(Menino das bochechas rosadas)
(Garota dos cabelos negros)
Começara o Recreio e todos sairam da sala rapidamente, juntei minhas coisas, seria uma meia hora longa e entediante sozinha (ou quase).
"Sentiu minha falta?" 2 apareceu saltitando à minha frente, ele era um dos únicos que tinha uma forma um pouco mais definida, e que me deixava contente com sua presença.
- Oi 2! - Olhei para ele, sim, ele. Eu não sabia ao certo, apenas sentia. Ele tinha o tamanho de uma criança de sete anos, possuía longas orelhas de coelhinho, que ficavam deitadas e iam até o chão, ele tinha cores claras que iam de rosa a lilás clarinho, grandes bochechas rosadas, estava quase sempre de suspensório com estampa de bolinhas e uma meia de cano alto que mudava de acordo com o meu/seu humor.
- Você não vai sair da sala Annabanana? - Revirei os olhos, ele sabia que eu odiava quando ele me chamava assim - Todo mundo saiuuu... - Falou ele saltitando pelo ar.
-Já estou saindo já - Dei um sorriso, coloquei minha mochila nas costas e quando me virei vi aquele mesmo menino parado na porta com os olhos arregalados. 200 aprece ao meu ouvido sussurrando: "Parece que ele te achou, maluquinha."
"Você realmente não vai fazer amigos desse jeito" Falou 400, que era um gato azul com olhos amarelos, enquanto se deitava confortavelmente em uma das carteiras ao meu lado.
- Eehr.. eu...eu.. me desculpa. - Falei para o garoto, porém olhando para baixo. Ele, que estava sério há dois segundos começou a rir.
- Me desculpa! Eu não queria ter... - Comecei a corar e segurar as alças da minha mochila mais forte. De repente ele se aproxima de mim e me estende a mão. Olho para sua mão e depois para seu rosto, e para sua mão novamente, um pouco confusa.
- V-você não está me achando estranha? - Falo envergonhada.
- SIM! Mas é isso que te torna legal. - Ele sorri, eu retribuo o sorriso um pouco corada e cumprimento ele com um soquinho.
- Você quer lanchar comigo? Eu trouxe bolo de amendoim - Ele faz careta - Minha mãe sabe que eu odeio e mesmo assim me faz comer. Iuh...
- Você parece ser bem nojentinho - Eu deixo escapar mas logo me arrependo - D-desculpa.
- Tudo bem. - Ele dá de ombros - Você pede desculpas demais sabia?
- Desc- quero dizer, talvez. - Sorrio.
- Aliás, meu nome é Vinícius, mas pode me chamar de Vini, Vi, ou sei lá, como quiser... O seu é... Annabeth né?
- Sim, mas a maioria me chama de An-
- Vou te chamar de Beth. - Ele me interrompe e dá um sorriso, pela primeira vez eu reparo melhor em suas covinhas na bochecha e as acho tão fofas... Tão rosadas... Meu Deus! Tenho que parar com isso.
- Bom, vamos ficar aqui mesmo - Fala Vini se sentando na carteira atrás da minha. Me sento novamente na minha cadeira, de frente para ele, e tiro um pacote de pães de queijo da mochila.
- Você quer? - Falo meio com certeza de que ele negaria. Ele olha fixamente para o pacote e sorri animadinho.
- Você é um anjo? - Não preciso nem dizer que corei ao ouvir isso. - Eu ADORO pão de queijo!! Ele estende a mão. - Eu quero.. - Fala com voz de neném com um beicinho fofo. Nessa hora eu já nem ligava para todas as alucinações à minha volta, eu estava bem.
Abro o pacote e entrego para ele que estava feliz como uma criança e até se esquece de me dar a fatia de bolo.
- Hmm.. então... Ehr, você tem alguma música do Conan Gray aí? - Fala ele com as bochechas cheias.
- Tenho sim. Eu tava ouvindo uma antes de me apresentar: "Crush Culture". Já ouviu?
