Let's not be friends • jjk + pjm

Parte um

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丨Jeon Jungkook丨

Nós nos conhecemos ainda no jardim de infância, cerca de vinte anos atrás.

Sua família havia acabado de chegar na cidade, e ele, seu irmão e seus pais passaram a morar na casa bem na frente da antiga casa da minha mãe. Nós passamos a andar juntos naquele tempo, mesmo que ele passasse quase cem por cento de seu tempo dentro de casa ou então numa lan house com Kim Taehyung, seu antigo, atual e sempre melhor amigo.

Por todos os anos seguintes — por nossas mães terem se tornado amigas, logo no começo —, nós estudamos na mesma escola, até o ensino médio. Nesse meio tempo, conforme crescíamos, nós fomos nos afastando mais um do outro, mesmo que ainda nos víssemos casualmente vez ou outra.

Então eu me mudei para Harbor Bay, onde fiquei por uns bons anos e finalmente fiz minha faculdade de fotografia.

Por ter sido o mais novo a já ter ganho um prêmio pelas melhores fotografias do ano, fui entrevistado em rede nacional no dia seguinte. Quando aleatória e desnecessariamente perguntaram sobre minhas ex namoradas, eu os corrigi dizendo que eram ex namorados e que isso não era relevante. Porque eu, particularmente, nunca tive problemas com a minha sexualidade. Nunca tive realmente um problema em dizer que gosto de garotos ou qualquer coisa assim, afinal eu apenas vou viver uma vez e não posso desperdiçar esse tempo fingindo não gostar de algo apenas porque a maioria dizia ser errado, ou nojento, ou qualquer coisa assim.

Para mim, nunca fez sentido e nunca irá fazer.

Quando voltei para Angeles, minha mãe me recebeu em casa com uma bela de uma carranca no rosto. Ela não me disse nada, apenas me deu passagem e disse que o jantar estava quase pronto e que eu deveria esperar na sala.

A mesa estava cheia, com arroz, saladas e frutinhas por todo lado; havia apenas uma parte vazia no centro, onde ela certamente colocaria o assado. Além de nós dois, havia apenas alguns tios que eu não me recordava o nome e nem tinha interesse em redescobrir. Estava pensando seriamente em dar no pé, uma vez que a minha mãe não parecia estar interessada na minha presença e ela era a principal razão de eu estar ali.

Só que foi aí que eu ouvi a voz dele.

Eu não me lembro quais foram exatamente as suas palavras, na verdade. Me recordo bem de ter visto ele abraçar calorosamente a minha mãe e então vir em minha direção. Naquele momento, eu tive certeza de que, se anjos existissem, havia um bem na minha frente, vestido de camisa branca, casaco xadrez e calça jeans. Com uma bota preta e gorro na cabeça, ele parecia ter vindo direto do céu. E isso parecia fazer todo o sentido na época, mas hoje apenas percebo que não importa a roupa ou a falta dela: esse homem sempre seria um anjo para mim.

Mas se anjos existissem, eu tinha certeza que um deles se chamaria Park Jimin, e ele estaria sorrindo em minha direção.

— Fazia tanto tempo, Jeon! — ele me cumprimentou, parando a centímetros de distância de mim. Eu respirei fundo na tentativa de conter a minha ansiedade nada repentina. — Como foi lá em Harbor?

— Legal. — eu lhe respondi, categórico, mas logo tornei a falar, não querendo de modo algum soar indelicado: — Você sabe, campus, faculdade, festas, provas... O de sempre. Foi bem divertido, até, mas nada demais. E você, como tem andado?

— Infelizmente com as pernas, a minha cauda de tritão ainda não cresceu para eu poder dar a volta ao mundo. — ele revirou os olhos como se estivesse falando sério, mas me acompanhou quando eu dei risada. Seu senso de humor ainda era como eu me lembrava. — Eu estou indo bem, sabe? Mas tive de trancar a faculdade por causa do trabalho há uns anos, depois que minha mãe ficou doente... Desculpa, a gente se encontra depois de um tempão, e eu te encho com essas coisas.

— Tá tudo bem. — eu ri, apertando o seu ombro levemente e fazendo-o rir baixo, mais relaxado. — Achei que tantos anos que passei te aturando deveriam ter te feito perceber que não largo de mão tão fácil.

— Me aturando? — ele exclamou, arregalando os olhos levemente, numa indignação claramente fingida. Adoravelmente risível. — Era você quem ficava o tempo inteiro jogando na minha cara que sempre vencia no xadrez! Que história é essa?

— Jimin. — nós dois nos viramos quando a voz de minha mãe interrompeu a nossa conversa. Ela parou na nossa frente e seu sorriso era tão caloroso quanto o da Madrasta para a Cinderella. — Sabe, com toda essa situação da sua mãe, não seria melhor você morar com alguém? Algum amigo, assim você poderia trabalhar menos e terminar sua faculdade, certo?

Qualquer um que ouvisse aquilo com certeza acharia que ela tinha a melhor das intenções. Mas quando ela continuou a falar sem sequer dar tempo a qualquer um na sala de falar alguma coisa, ela estragou qualquer credibilidade que tivesse como pessoa.

— O Jungkook ganhou um prêmio em dinheiro bem gordo esses dias. Algumas de suas fotografias foram para um museu bem importante lá em Harbor Bay. Talvez devesse morar com ele, eu não acho que ele iria reclamar. — e, talvez, notando a expressão confusa do garoto ao meu lado, ela finalizou: — Ele é gay. Sabia disso? Mas talvez devesse trancar a porta quando tomar banho, vai saber o que gente como ele iria...

E todo o seu discurso foi interrompido pelo ataque de risadas que o Jimin teve. Até mesmo eu ri, mas em modo totalmente automático e desacreditado, sem nem entender onde ele estava vendo graça naquela merda.

— Senhora Jeon, com todo respeito, mas eu já sei disso há anos. — o Jimin disse, ainda se recuperando as risadas repentinas. — Eu só não dizia nada porque não tinha certeza sobre a minha própria sexualidade e não queria confundir as coisas, mas... De verdade? Se um dia eu e seu filho formos morar juntos, eu não me importaria nem um pouco em deixar a porta aberta. 

↬ Continua...

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A história já está pronta e terão seis capítulos, que inclusive também não serão enormes — se bem me recordo, o maior é o último. Eu ia publicá-la como original, mas preferi fazer da forma que foi originalmente criada. LNBF foi publicada aqui antes, mas retirei a publicação por razões de não sei? Pane no sistema, porém aqui está novamente!

Obrigada por chegar até aqui 💜