I - A grande família

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Eu, com toda a certeza do mundo, odiava me mudar.

E acredite, eu faço muito isso já que o chefe da minha mãe achava legal ficar trocando ela toda hora para filiais em outros estados e meu pai por ter o próprio negócio ia atrás. Mas mesmo me mudando tanto, não consigo me acostumar com essa sensação. Encaixotar tudo sempre me deixa melancólico, fazer amizades fora se tornando mais difícil a cada mudança, a forma como todos me olham quando eu chego no lugar...

Mas agora eu tinha uma pontinha de esperança mesmo com os meus dois irmãos mais novos gritando do meu lado no banco. Eu e minha família estávamos voltando para a nossa cidade natal, a qual eu carinhosamente chamava de feudo porque é impossível que aquele cubículo seja uma cidade. O que me leva a me perguntar o que diabos uma multinacional tinha como objetivo ao abrir uma filial neste fim de mundo?

Pelo menos eu poderia rever meus amigos de infância e minha família. Ok, para essa última parte eu não estava muito animado e vocês já vão entender o porquê.

— Abra um sorriso, Jungkook, está com uma cara de enterro como se todos da sua família tivessem partido dessa 'pra melhor — minha mãe, Minja, desvia um pouco os olhos da estrada para mim. — Eu já disse que essa cidade é diferente! — era o que ela sempre dizia. — E... eu estou com um pressentimento bom dessa vez, você se dará muito bem nesta escola, pode ter certeza!

— Você também falou isso nas outras dezessete escolas, mãe — eu disse que me mudei muito, tipo, 'pra valer. Solto um suspiro, sei que em partes não é culpa dela. — Mas é sempre bom ser positivo, né?

— Vamos lá, parceiro, você já esteve aqui antes, não vai ser tão ruim voltar às raízes — meu pai, Kyung Seok, pisca para mim pelo retrovisor.

— Claro, é ótimo — dou um sorriso amarelo e volto a olhar a paisagem.

Eles desistem de tentar me animar e voltam a se concentrar na estrada.

Nunca fui a pessoa mais simpática do mundo, ou mais extrovertida. Sou mais no meu canto, saio quando me chamam, gosto de jogar vídeo game e ir ao cinema. Um adolescente totalmente sem graça e normal no auge dos dezoito anos.

A cidade era realmente no interior, porque chega em algumas partes depois do centro da cidade onde você vê uma casa um pouco distante das outras, com um matagal em volta ou montanhas. Não demora muito até pararmos em frente à um casarão antigo onde seria meu novo lar.

Para minha infelicidade, meus pais decidiram que seria bom para "reforçar os laços de família" se nós fossemos morar com os meus avós maternos. O que de longe é a pior ideia que eles já tiveram nos últimos anos e olha que eles tiveram umas péssimas tipo comprar uma cama elástica para os meus irmãos ou dar uma guitarra para o Minseok que fica o dia inteiro tentando miseravelmente tocar aquele inferno.

— Minhas crianças! — minha avó nem ligou para minha mãe com os braços abertos e estendidos para ela e sim veio abraçar a mim e aos meus irmãos assim que saímos do carro, deixando minha mãe indignada.

— Cuidado vovó, a mamãe vai arrancar sua cabeça — sussurro em seu ouvido enquanto nos abraçamos.

Eu podia ter reclamado de morar com ela mas a velhinha é uma das minhas pessoas favoritas no mundo.

— Meus meninos, vocês cresceram tanto, aí meu deus eu vou chorar — dona Yeon Hee era dramática até demais, ela alisa nossas roupas e da tapinhas em nossas costas, começando a falar dos nossos cortes de cabelo ou roupas.

— Pelo amor de deus mulher, você deixou a pantufa virada para baixo! Quer que alguém morra? — Meu avô surge na porta de roupão e com uma espécie de chinelo na mão.

As Fases da Lua • jjk + pjm Onde histórias criam vida. Descubra agora