- Simm - Ele fala lambendo o dedo que estava engordurado. - Essa música é muito foda. Fala sobre um garoto que sente raiva de todo esse clichê de amorsinho, que não liga se está sozinho, ou se não tem ninguém pra mandar mensagem para ele. Ele diz que é a prova do amor e que não quer e não vai se apaixonar. Fala sobre toda essa hipocrisia de falar que ama, de mentir com frases bonitas, para poder ficar com a pessoa e depois abandoná-la. Mas sabe o que eu acho? Que na verdade ele.. - Vini para a fala para pegar outro pão de queijo - Que na verdade ele não passa de mais um.
Ouço ele atentamente e entendo perfeitamente.
- Sabe, eu também acho. Ele até explicou em uma "entrevista" que na verdade a música toda é repleta de sarcasmo, pois ele mesmo sempre fica esperando notificações de algum crush dele e que se derrete facilmente pelas pessoas.. - Eu sorrio lembrando do vídeo enquanto mexo no meu cabelo - Sabe, até as pessoas mais duronas já gostaram de alguém...E ele não deve ser diferente né? - Ele acena uma vez com a cabeça enquanto mastiga um pedaço de pão de queijo. - Esses dias eu vi uma frase: "Muita gente falando de amor, porém pouca gente sabendo amar." Deve ser realidade, infelizmente.
- Sim, ainda mais hoje em dia em que coisas como "pegar alguém" virou um tipo de conquista, virou competição. - Ele abre a mochila e tira um copo térmico do Starbucks cheio de café e depois um pacote de bom-bom.
- Caramba.. pra alguém magrinho você come bastante né?
- Meu Deus! Esqueci do seu bolo.
- Ah, ta tudo b-
Vini tira um pote com bolo de chocolate com recheio de amendoim que parecia estar maravilhoso. Ele abre o potinho e me entrega um garfo.
- Obrigada! - Sorrio, e dou uma garfadinha. - Como você disse, tudo virou competição, então sei lá, desanima gostar de alguém e acabar me machucando...
- Hm, você disse que.. - Ele dá um grande gole no café - Até os mais durões já amaram. Você está errada. - Vini faz careta
- Estou?
- Sim! Eu nunca gostei de ninguém. - Ele faz uma cara de convencido.
- Não quer dizer que ainda não possa gostar. - Sorrio para ele e coloco uma mecha de cabelo para trás da orelha.
Ele córa um pouco mas faz como se não fosse nada e toma mais um gole de café.
- Quer... quer um pouco? - Vini falando desviando o olhar para o lado.
- P-pode ser. - Eu estendo a mão e acabo tocando a mão dele sem querer, que era macia e fof..tabom, "EU PRECISO PARAR", penso comigo mesma. Desculpa... Mexo o café com o canudinho e tomo um pequeno gole, depois devolvo. - Obrigada.
Ele coloca a mão no saco de pão de queijo e percebe que acabou.
- A-ah... Acho que.. não tem mais. - Faz beicinho.
- Não tem não - Riu um pouco dele - Que fome é essa que você tem hein? - Falo baixinho e como mais um pouco do bolo.
- Preferia quando você era tímida! - Ele mostra a língua, faz uma bolinha com o saquinho do pão e taça na minha cara.
- Eiie! - Riu um pouco. - Não vale ok? Eu não tenho munição.
- Uma pena mesmo! - Ele caçoa da minha cara e tira o celular do bolso - Falta alguns minutos para acabar o Recreio...
Ele oferece café.
- Quer o restinho?
- Quero sim - Respondo e fico mexendo o canudinho enquanto olho para o copo. Sinto que ele está me olhando, mas quando tento "conferir" ele se vira rapidamente para baixo e as pessoas começam a entrar na sala.
- O-obrigada pelo café... E pelo bolo - Sorrio.
- De nada! E obrigado pelo pão de queijo, até que você não é TÃO estranha - Vini debocha e volta para o lugar dele, à frente do meu.2 aparece ao meu lado, sentado no chão com as perninhas cruzadas.
- Parece que você se divertiu Annabanana - Ele ri de um jeitinho esganiçado e fofo.
- É... Acho que sim - Falo baixinho olhando para frente e vendo aquele cabelinho ondulado.
- Você está gostando dele nya? - Eu coro e permaneço quieta - Hehe está Simm, olha essas bochechas avermelhadas...
Cubro o rosto com as mãos e sinto ele quente. "Ele deve estar mentindo", penso.
