O beijo do amor verdadeiro

O fim da maldição

 Tudo seria deixado para trás e não haveria condições de medir esforços para chegar ao seu destino. Era o que ecoava no coração de Marinette.

Ela iria resgatar a vida do seu amor, iria devolvê-la para seu corpo... não importava o que iria acontecer.

De forma efetiva, cavalgava com rapidez pelos caminhos tendo Nino ao seu lado. Era uma pena pois não queria que ele tivesse ido. Era muito arriscado e não suportaria perdê-lo naquela batalha.

A única pessoa que deveria se sacrificar era ela mesma. Não deveria ter mudado o percurso do destino infringido o futuro com sua própria vontade... mas agora não tinha volta.

Iria até o fim.

A garoa, que antes estava branda se tornara em uma chuva densa e fria, mas a pele de Marinette estava quente, ardendo em brasas pela coragem e pela determinação. Seus olhos azuis ganharam um tom de fúria, faiscando enquanto encarava a rota que a levaria ao seu inimigo.

Naquele castelo em ruínas, onde corrompeu a alma trocando toda a sua felicidade por uma maldição... que iria ter fim agora. 

Percorrendo toda a distancia, mais adiante, pôde vê-lo erguendo-se em meio à tempestade. Finalmente, iria enfrentar o seu destino.

Na entrada, deixaram os cavalos. Não poderiam atravessar a ponte com aquelas almas tão puras e inocentes, estar na presença do espírito perverso, iria matá-los. 

Com passos firmes sobre a madeira velha da ponte, ambos caminharam um o lado do outro, munindo de suas espadas, prontos para qualquer ataque surpresa...até que...

- Estava a sua espera humana tola!

De repente, o eco da voz gélida salivou no ar fazendo com que os dois parassem no mesmo instante.

Nino sentiu seu coração apertar no peito, nunca havia sentido aquela dor... como se sua alma estivesse sendo cortada em mil pedaços por cada palavra proferida na atmosfera. Diferente de Marinette que conhecia bem aquela angústia, pois conviva com a lembrança da maldição marcada no seu peito pela cicatriz que lhe fora deixada ali selando o pacto.

Munindo de sua espada, a levantando para o ar, desafiou em voz alta. 

– Mostre-se agora criatura imunda!

A voz gargalhou estrondosamente e faíscas surgiram de todos os cantos como se fossem raios espalhados pelas paredes envelhecidas e deformadas da antiga construção.

- Como ousa me afrontar sua mortal idiota! Vocês humanos são tão patéticos e previsíveis!

Ventos em formas de braços e mãos passeavam em torno do corpo rígido de Marinette que ainda permanecia em posição de ataque. Nino havia deixado que seu próprio corpo ajoelhasse no chão, aquela dor que estava sentindo era muito forte... demais para suportar.

- Trazem aqui suas misérias,  suas perdições para entregá-las a mim de bom grado, me pedindo sempre algo em troca. E eu, generosamente atendo-lhes o pedido para que no fim... regressem para me ameaçar?! Hahaha... Como são idiotas! Imbecis!

- É verdade! Você está certa e é por isso que esse será o ultimo regresso de quem lhe vendeu algo. Eu irei dar um ponto final!

- Ah é mesmo? Como você é corajosa, e irá pagar caro, pela sua tolice!

Da escuridão, uma luz se fez em formato de um corpo feminino esvoaçante e nu, coberto apenas por um pedaço de pano leve. Seus cabelos eram tão brancos quanto seus olhos e suas mãos pareciam garras, famintas para cortar o coração de quem se atrevesse a se aproximar.