos e apoiei a cabeça na flor, com os braços e pernas esticados. — Tinha algo de diferente nele...
Eu acabei pegando no sono e dormindo lá mesmo.
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Esse foi o primeiro capítulo, sei que ficou curto, mas é só o primeiro
Espero que estejam gostando :)
Qualquer coisa deixa um comentário, e se você gostou vota pfv ♡Se vocês quiserem eu faço o próximo capítulo =P
Beijos amores. ♡♡
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Gérberas (ficção/romance)
RomanceEssa história é datada de antes dos humanos serem os seres mais dominantes no planeta, quando todas as criaturas viviam em harmonia, ou quase. Devido a uma disputa no poder, o Reino das Fadas foi dividido, causando uma grande guerra.