Lugar errado, hora errada.

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Pequena sinopse do conto.

Uma prostituta em um país estrangeiro, estava vagando entre um posto de gasolina com caminhões estacionado em busca de clientes quando vê algo inesperado... A cena era algo muito grotesco que fez seu cigarro recém aceso cair no chão. Ela tinha visto de tudo naquela vida, mas aquilo... Era algo que uma pessoa verdadeiramente ruim faria.

Primeira parte.
Dias atuais, 2015.

Avistei minha escrivaninha de madeira marrom polida, onde estava tudo de maneira impecavelmente organizada, lá tinha um caderno de capa preta, uma xícara com a figura de cachorro fofinho onde se encontrava canetas e lápis, um notebook branco no centro, a visão do meu notebook branco na minha mesinha me incomodava por achar que não combinava do jeito que estava arrumado, mordi imediatamente o lábio com uma sensação de nervosismo e pensei que tenho que superar isso. Por fim um fiel companheiro se encontrava ali, meu maço de cigarros e meu cinzeiro de cristal. Sentei na minha cadeira de escritório daquelas bem confortáveis, peguei meu maço de Marlboro, retirei um cigarro coloquei na boca, mas logo lembrei que tinha esquecido o isqueiro em meu quarto, levantei e atravessei o corredor escuro que abria caminho até meu quarto, as únicas luzes que iluminava o corredor era as dos postes da rua que adentrava timidamente no local. Cheguei até meu quarto, acendi as luzes que por um momento tive que apertar meus olhos por causa do incômodo, as luzes revelava um quarto amplo com uma TV na parede, carpete cinza no chão, uma cama King size que de cada lado possuía mesa de cabeceira na coloração branca onde se projetava gavetas a baixo com itens variados e acima abajures para auxiliar em uma leitura noturna, a porta do lado esquerdo que dava para o closet onde eu guardava minhas roupas e na parede havia alguns quadros geométricos preto e branco enfeitando acima da cama. Ainda com o cigarro na boca fui direto a uma das mesas da cabeceira, abri a gaveta e iniciei minha busca que por sorte foi um sucesso porque encontrei rapidamente meu querido isqueiro. Voltei até meu escritório, me sentei novamente na cadeira, acendi meu cigarro que se encontrava em meus lábios, traguei profundamente, deixando que meu corpo absorvesse e alguns segundos depois larguei a fumaça. Abri meu o meu notebook, esperei que ele ganhasse vida e então...

Segunda parte. Comecei a digitar tudo que tinha acontecido no ano de 1995.

E

u sai do meu país com o sonho de fazer minha vida fora, sempre fui uma garota sonhadora, facilmente iludida e inocente. Mas tudo isso foi tirado de mim, vim para os Estados Unidos com o intuito de ser modelo, aos 18 anos no ano de 1995 conheci um homem de aproximadamente 50 anos, ele falou que eu era muito bonita e que teria projetos para desfiles para mim. Isso tudo foi uma  mentira deslavada, me sinto uma idiota por ter acreditado nisso. Rapidamente fui instruída para tirar meu passaporte e visto, o processo demorou alguns meses... Quando cheguei no local e dei conta do que era, entrei em estado de choque. Eles me explicaram que eu tinha uma divida, da passagem, passaporte, visto, moradia, roupas e outras coisas que eles adicionavam. Eu estava em uma rede de prostituição. Mas na época eu não tinho como sair de imediato, criei uma divida relativamente grande e que faziam de tudo para aumentar.
A alguns meses aqui eu e outras garotas fomos para outra cidade atender uma demanda que foi pedida ao nosso cafetão, inclusive essa palavra “cafetão” me dá um asco tão grande, uma repulsa que nem sei explicar e isso que estou falando da palavra, não do cafetão em si. O Billy era um homem muito asqueroso, ele era alto, usava sempre conjunto de roupa moletom, tinha os cabelos loiros raspado na máquina 2, olhos verdes e feições que claramente a gente vê que é de uma pessoa simpática. Mas tudo isso é uma máscara, ele não era muito paciente, principalmente com aquelas que são recém chegadas e que ficam desesperadas quando percebem que caíram em uma armadilha. Ele pode ser um homem muito agressivo ao ponto de bater muito em outras garotas. Logo quando cheguei foi horrível, eu apanhei muito de ter que ficar uma semana sem trabalhar, mas logo aprendi a lição, melhor obedecer do que apanhar até ficar muito machucada e de cama ou até mesmo realmente morrer.

Alguns meses antes, chegada no aeroporto.

Fiz uma viagem de quase 30 horas por conta das conexões que os aviões fizeram, foi bastante cansativo, ruídos para todos os lados, conversas alegres, crianças chorando, tinha bastante pessoas e as vezes isso me deixava incomodada. O avião não era muito confortável, as cadeiras da frente com a de trás eram bastante próximas ao ponto de se a pessoa querer reclinar isso causaria desconforto para o passageiro de trás, o avião era decorado em verde limão e branco, era bastante brega e ridículo. Felizmente eu tinha sentado na janela, que tinha uma espécie de “cortina de plástico” que podia ser puxada para baixo caso estivesse fazendo sol ou se a pessoa estivesse apavorada. Esse pensamento me fez rir porque nas estatísticas era bastante difícil um avião cair, mas hoje em dia entendo que o pânico e medo as vezes não precisa fazer sentido e um cara com um bigode bastante grosso e que fazia voltinhas no final me olhou estranho pelo simples fato de eu rir sozinha, o fitei por algum momento e peguei um livro que eu tinha levado para ler. Essa lembrança tinha acontecido a muito tempo, mas eu não conseguia recordar do rosto do homem que estava sentado ao meu lado, mas sim daquele estupido bigode.

***

Tudo que escrevo nessa carta tento lembrar da melhor maneira possível, pois já faz muito tempo que isso aconteceu, pois já fazem 20 anos do ocorrido e que me jogou nessa situação atual. Então vou tentar detalhar tudo com riquezas de detalhes. Todas as vezes que escrevo de novo o ocorrido, parece que me lembro com mais detalhes do que aconteceu.

Voltando a minha história, eu tinha sido mudada de posto, iria trabalhar em posto de gasolina, onde tinha bastante demandadas de caminhoneiros, não irei entrar em detalhes do que eu fazia, esse não é o foco principal da história e são detalhes irrelevantes. Bom, esse posto de gasolina que eu estava nesse fatídico dia, era numa espécie de interior, era rodeado de árvores que se você ficasse olhando por muito tempo teria a impressão que estaria saindo algo assustador daquele local. O posto em si era bastante iluminado, tinha uma loja de conveniência onde trabalhava um cara bonitinho que estava lendo uma revista de forma entediada, o movimento a noite de carros e caminhões estava bem lento, essa noite eu só tinha atendido uns três clientes, uma colega minha tinha ido atender um cliente, o cara era um pouco estranho, mas era familiar de alguma maneira provavelmente tinha sido um cliente meu. Eu e a Isa tínhamos criado uma regra, se durante o programa demorasse 30 minutos ou mais era para ir da uma procurada na outra. Resolvi ver como ela estava, também iria dar uma volta para ver se achava algum cliente, pois precisava pagar as minhas dívidas, apesar do posto ser bem iluminado o estacionamento não era tanto assim, fui até o caminhão onde a Isa se encontrava com seu cliente e eles pareciam estar conversando e dando risada. Lembro de ter dado um sorriso aliviado com essa imagem.

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⏰ Última atualização: Sep 06, 2019 ⏰

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