Quando estou perdida nos meus pensamentos sinto alguém me cutucando, viro para trás um pouco assustada e me deparo com uma menina. Ela era alta, com um rosto fino, olhos pequenos azulados mas com grandes cílios, tinha um cabelo longo e liso castanho e usava uma calça de cintura alta pera e uma blusa com bordados de rosas. Ela me olhava seriamente mas de um jeito calmo.
- Você é nova... então não deve saber que sou a líder da sala por cinco anos seguidos - Ela tira o celular do bolso e abre o WhatsApp - E esse ano... certamente vou ganhar também. Enfim, quero que você passe seu número para mim criar o grupo da sala... - Ela revira os olhos - ...De novo.
- O-ok. - Eu passo meu número para ela, que anota no bloco de notas do celular e depois volta a olhar para mim.
- Sabe, vou falar pra você tomar cuidado com o Vini. Nem tudo é o que parece.
- M-mas... - A professora entra na sala e começa a se apresentar, eu me viro para frente um pouco pensativa. Passo o resto das aulas anotando músicas no caderno para me distrair.
✨Use me - Alec Benjamin
✨Anxiety - Julia Michaels
✨Fool - CavetownA aula acaba e começo a guardar meus materiais e selecionar minha playlist para voltar à casa, sendo a primeira música: "Loving is easy - Rex Orange County", deixo pausada equanto acabo de pegar as minhas coisas. Alguns alunos vem falar comigo, mas nada de mais. 2 continuava me perturbando sobre Vini, e, falando no diabo....
- Ei. - Dou um pequeno pulinho de susto e vejo ele segurar o sorriso. - Eehr.. Você quer fazer aquele trabalho comigo? - Me assustei.
- C-como assim? Que trabalho?
- Meu Deus, você não ouviu a professora? - Ele sorri, MEU DEUS, aquelas covinhas.
- Eu.. eu.. Não. - Olho para baixo um pouco envergonhada.
- Ah, tudo bem hehe, enfim, é em trio. Temos que achar mais alg-
- Ei garota! - Ouço alguém chamar do lado.
- Eu? - Me viro.
- Sim, você quer fazer o trabalho comigo?
- Ela... Tá com- - Vini é interrompido.
- A cala a boca Vini, é em trio você não sabia? - Vini revira os olhos e murmura um "Tanto faz caralho..." - Nos encontramos no CountryCoffe amanhã às três! - Ela fala e em logo seguida sai.
- "Nos encontramos no CountryCoffe às três" bleh. - Ele repete fazendo careta e eu riu da cara dele. Eu digo que preciso ir e pego minhas coisas. Quando me encontro praticamente sozinha na rua eu dou pulinhos de alegria enquanto ouço e cantarolo "Crush - Tessa Violet".
Vejo 2 e 4 (uma garotinha um pouco mais baixa que eu, com olhos rosados e longas chiquinhas loiras com mechas azuis, sempre estava com vestidinhos rodados e decorados) brincando à minha volta, eu estava feliz, mas quando ia virar na rua da minha casa vi várias ambulâncias virando junto com as sirenes ligadas.
- Oh, o que pode ter acontecido...?
- NÃO! Saia daqui! Sempre que você aparece coisas ruins acontecem. - Eu falei para a figura encurvada, que possuía olheiras profundas e cores sombrias.
- As coisas que tem que acontecer acontecem. Eu só estou aqui para deixá-las pior. - Ela sobe no meu ombro e imediatamente eu sinto um peso no meu corpo e um aperto que fazia-me sentir ansiosa e tensa. Eu corro até minha casa com o coração na mão.__________________________________
_E aí anjinhos? O que acharam? Eu fiz aqueles desenhos pra representar os personagens, desculpa, eu sei que não desenho bem...mas... E-eu tentei :c
Espero que goxtem...🌟
Is we💖
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O Universo de Annabeth
ParanormalAnnabeth, ou como todos a chamam, Ana, uma garota que sofre de uma doença rara: Esquizofrenia. Venha comigo e entre neste incrível mundo onde o perigo e o medo correm a solta, onde ninguém tem tempo para brincadeiras e cantigas de ninar. Você será...