Amor de Colegial

Capítulo 2

Peguei um pedaço gigantesco da pizza portuguesa que meus amigos e eu pedimos. No começo eles ficaram um pouco chateados quando Samanta e eu contamos sobre a minha retirada obrigatória do colégio, mas no final das contas todo mundo entendeu.

— B, não vai ficar chata como a galera do teu colégio novo, viu! — André falou com aquele jeito largado dele.

— Eu nunca vou virar uma princesa do colégio! — Garanti.

— Acho bom... acho bom...

Segunda-Feira vai começar a minha batalha no novo colégio e definitivamente não estou preparada para isso!

— Amiga, aposto que lá tem muito menino gato! — Gigi comentou com o olhar cheio de segundas intenções. — E você precisa me apresentar um deles.

— Acho difícil porque não pretendo socializar muito com as pessoas de lá, sabe?

— Que bobagem Belinda! — Ela bufou. — Vai namorar garota!

O que? Namorar? Como assim eu tenho que namorar? Nunca namorei na minha vida e com certeza o meu "amor verdadeiro" não está escondido naquele castelinho entupido de garotos chatonildos. Credooo!!!

Colocamos um episódio de Friends na Netflix e nos sentamos ao redor da televisão para assistir essa maravilha criada pelos gênios do entretenimento.

— Eu amo a Rachel! — André falou com a boca cheia de comida. — Queria namorar com ela!

— Como se ela fosse querer namorar com você, né! — Gigi deu uma cortada maldosa nele. Ela pode até brigar bastante com o André, mas a verdade é que eles se gostam no modo furtivo.

— Pra começar, ela nem existe de verdade, né. Mas, você pode se iludir com a Jennifer Aniston. — brinquei.

— Acho que a gente deveria assistir aquele novo filme da Netflix que ela fez. — Ele deu a ideia. Na verdade, eu já assisti esse filme com os meus pais, então não parece uma coisa muito legal de se fazer novamente, mas concordo em ver novamente.

— Eu morri de rir assistindo essa comedia! — Samanta falou enquanto procurava pelo tal filme no catálogo.

Como o colégio Ponta Fina é integral, é provável que essas reuniões aconteçam com muito menos frequência. Vou sentir a falta dos meus amigos. Nem acredito que estou trocando meus amizade verdadeira por livros empoeirados e aulas chatas.

— Achei! — Samanta gritou.

Dei tanta gargalhada que o refrigerante saiu pelo meu nariz. Samanta riu da minha cara e cutucou a Gigi para que ela rir junto. Peguei um guardanapo e assoei o nariz. Não sei o que acontece, mas esse tipo de coisa acontece comigo o tempo todo. Passar vergonha com comida é a minha especialidade.

Terminamos de assistir ao filme e começamos a guardar as coisas. André deitou a cabeça na almofada e tirou um cochilo. (ele sempre dorme pra escapar da parte chata).

— Belinda, o que você vai fazer amanhã? — Gigi perguntou enquanto varria a sala.

— Acho que vou sair com os meus pais pra comprar material escolar. Por que?

— Eu pensei que a gente podia dar um pulinho na praia. — Ela deu de ombros.

— Eu nem gosto de praia.

— Quando o teu novo colégio entrar de férias, você vai reservar o mês todo pra passar o máximo de tempo possível com seus velhos amigos, mana! — Samanta falou como se fosse a nova regra da vida.

— Pode deixar, amiga! — Concordei.

❤

Coloquei meu All-Star e prendi o cabelo em um rabo de cavalo bem alto. Já ouvi minha mãe dar uns três berros da cozinha, então com certeza estou mega atrasada. (respeitar horários não é o meu lance).

Bati a porta do quarto com muito mais força do que eu queria e leve um susto quando o barulho chegou. Ouvi meu irmão gritar um palavrão do banheiro, então sai correndo antes que ele pudesse vir tirar satisfação comigo.

— Mãe! — Gritei. — O que tem pro café da manhã?

— Tem café, sanduiche e maça.

— Vou querer tudo!

— Só não vai comer muito porque o teu pai ainda não tomou o café da manhã, viu. — Ela avisou.

— Pode deixar.

— Ah, eu preciso comprar algumas coisas no mercado para fazer o almoço, então tenha cuidado para não ocupar demais o seu tempo lá.

— Tenho poucas coisas para comprar. Sabe, apenas cadernos, canetas e uma caixa de lápis de cor.

— Esse ano o seu pai vai finalmente se formar na faculdade, então é provável que a nossa condição financeira melhore bastante. — Ela falou bem sorridente. Já faz cinco anos que meu pai está estudado direito e a família inteira mal pode esperar para a grande formatura.

— Vamos dar uma festinha de formatura, né?

— Com toda certeza! — Ela garantiu. Nessa família a gente gosta de comemorar bastante quando alguém da família conquista alguma coisa.

❤

Peguei dois pacotinhos de caneta e três de lápis. Como sempre escolhi o caderno cor de rosa e um marcador de texto verde.

— Oi, linda. — Disse um garoto da cabelos longos e olhos verdes. Será que ele está dando em cima de mim?

— Oi.

— Tá procurando alguma coisa?

Essa é a cantada dele? "tá procurando alguma coisa?". Bom, se estou no mercado com uma cestinha, então é obvio que estou procurando alguma coisa, né! Só não estou procurando a campainha dele!

— Sim. — Dei de ombros.

— Então quer ajuda moça bonita?

— Eu me viro muito bem, obrigada! — Respondi irritada.

— Mas estou desposto a te ajudar. Eu vim até aqui só com essa intenção. — Ele falou do jeito mais bizarro de todos. Quem esse cara pensa que é?

— Perdeu seu tempo!

Hoje em dia a gente não pode nem comprar material escolar que já parece um babaca querendo tirar casquinha!

— Olha só... acho que te começo. — O cara chato falou como se eu quisesse prologar essa conversa.

— Felizmente eu nunca tinha te visto antes! — Rebati.

— Você não é a garota que conseguiu uma bolsa integral naquele colégio de rico?

— Isso não é da sua conta!

— É você sim!

— Olha aqui, se você não sumir da minha frente agora mesmo, eu vou chamar o segurança do mercado! — Ameacei.

Depois desse aviso ele saiu andando como o perfeito covarde que é. E ainda tentou "desfilar" de um jeito descolado. Ninguém merece!

— Babaca! — Falei sozinha.

Paguei pelas coisas que comprei e levei o carrinho até a parte da frente do mercado onde combinei de esperar pela minha mãe. Ela disse que poderia demorar um pouco já que hoje é dia de promoção e nesses dias as filhas são gigantes. Me sentei no banquinho da frente e catei algumas moedas do bolso para ver se consigo comprar um sorvete.