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   Brian chegou na escola saltitando de felicidade, até foi mais cedo para fazer um convite especial para o professor mais rabugento do mundo, mas que mesmo assim, ganhou seu coração. E lá estava Brian, todo confiante andando pelos corredores, ele até tinha se arrumado um pouco mais naquele dia, ajeitou seus cabelos com gel, colocou um dos seus melhores suéteres, e até levou uma rosa vermelha.

   Cumprimentou Jim Beach, o diretor, com um sorriso no rosto, acenou e disse um sonoro "bom dia!" O treinador Jim Hutton, deu um tapinha nas costas do vice diretor Prenter, mesmo que ele não estivesse lá muito bem humorado, até para a senhora Austin que estava correndo em direção ao refeitório, já que ela cuidava das coisas ali, ele deu um sorriso e complementou com um "você está linda hoje!". Brian sempre era animado e bem humorado, mas todos perceberam que, naquele dia, estava tudo diferente.

   — E lá vem o grande senhor May. — Freddie Bulsara o cumprimentou, este era professor de artes para as classes do ensino médio. — Acordou bem hoje viu?

   — Sim, claro, é que eu tenho planos pra hoje, depois das aulas.

   — Que tipo de planos? Envolvem um... Namorado? — O homem de barba rala e cabelos grisalhos riu fino.

   — Se tudo correr bem, sim. — Brian respondeu, sentindo as bochechas arderem.— Oh Deus, conversamos pela primeira vez ontem, será que eu estou indo rápido demais?

   — Depende, que tipo de convite você vai fazer?

   — Vou dar essa rosa pra ele e chamá-lo pra tomar um café.

   — Então não está muito cedo.

   — Pra você é fácil falar, quando você foi conquistar o Deacon, ele com certeza não era um senhor ranzinza e rabugento.

   — Claro que não, você sabe que eu o conheci na discoteca. — O professor de artes sorriu. — E lá se vão vinte e poucos anos de casamento...

   Os dois pararam na frente da sala dos professores, Brian respirou fundo, recebendo um tapinha nas costas do amigo. Ele abriu a porta, e a primeira pessoa que viu foi ele, o ranzinza senhor Taylor.

   — Bom dia. — Brian sorriu, entregando a rosa para o professor, vendo ele ficar completamente vermelho.

   — Bom dia... E por que a flor? — Questionou o professor de história, ainda olhando para a rosa, sem saber se deveria aceitar, já que o professor de física e o professor de literatura estavam encarando.

   — Porque eu cultivo flores, e eu particularmente achei essa aqui muito mais bela do que as outras, e quis trazê-la pra você. — Ele disse com um sorriso. — E também queria te fazer uma pergunta...

   — Ah, claro.

   — Não vai pegar? — Insistiu Brian, ainda com a flor em mãos.

   Roger respirou fundo e pegou a rosa, estava perfeitamente cuidada, era realmente uma flor linda.

   — Eu gostaria... De ir tomar um café com você depois da aula. — Pediu Brian, ainda com o sorriso no rosto. — Eu pago.

   — Bom, é que eu tenho um compromisso...

   Na verdade, Roger não tinha nada pra fazer, apenas achou que não seria uma boa ideia sair sozinho com Brian, mas mudou de ideia assim que olhou para trás dele e viu Freddie o fuzilando com o olhar, achou melhor acertar o convite.

   — Mas eu posso adiar.

   — Perfeito. — Brian não podia se conter de felicidade. — É na cafeteria da esquina, não tem como errar, logo depois da aula, eu vou ir o mais rápido possível pra te esperar!

   Ver Brian tão animado deixava Roger um pouquinho mal por não estar naquela mesma empolgação.

•••

   E lá estava Brian, no lugar marcado, uma mesinha do lado de fora da cafeteria, esperando o outro professor.

   Um tanto desanimado por estar lá há quinze minutos e nada de Roger, começou até a considerar a possibilidade de que ele não iria ao encontro, pensar nisso fez seu coração doer um pouco.

   Estava quase indo embora chateado quando viu Roger vir correndo, ele suspirou alto e voltou a sorrir, observando aquele homem se aproximar.

   — Desculpe o atraso, tive problemas com um aluno. — O loiro sentou na cadeira da frente, olhando para Brian. — Já podemos pedir.

   — Mas é claro. — Brian chamou o garçom, se surpreendendo quando o mesmo voltou, não com os pedidos, mas com uma vela.

   — É pra deixar o clima mais romântico, pra você e pro seu namorado. — O homem baixinho e de cabelos ruivos sorriu, piscando para os dois antes de se retirar.

   — Ele não é meu namorado! — Roger esbravejou, cruzando os braços logo em seguida.

   — Então... — Brian tentou ignorar aquilo e conversar. — Eu gostaria de conversar com você, sabe, te conhecer melhor...

   — Me conhecer melhor? — Roger arqueou uma sombrancelha.

   — Exatamente, como por exemplo... Conversar sobre sua vida fora da escola, você deve ter um hobbie, ou deve ter alguém que está interessado...

   — Meu único hobbie são as corridas de carros, e alguém em que estou interessado... — Ele riu desgostoso. — Provavelmente nunca vou achar.

   — Sério? O senhor nunca teve nenhuma namorada, ou esposa...

   — Já fui casado, eu a amava muito... — Ele desviou o olhar.

   — O que houve? — Perguntou Brian, com sua voz doce e meiga. — Sempre é bom conversar, guardar as coisas assim faz mal.

   — Bom, no começo era tudo lindo, ela era a mulher da minha vida e ela me fazia feliz, morávamos juntos na minha casa... Então, conforme o tempo foi passando, as coisas começaram a mudar, começamos a discutir, as vezes eu até comecei a gritar com ela, ficamos mais distantes, houve uma época que sequer dormíamos na mesma cama, ela dizia que algo estava errado com a gente... Até que, em uma noite, brigamos feio, ela disse que não havia mais amor entre nós, mas eu não queria que ela fosse embora... Nos divorciamos e hoje ela mora com outra mulher.

   — Oh... Eu entendo. — Brian olhou para o chão, o garçom havia acabado de chegar com os pedidos, Roger pegou tomou um pouco da xícara de café, antes de Brian começar a falar.

   — Mas eu posso te falar uma coisa? Você não precisa de ninguém pra ser feliz. — Ele suspirou. — Ela seguiu em frente, você deveria... Experimentar coisas novas e conhecer outras pessoas, mas sua felicidade não pode depender de um relacionamento.

   — Não disse que minha felicidade dependia dela.

   — Então por que se tornou tão amargo quando ela se foi? Estou falando como alguém que gosta de você, já faz tanto tempo e ver você assim... Eu gostaria de poder te ajudar.

   — E como? Como vai me ajudar? — Respondeu áspero.

   — Eu... Posso ficar com você, pra você não se sentir tão sozinho...

   Os dois trocaram olhares, Brian tomou um pouco de coragem para acariciar o rosto do outro, Roger não disse nada, apenas arregalou os olhos, sem saber como reagir.

   Brian foi se aproximando, e Roger fechou os olhos por impulso quando sentiu os lábios do homem colados aos seus.

Learn To Love • Maylor Short-ficOnde histórias criam vida. Descubra agora