Um Pai Trabalhador

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Escuto os passos no corredor do apartamento e logo me desperto, provavelmente é o Jony depois de ter feito as compras do café da manhã para a filha, não sei como duas pessoas conseguem viver naquele apartamento, eu amo o meu apartamento mas se eu que sou uma pessoa só sinto falta de um espaço a mais, imagina eles. Eles no geral são uma família estranha..., sempre que vou descer as escadas eu me encontro com a filha do Jony,a Lia,ela tem mais ou menos a minha idade, sempre que a vejo sozinha ela está com o cabelo solto e de casaco, nunca a vi de outra forma, e quando ela está com o Jony ela me parece esquisitamente agradável...como alguém que acabou de encontrar um parente que não vê a anos. As vezes eu consigo escutar as músicas que ela escuta em casa quando está sozinha e o Jony está no trabalho e ela tem um gosto musical incrível, queria ter a oportunidade e coragem de conversar com ela sobre as bandas e os cantores, eu adoro cada música que ela coloca, já sei mais ou menos o horário específico que ela toca as músicas, são uns minutos depois do Jony ir embora e se eu ficar bem quieto e me aproximar muito da janela ainda consigo escutar ela cantando as músicas, já chego correndo em casa quando dá o horário de ela colocar as músicas e vou para a janela escutar ela cantando.

-Ted? Você tá aí?!

-ah!! Bom dia Carlos!, desculpa... Já estou me arrumando... Eh... Só mais um minuto

Escuto a voz de Carlos e saio correndo para o banheiro(que não é muito longe da minha cama), lavo o rosto, visto a raupa, pego um pedaço de pão, minhas escovas e pasta de dente e pronto, estou pronto para mais um dia. Abro a porta já esperando o Carlos falar alguma coisa

-hum... Irmão, já tá na hora de comprar um despertador cara. Não posso ficar te acordando pra sempre e você sabe disso Ted

-eu sei, eu sei. Desculpa. Prometo que essa foi a última vez, vou tentar comprar um hoje mesmo

-acho bom, agora vamos se não a Senhora Kally vai ficar enfurecida

Apostamos uma corrida até a lanchonete. Carlos é meu parceiro de trabalho, ele não mora muito longe da minha casa então ele passa aqui e me busca para irmos juntos ao trabalho... (isso quando eu acordo e já estou pronto, quando não estou ele bate na porta e dá um piti), ele tem uma sabedoria que não cabe nele, sempre tiro onda com ele porque ele é bem mais velho que eu mas sou mais alto que ele.

-olha só quem ganhou??!! Você só tem tamanho garoto

Ele ri da minha cara ofegante

-hora, hora olha quem chegou. Rapazes, quantas vezes eu já falei para vocês não virem correndo?!, vamos, vamos entrem, vistam essas blusas e vão atender aos clientes que hoje a casa tá cheia

A Senhora Kally joga as blusas na nossa cara e damos risada, vamos até o banheiro, escovo os dentes, troco de roupa e me preparo para servir os clientes. Eu sirvo as pessoas e o Carlos é o caixa

-Rapazinho, aqui vende uma água?

-sim, senhora. É só falar com aquele cara ali no caixa

Conforme as pessoas vão chegando vou anotando seus pedidos e os entregando a senhora Kally, ela é a responsável por fazer os lanches e doces, pego as comidas com ela e vou entregando aos clientes, esse é o meu trabalho.

Vai chegando perto da hora do almoço então eu e Carlos ajudamos a senhora Kally a fechar a lanchonete, mais tarde nós voltamos e abrimos tudo de novo.

Enquanto isso Carlos volta para casa para comprimentar os filhos e falar com eles, meu objetivo de vida é um dia na vida ser um pai tão trabalhador e atencioso como Carlos, ele tem dois empregos e nas horas vagas volta para casa pra ficar com a família.

Enquanto isso pego meu celular e chamo um dos meus amigos para me ajudar arranjar um segundo emprego, penso em quem seria a melhor companhia para isso, contando que as aulas deles já tinham acabado... Porque quando sai de casa sai da escola também, ainda que pretendo voltar.

must have been the wind Onde histórias criam vida. Descubra agora