Eu e minhas cartas, para dividir com meus familiares e amigos minhas novas impressões. Num tempo sem Facebook, instagram e comunicações diretas e ao vivo cruzando o mundo. Para a nova geração isso é tão difícil de imaginar. Carta em papel fino para não ser muito pesada e cara, selos coloridos e temáticos e carimbos com a data que mostrava se a carta demorou apenas uma semana para chegar como era o normal ou se teria se perdido e as notícias já passavam de um mês.
Selos colados nas cartas...
Hoje as poucas cartas que são enviadas pelo correios tem selos auto colantes e não aquela cola que deveria entrar em contato com água ou saliva para grudar no envelope.
Eu não parei de escrever cartas quando fui passar meio ano em Bruxelas e esse meu hobby me fez vivenciar uma cena que caberia talvez no cinema meio de horror. A funcionária belga, pálida de cabelo escorrido pegava os selos e colocava uma língua enorme para fora e lambia os selos. Eu ainda na fila tendo duas pessoas na minha frente não acreditei no que via, me senti num filme como o Máscara, MIB ou Alien ao ver aquela língua enorme e pegajosa umedecendo os selos um a um e ao chegar na minha vez eu tinha esquecido de fechar o envelope e ela gentilmente ainda teve que lamber minha carta quase toda para lacrá-la. Nao sabia se achava aquilo prático ou se sentia falta daqueles potes de cola horrorosos e gosmentos dos Correios do Brasil que colam envelope com carta com seu dedo e a bancada onde se encontram à disposição do cliente.
Depois de alguns meses já não mais me assustava com a língua da funcionária e nem tinha mais pena dela ao imaginar como ela estaria se sentindo no fim do expediente. Cheguei a imaginar se não teria algum tipo de alucinógeno na cola belga e ela fazia aquilo por prazer. Será que hoje essa funcionária aposentada sofre com abstinência?
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Exótica, eu?
HumorMinhas histórias entre dois mundos. Experiências e vivências desde 1989 entre Brasil e Alemanha.