You look like a movie, you sound like a song [Tradução PT-BR]

Capítulo 1

Glossário

- Budae jjigae: http://bit.do/budaej
- Samgyupsal kimbap: http://bit.do/skimbap
- Seollal: http://bit.do/seollal
- Kimchi mandu: http://bit.do/kimchim
- Capa do Tom Cruise: http://bit.do/capatc
- Top Gun: http://bit.do/t0pgun

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Existem realmente poucas coisas na vida que Kyungsoo tem medo. Amar tanto que até machuca não é uma delas. Na verdade, ele acha fofo, a dor de amar alguém e não ser correspondido, como nos filmes. Ele acha que há um certo elemento do romance ali, o imenso desejo por alguém que está tão perto, mas, ainda assim, parece tão longe, onde a única forma de não se afogar é engolir esse sentimento e escondê-lo no fundo da sua alma. Ele gosta disso, do sentimento de amar e se machucar ao mesmo tempo, porque sabe que, no fim do dia, nem sequer teve chance. Não se tem esperança aqui. O amor verdadeiro não perde. Sim, Kyungsoo não tem medo do amor.

Na verdade, Kyungsoo amou um total de cinco vezes. E embora cinco pareça muito para alguém da idade dele, ele acha um número saudável. Amor talvez seja uma palavra muito forte, talvez "gostar" seja mais apropriado, mas Kyungsoo tende a ser um pouquinho dramático demais quando está analisando sentimentos, especialmente os próprios. Ele supõe que é algo natural depois de assistir muitos filmes. É por isso que ele não se incomoda de já ter se apaixonado por cinco pessoas. Ele gosta de pensar neles como degraus em sua pequena vida até agora. Todos foram especiais no tempo em que fora apaixonado, cada um por motivos diferentes. Eles o fizeram notar coisas importantes sobre si mesmo quando precisava de respostas e conselhos. Ele pensa nos seus sentimentos como uma forma de descoberta, um aprendizado.

Porém, Kyungsoo não deixa esses sentimentos se desenvolverem por muito tempo. Na verdade, ele escreve uma carta de amor quando eles são demais para aguentar e não há nada que possa fazer além de colocá-los para fora. Achou fácil escrever as palavras num papel, porque pessoalmente não é tão bom com palavras. Mas com uma caneta ele pode facilmente parar e pensar antes de escrever os seus sentimentos, e ele pode facilmente apagar palavras quando não parecem certas. Ou, se está se sentindo particularmente seletivo, pode até pegar uma folha de papel nova e começar tudo de novo.

Kyungsoo gosta de estar no controle, gosta quando as coisas estão onde ele quer que estejam. Ele lida com os seus sentimentos da mesma forma. Quer domá-los e ajustá-los, e quando eles saem do controle, muito intensos para controlar, ele escreve uma carta de amor.

Mas nunca as envia. Nenhuma sequer.

Ok, ele as selou e até colocou o endereço por autenticidade, mas nunca enviou nenhuma delas. Ele escreveu a maioria dos nomes em hangul por não ter a menor intenção de enviá-las. Então, por quê? O mesmo motivo pelo qual ele nunca se confessou. Se confessar para alguém que você gosta parece mais como um fim, um pouco como o fim da linha. É sempre quando os filmes mostram os créditos ou quando os livros acabam. Depois de se confessar, o que acontece? O que ele faz? Vai ser rejeitado ou vai ser recíproco, mas o que vem depois? É um território muito desconhecido e Kyungsoo não gosta de coisas que não conhece. Então, ao invés de tentar, ele simplesmente não faz nada.

Para que as cartas servem, então? Um tipo de exorcismo próprio, ele acha. Ele odeia escrever artigos de escola. Odeia escrever em geral, se for pra ser honesto. Sempre preferiu fotos e vídeos. Então, sentar e ter o esforço de escrever o que sente num papel e selá-los parece mais como purificar a sua alma dos demônios internos — os sentimentos — para que eles nunca mais possam perturbá-lo de novo. Quando coloca as cartas na caixa velha de chapéus da mãe dele e a empurra para o fundo da prateleira do closet na ponta dos pés, é como se estivesse os prendendo longe, onde não podem machucá-lo. Do jeito que gosta.