E que mais?

II

  Saio do trabalho e ligo ao António.
  – Vejam se não é a rapariga mais drenada da cidade – atende animado.
  – Toniii, como é que é puto?
  – Ontem lembrei-me de ti, foste ao bar outra vez?
  – Claro, agora sou sócia não sabias? – oiço um riso no outro lado da linha. – Hoje queres sair? Estava a tentar combinar alguma cena com o pessoal. – Claro, conta comigo. Já têm algo em mente?
  – Hum, pois... Ainda não.
  – Que tal a praia? Levávamos pizzas e bebidas.. não? – pego nas minhas chaves de casa e abro a porta.
  – Por mim parece me bem, vou ver com eles.
  – Vá já te digo alguma coisa piolha – o António estava prestes a desligar quando o chamo.
  – Ah e toni, posso levar uma amiga?
  – Claro! – percebo que ele sorri – É gira?
  – Depois vês xuxu, beijinhos.
  – Ei Sara não me faças isso.
  – Hasta luego! – e desligo a chamada.
  Vou à casa de banho e faço as minhas necessidades.
  Passaram se algumas horas e a campainha toca.
  Lavo as mãos e olho para o olho mágico da porta, abro-a de seguida.
  – Quanto tempo? – a Mariana ironiza e entra casa adentro. – Dei te autorização para entrares na minha casa? – abre o frigorífico – E abrires o meu frigorífico? – finjo zangada.
  – Fogo Sara, mas o que é que tu comes?
  – Comida pré feita.
  – Tens de arranjar um namorado para te fazer a comida porra – resmunga – agora quero comer e não tenho nada.
  – Não comeste no café?
  – Não.
  – Então vou calçar os ténis e vamos às compras.
  – Vais cozinhar?
  – Não, tu vais. – paro por uns segundos e penso no que acabara de dizer enquanto isso, a Mariana franze o sobrolho. – Ok vamos a um restaurante.
  – Bem me parecia.
  – Pagas tu.
  Ela bufa.
  Tínhamos acabado de pedir quando o meu telemóvel toca.
  – E então fofo?
  – Às 22h na casa do Esteves. – olho para o relógio para ver as horas. São 20:30h – Não vamos à praia.
  – Tudo bem. É preciso levar o quê?
  – Uma bebida à vossa escolha. Quer dizer... a tua amiga bebe?
  – Não.
  – Então ya leva só uma bebida.
  – Ok, até já.
  – Até já.
  Desligo a chamada e pouso o telemóvel na mesa.
  – Daqui a uma hora e meia vamos à casa de um amigo meu.
  A Mariana para de comer e arregala os olhos para mim.
  – Han?
  – Ele chama-se Diogo Esteves, fizemos a faculdade juntos. – continuo.