O beijo da morte

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Naquele quarto, seu choro era alto e estridente, entre as lágrimas e os soluços que deixava escapar, perguntava aos céus, por que tinha que ser justamente Adrien? 

Ele era o homem da visão que tivera de seu futuro, antes que a bruxa o roubasse para sempre. Mas é claro... tudo fazia sentido! Como não pode perceber antes?? Todo aquele sentimento de nostalgia ao observar seu belo rosto, o toque de suas mãos, sua voz... Era ele, o tempo inteiro, sempre foi ele!!   O dono do seu amor impossível - e que agora -  jamais poderia ser seu, pois estavam fadados a um futuro inexistente, onde nunca poderiam ficar juntos. Porque apenas um beijo de amor o faria morrer, e assim ela morreria com ele.

Não, isso não podia acontecer.  Nunca! Precisava sair daquele lugar o mais depressa possível! Precisava fugir, não poderia estar ali mais um segundo se quer. 

Decididamente levantou-se, mas antes que pudesse sair do quarto, abraçou o vestido que lhe fora presenteado com tanto carinho pelo seu amor. Fechou os olhos, e cheia de ternura e tristeza, depositou um beijo suave sobre o tecido rosa. 

Assim, enxugando suas lágrimas, correu pelas escadas, tentando se esconder de qualquer criado ou guarda que pudesse vê-la e alarmar sua fuga. Espreitou-se pelas colunas do castelo e à medida que corria, sentia seus olhos se enchendo novamente em lágrimas.

Cada parte daquele castelo a fez se lembrar de seu amado, de seu sorriso, de como poderia ser feliz ao lado dele, com seus filhos correndo por todos os lugares, eles juntos, reinando a França com amor e justiça.

Um futuro morto, por uma maldição. 

Então, com muita dificuldade, finalmente conseguiu chegar aos estábulos, logo pegando o seu cavalo e o guiando até a saída. Claro que, como a construção era fortemente guardada, um dos seus vigilantes relatou ao príncipe sua repentina fuga, uma vez que todos sabiam que ela era uma das convidadas de honra. Ao saber de tal o corrido, no mesmo instante, Adrien correu desesperado pelas escadas pensando no que ela estaria fazendo. 

Estava fugindo? Mas por quê? Será que tinha se ofendido com a tentativa dele em beijá-la? Não, não poderia ser... e se fosse, precisava se desculpar e dizer a ela, que tinha feito isso unicamente, porque a amava, de uma forma tão intensa que o seu coração e toda a sua existência, dependiam somente desse amor para viver.

- Para onde foi a donzela com o cavalo branco?? – ele perguntou de forma agressiva a um dos criados do estábulo.

- Naquela direção meu senhor... – o rapaz então indicou com o dedo para o leste, assim Adrien deu o comando e saiu em disparada.

Enquanto isso mais a frente, Marinette aguçava seus próprio cavalo a ir mais depressa, correndo pela estrada que dava a saída ao castelo. Não quis olhar para trás, pois se o fizesse, não aguentaria continuar. Seguiu alguma distancia, até que aos poucos, conseguiu ouviu o barulho de outro cavalo se aproximar, onde segurou sua espada pois poderia ser um ladrão.

- Marinette!!

A voz reconhecida a fez gelar por inteiro. Ela olhou para trás e viu Adrien montado em seu cavalo negro, correndo em sua direção.

"Não! Ele não pode me alcançar!"

Com mais vigor, instigou o seu cavalo a correr mais de pressa e vendo que ela se afastava mais ainda, Adrien então resolveu dar a volta adentrando a floresta para que pudesse cerca-la mais a frente.  Naquele momento, Marinette se virou, percebendo que ele havia sumido, sentiu seu coração se apertar, mas também estava aliviada, pois não queria que ele a alcançasse.

Tudo em vão. Assim que olhou para frente, o viu aparecer com seu cavalo no meio da estrada, bloqueando a passagem. Já poderia constatar em seu rosto que ele estava confuso, com a respiração acelerada e com as mãos tremendo. Rapidamente para que não colidissem, puxou o freio para que seu cavalo parasse, e antes que ele pudesse lhe dirigir a palavra, desceu do animal e correu adentrando a floresta. 

O beijo do amor verdadeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora