Capítulo 1

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Após uma grande explosão

Abre os olhos o cometa

Não sabia o que houve

E nem de onde veio.


Podia ver.

Tudo era belo:

Cores fascinantes,

Brilhos intensos,

Um calor aconchegante.


Talvez o começo de tudo

Ou o começo de uma parte.

De alguma forma,

Um impulso inercial desconhecido

O leva a horizontes distantes.


O pequeno cometa vagueava

Pela imensidão do Cosmos

Sorria e cantava

Por todas as constelações desbravava.


Conhecia sóis, planetas e nebulosas

Um navegante de jornada silenciosa

Escapou de algumas explosões

Furtivamente, desviou de colisões.


Fez amigos e conheceu civilizações,

Mas a melhor parte era ouvir o sonho de cada um

E lhes levar esperança.

Percebia o brilho no olhar de cada criança.


As estrelas o viam, eram tristes pelo explorador.

"Ele não tem um lar", diziam elas.


Brilhantes e formidáveis.

Cada estrela mais luminosa que a outra

Até parecia um concurso de beleza estelar.


Ainda assim, sempre sorrindo,

O cometa continuava vaguear.


Certo dia, talvez pela milionésima vez,

O cometa encontra uma velha amiga na galáxia Sombrero.

Era uma lua chamada Tione, pelos moradores dali,

Pergunta ele: "Amiga minha, devo ser triste por não ter lar pra dormir?"


Tione, um tanto confusa, pergunta:

"Mas como assim? Não está sempre viajando feliz e cantando?

Não precisas de um lar, tua casa é todo o universo."


O cometa continua sua jornada,

E logo ali, alguns anos luz depois,

Encontra um Sistema Solar.

Caçoavam do pobre cometa, pois não tinha uma família para abraçar.


Segue o cometa tristonho.

Não podia compreender, embora sempre feliz

De tanto falarem, duvidou;

Não de uma história ou de um boato,

Mas da sua felicidade.


E de repente se viu triste, cansado,

A jornada já não trazia mais tanta alegria

Havia perdido todo o encanto.


O cometa sentiu um verdadeiro vácuo de pronto.

E pela milionésima primeira vez

Reencontra sua amiga Tione.

"Amiga minha, devo ficar triste por não ter família?".


Tione, ainda confusa, não sabe o que dizer e aconselha:

"Meu amigo, pergunte ao Ancião Buraco Negro

De lá tudo enxerga, mesmo escuro, ali se encontra as respostas para o mundo.

Navegue devagar, pois ele não tem pressa de você chegar."


Segue o Cometa sua jornada ao centro de tudo.

Chegando ao velho sábio, um lugar aparentemente familiar

Parecia conhecer aquele pulsar

Teria ele habitado ali? Ou o lugar lhe habitado?


Encontra o Ancião e questiona:

"Por que me fere tanto a solidão?"

Prontamente, este responde:

"Porque não percebes o quão grande tu és.

Viajas pela vastidão

Contempla léguas dessa imensidão

Desfruta dos sorrisos e conhece todos os sonhos."


O velho lhe esclarecia, mas pouco de lhe convencia

Relutante em suas mágoas, o cometa segue sua caminhada.


Já não sabia o que fazer

Confuso nos questionamentos do seu próprio ser

Por que deveria ele existir?

Sem ter um lar ou uma família para a fazê-lo rir


Ainda pensativo, ao passar por um planeta próximo, escuta bem baixinho de uma criaça

"Eu desejo poder viajar pelos céus e poder ver todo mundo pequenininho lá de cima"


Como num estalo, o cometa então percebe

A busca para encontrar

As trajetórias que viajou e iria viajar

As cores a perceber

Tinha a existência repleta de momentos


Não havia respostas para todas as perguntas

Mas para todas as perguntas haviam belíssimas histórias

Felizes instantes

Não poderia parar

É preciso navegar


Vivia o sonho de muitos, mas agora viveria seu próprio sonho

Reconhecia sua liberdade, e finalmente, toma para si sua felicidade.

Sem perder muito tempo, lança-se ao infinito buncando novas aventuras.

Passeio SideralWhere stories live. Discover now