Capítulo Cinquenta e Um

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De todas as vezes que fiquei com raiva das atitudes de Drácula essa é a que fiquei mais possessa.
Acho que é porque aos poucos eu estou conseguindo ficar mais íntima dele. Talvez eu tenha me arriscado muito em confiar em suas palavras:
- Como assim na mansão de Havinna? - Grito. - Ela mandou Coral me prender em outro mundo. - Ele não responde, então continuo - Eu pensei que tínhamos que tomar mais cuidado com ela.
Ele me olha, e seu olhar diz: "Você é burra?"
- Como eu disse, ela estava brincando porque sabia que eu ia te salvar, e mesmo que ela não estivesse brincando não iria te matar antes da lua de sangue. Porque ela precisa do seu sangue - A cara que ele faz enquanto fala tudo isso como se fosse uma coisa normal prova ainda mais o quanto ele é sem coração.
Não tenho uma resposta concreta para isso, ele está certo. Eu me sinto humilhada por não perceber isso antes, e é por isso que me nego a ficar calada.
- "Brincadeira"? - Murmuro indignada. - Aquilo não foi uma brincadeira, eu quase fiquei presa lá dentro!
- Você parece uma criança. - Seu rosto sério não diz o que ele está pensando, se ele quer me provocar ou se está realmente falando sério.
Abro a boca para protestar, mas ele começa antes de mim:
- Depois falamos sobre isso. - Diz em tom decisivo ao abrir a porta.
Ele não quer falar sobre isso.
Ele não me leva a sério mesmo!
Drácula oferece sua mão para me ajudar sair do carro estou muito nervosa com ele, e apesar de ser minha vontade rejeitar a sua mão e cair forra o mais rápido possível desse maldito lugar, aceito sua ajuda já que não tenho nenhuma opção além de ficar perto dele como um fiel cãozinho.
Drácula avalia meu rosto meticulosamente me deixando sem graça e desconfortável quando sinto o sangue se espalhar pelas minhas bochechas. Por fim uma de suas mãos vai ao meu cabelo e ajeita alguns fios que estão fora do lugar, sinto sua mão mexendo aqui e ali cuidadosamente.
Tira essas mãos sujas de cima de mim. Quero rosnar pra ele.
- Assim está melhor. - Diz sem se importar com meus pensamentos.
- Eu não devia ter confiado em você. - Murmuro.
Seu rosto está inexpressivo, inabalável, sem emoções quando diz:
- Não, não devia.
Droga, minha vontade é de socar ele até fazer ele sentir alguma emoção além de indiferença.
Olho para a prisão a minha frente.
A residência de Havinna é uma mansão, tão grande quanto a de Drácula, os muros que ladeiam ela são enormes e acima deles há arames farpados, com certeza com eletricidade, parecendo uma prisão.
O portão se abre automaticamente quando nos aproximamos.
Andamoa por um caminho de pedra entre gramado e flores, isso não é a cara de Havinna, ela não combina com flores ou nada que é vivo.
-Aqui. - Drácula me oferece seu braço quando chegamos a porta de madeira escura.
Meu coração bate, descompassado, por mais que eu não queira admitir eu sei que no fundo estou com medo de Havinna... Se o que Drácula diz for verdade, - e eu sei que é - ela não vai me matar, mas estar no mesmo lugar que ela me deixa muito desconfortável, ela me olha como se eu fosse um pedaço de carne e ela a presa.
Não é preciso Drácula bater na porta, ela simplesmente abre e logo somos saudados por um homem vestindo um traje elegante com detalhes dourado nas bordas. Ele faz uma reverência exagerada e cumprimenta Drácula me ignorando completamente.
- Seja bem vindo, mestre.
Estou o mais calma possível, meu olfato não é tão aguçado quanto o dos vampiros, mas o cheiro que Drácula deixou em mim indica que também sou um vampiro.
Ele me avalia de alto abaixo, talvez esteja considerando se deve me deixar entrar, mas ele olha para meu braço entrelaçado no de Drácula e reconsidera, ele nos dá passagem.
Drácula me arrasta para esse mundo sem volta, não estou com medo dos vampiros, lógico que não, já estive nessa situação na última vez quando Drácula e eu ficamos noivos, e para minha surpresa todos foram super gentis comigo.
Mas agora meu coração estremece só de pensar em Havinna me sondando.
Entramos em um enorme salão, há um clima de alegria espalhado por todos, a música alegre está tocando enquanto alguns dançam, outros estão apenas observando ou conversando com alguém.
Como esperado todos param o que estão fazendo, vários pares de olhos se dirigem a nós, ou melhor a Drácula, ele é como um ímã, afinal ele é o mestre dessas pessoas. Sem olhar para o rosto de ninguém ele me arrasta para a multidão de gente e aos poucos as conversas voltam ao normal, e meu coração também.
Respiro fundo, ergo minha cabeça e endireito minhas costas. Não quero mais ser a menina fraca que fui até agora, já passou da hora de eu me acostumar com esses vampiros, terei que lutar com...

A Bela e o DráculaOnde histórias criam vida. Descubra agora