Parte três

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Jeon Jungkook

Como eu havia citado não muito tempo atrás, eu nunca realmente me importei em dizer ou esconder que gosto de garotos. Mas pelo mesmo motivo, eu nunca cheguei em minha mãe e disse "mãe, eu sou gay", porque para mim não havia o mínimo sentido, afinal... ela precisaria que eu me assumisse caso fosse hétero?

Eu não costumava pensar muito sobre como seria a sua reação, porque ela é a minha mãe e, por isso, minha sexualidade não deveria afetar em qualquer coisa, certo? Errado.

Ela não falou comigo depois e eu também não fui atrás dela. Por que iria querer me sentir mal ouvindo o que ela teria a dizer? Sua lgbtfobia era — e ainda é — muito tóxica para eu querer chegar perto. Sendo minha mãe ou não, eu simplesmente preferi manter a minha saúde mental e me afastar dela até que — talvez — um dia ela decidisse aceitar as pessoas como são. Aceitar seu filho como ele é.

Mas eu preferi não passar muito tempo remoendo aquilo. Tive uma boa infância, apesar de tudo, e foi ela quem pagou os meus estudos e toda a minha faculdade desde que meu pai foi embora quando nasci. Mesmo que ela seja assim, é por sua causa que hoje estou onde estou e com quem estou. E apenas por isso, eu lhe sou grato.

Aceitei a oferta de emprego de uma agência de modelos e outros tipos de artistas (como cantores e dançarinos) apenas alguns dias mais tarde. Foi engraçado que, na entrevista, Kim Seokjin — o CEO da agência — quis me colocar para modelar além de fotografar. Disse ter ótimos olhos para isso e que via potencial em mim — ou seja, também na minha aparência. Eu apenas ri, disse que não tinha interesse e panfletei o Jimin, dizendo que ele sim tinha porte de modelo.

Seokjin pareceu intrigado no que eu dizia e eu não demorei a lhe mostrar algumas fotos que tinha tirado dele algum tempo antes — uma ou outra comigo nela, mas a maioria com apenas ele tomando toda a tela. A partir dali, olhando para o rosto interessado do meu então mais novo chefe, eu já sabia que a palavra que rodava na sua mente enquanto olhava para o Park — que, empolgado como sempre, gritou e quase nos derrubou no chão quando pulou em cima de mim quando eu lhe contei sobre isso —, era contratado.

O resultado? Aproveitando a nossa proximidade e que o Jimin ficaria mais relaxado para uma sessão de fotos, ele pediu especificamente que eu fosse responsável pelas fotos.

As coisas ficaram bem melhores depois disso. Porque então o Jimin estava recebendo mais que o suficiente para pagar as contas de sua mãe, e como estava morando comigo, tinha menos contas próprias para pagar.

Então... flirtationship. É como chamam uma amizade que contém flerte mas nada acontece. É, também, como eu e o Jimin ficamos por semanas.

Eu não sabia exatamente se ele falava sério em qualquer uma das ocasiões, mas naquele dia, ao receber aquelas mensagens, eu decidi que ele apenas era muito aleatório e deveria parar de pensar sobre.


Jimin:

丨Ei

丨Eu tava aqui pensando

丨E bateu uma brisa, tipo

丨Você toma banho de chinelo?

... O quê?丨

Garoto?? Do nada丨

Jimin:

丨 KKKKKKK po

丨 Mas e aí sim ou não?

Não, eu não tomo banho de chinelo (?)丨

Por quê?丨

Jimin:

丨 Hm.

丨 Hmmm.

丨 Eu só acredito vendo

丨 Mas enfim, você chega que hora hoje? Preciso saber se guardo o jantar já ou não


E era isso. Flertes péssimos que eu ficava encarando por algum tempo antes de apenas rir e deixar de lado, porque ele logo passava a fingir que nada havia acontecido. Até porque a alternativa seria praticamente admitir que eu tive uma queda por ele há anos e ela voltou com tudo desde que nos reencontramos, e isso não me parecia uma opção muito viável.

Então, três meses após passarmos a morar juntos naquela casa, ele propôs assistirmos algum filme juntos na sala, e uma vez que já era final de semana, eu não vi motivo em negar. Quando ele apareceu na sala, já tendo pego um enorme edredom, ele tinha um vaso de pipocas na mão e um copo de 500ml de suco na outra, com dois canudos de metal.

— O que quer assistir? — perguntei ao que ele se sentava ao meu lado e colocava a pipoca e o suco na nossa frente.

Jimin apenas deu de ombros.

— Coloca a primeira coisa que aparecer aí.

Também não me importando com isso, eu apenas coloquei no primeiro filme que apareceu, que acabou sendo "Simplesmente acontece".

Naquele dia, eu consegui perceber que o Jimin era do tipo que realmente se concentra para assistir algum filme, e eu mal conseguia ficar na mesma posição por muito tempo. Também me fez perceber que ele não gostaria nem um pouco de saber que das últimas vezes que fui acompanhado ao cinema, a última coisa que fiz foi assistir ao filme.

Não que eu nunca prestasse atenção no que assistia. Eu só não conseguia me concentrar bem quando junto com alguém, porque pessoas físicas sempre me chamaram mais atenção do que uma tela ou holograma. E com ele ali do meu lado e com nós dois enrolados naquele edredom, eu mal percebi o filme acabar até que ele suspirou ao meu lado e eu me dei conta dos créditos subindo na televisão.

— Jungkook, Jeon. Eu quero dizer uma coisa.

— Pode dizer. — disse, olhando para ele em seguida.

Vocês podem imaginar a minha surpresa quando a próxima coisa que aconteceu foi o Jimin se aproximar de mim até nos nossos rostos estarem a centímetros de distância. Meu coração nunca esteve tão acelerado — ao menos, não até aquele momento — e eu nem sabia o que dizer.

Por isso eu apenas fiquei calado e de olhos pouco arregalados enquanto esperava ele continuar a falar. E quando ele prosseguiu...

— Eu não quero ser seu amigo, Jungkook. Eu quero mais do que isso, então será que isso é só da minha parte, ou...? — ele pausou, deixando implícito.

Eu apenas ri baixo, voltando a mim, e toquei o seu ombro, apertando-o levemente. Um leve sorriso surgiu em seu rosto. Nunca havia estado tão aliviado e feliz na minha vida — e novamente, ao menos até aquele momento.

— Então... não vamos ser amigos. 


↬ Continua...

Let's not be friends • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora