Trilha sonora e Placas iluminadas

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Não é tão simples hoje contar as vivências e descobertas de maneira cronológica e purista.  Porque aquela ingênua ignorância do princípio não existe mais , hoje eu conheço os bastidores, as mentalidades, as ruas e os produtos do supermercado.

Porém ao voltar a retratar esses fatos me vem memórias tão intensas.


Sinto a tensão do dia  30 de março de 1989 quando chegava a hora de eu  entrar no avião no Galeão.  Surreal para mim.  Nunca tinha andado de avião,  nunca tinha morado em outro país. 

Eu vejo tão nitidamente meus pais e os outros queridos parentes e amigos no aeroporto.  Tanto carinho comigo. Mais tarde vi filhos na Alemanha indo ficar fora num intercâmbio ou voltando e não tinham sempre pais, muito menos amigos esperando no aeroporto,  talvez porque em país rico é normal viajar sempre ou porque não se tem tempo assim "sobrando". Outras riquezas,  outras pobrezas.

Até hoje ao ouvir a música (tão típica anos 80) de Robin Beck " The very first time" eu sinto fisicamente as sensações do avião levantando voo. Foi a primeira música que ouvi num fone de uma aeronave e que combinava tão bem com o momento e como num filme me emocionava às lágrimas. Muitos anos depois uma coincidência musical num avião me fazia chorar de emoção mais uma vez,  quando eu voava em 2012 da Bahia para o Rio de Janeiro para um reencontro na escola e a escolha aleatória das músicas me trouxe Milton Nascimento e "Coração de Estudante".

(Vou abrir um parênteses para explicar que não sou pessoa de chorar com frequência,  isso fortifica as duas cenas do avião e das músicas).

Mas quero mesmo é falar da minha primeira impressão na Alemanha. Cheguei em Stuttgart de noite e ao sair do aeroporto, marcante demais foram as placas da Autobahn iluminadas por dentro com letras enormes com os nomes das cidades. 

Seria tão fácil se na estrada da vida as placas fossem tão legíveis,  claras e nítidas como aquelas. Mas na maioria das vezes a vida real é como uma BR de mão dupla sem faixas pintadas e o caminho a gente é que tem que adivinhar.

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