conversation

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Quando ambos chegaram a sorveteria logo foram aos assentos vagos perto da janela. O clima estava estranho, como não seria? Fazia anos que os dois não trocavam palavras, fazia três anos...

— Okay, devo admitir que isso é muito, muito estranho – Disse Elisa quebrando o silêncio constrangedor.

— O que quer comigo, Elisa? – direto. Foi o que Lisa pensou, mas ela não negava que era totalmente aceitável, ela realmente passou anos ignorando ele como se o mesmo não existisse, a atitude seria no mínimo essa.

— Bom... Você foi direto, não que eu já não esperasse por isso, mas ainda sim, bem direto. Mas, acho que devemos conversar sobre o passado, sei que deixamos várias pontas soltas, e acho que para seguirmos em frente devemos resolver tudo isso. – Lisa foi cortada por Manuel.

– Nós? Você que foi embora e me deixou sozinho sem ao menos me avisar, e logo depois apareceu para dizer que estava grávida de outro cara, acho que a única pessoa que deixou as pontas soltas você, Elisa. – E aí estava o maior medo de Lisa, o passado. Passado a qual ela se arrependia e tentava enterrar a todo custo, afinal, ela era muito jovem quando aconteceu.

— Okay, eu sei que errei... Mas você também errou, éramos crianças, Manuel. Você era muito ciumento. Você sabe que eu sempre fui alguém que não fui de demonstrar minhas fraquezas, e em cada briga você fazia questão de ir chorar para seus amigos, ou você se esqueceu o quanto seus amigos não gostam de mim e acham que eu sou a bruxa da nossa história? Francamente, Manuel. Nós dois erramos na relação, não coloque a culpa só em mim. Você sabe o quanto eu lutei para termos algo, fui contra até minha família.  – O silêncio permaneceu após isso, ambos sabiam que estavam sendo amargos demais, mas era impossível não ser. Era visível que Elisa e Manuel sofreram a na relação, eram jovens e não sabiam controlar seus hormônios e atos.

— Okay, eu compreendo. Mas se estamos aqui para colocar um ponto final nessa história, não adianta ficar colocando o passado desde jeito. Vamos ser maduros, tudo isso já passou e de qualquer forma não adianta voltar a algo que ambos não queremos lembrar – Disse Manuel depois de um longo suspiro se dando por vencido, sabia que não havia sido fácil na relação também. Mas sempre teve seus amigos, e Lisa? Bem, Lisa não era muito amigável. Ela era tida como impenetrável, muitos não gostavam dela por ela ser assim. Fria.

Essa conversa de certa forma era algo necessário, ambos não gostavam de lembrar e sabiam que foram errados. De qualquer maneira era normal as farpas virem, o passado ainda doía.

— Eu quero te pedir perdão... Eu sei que fui infantil por conta de uma vingança boba, por algo bobo que aconteceu no terceiro ano do fundamental... Sei que é seu direito não me perdoar, porque admito que quem mais errou foi eu. Mas quero que saiba que não sou mais a mesma Elisa de quatorze ou quinze anos, eu de fato amadureci e acho que todos essas anos sem nos falar foi necessário. Do jeito que aconteceu nos fez amadurecer... – E lá estava a primeira lágrima, há anos atrás o único que via Lisa chorar era Manuel, hoje em dia era Diego, mas seu antigo amor e melhor amigo estava na sua frente depois de anos, ela se sentia segura com ele de alguma forma, como se não houvesse mudado nada em relação aos sentimentos.

–Lis... Não pre... – Lisa o cortou.

— Seu tolo, deixe-me terminar, você sabe o quão difícil é eu me abrir de verdade. Eu não vou dizer que foi fácil não está ao teu lado, porque não foi! Você foi meu primeiro amor, eu te conheci aos quatro anos de idade, e ainda lembro como se fosse ontem. Você foi meu melhor amigo durante décadas e logo após meu namorado, meu porto seguro e eu sinto muito por ter feito o que fiz, sei que foi infantil da minha parte... Mas o que eu poderia fazer? Eu tinha quinze anos, era uma criança, mas eu sempre te amei e viver esses anos longe de você foi difícil, foi complicado ver Alex e não vê você... Foi difícil ver que o pai de Luísa não era você... Eu te falei no dia que informei sobre a gravidez, eu torno a te falar hoje, mas eu tenho plena consciência de que foi necessário. Não foi fácil, mas tudo o que aconteceu me tornou mais forte e não mais aquela garota mimada e que tinha tudo o que queria nas mãos. E essa nova Elisa te pede perdoe tudo o que aconteceu no passado, mas lógico que tudo isso é você quem decide, você está no direito de sair por essa porta e nunca mais olhar na minha cara, ou perdoar e tentarmos ser amigos. – O silêncio logo se instalou sobre a mesa, e tudo agora dependia de Manuel. O mesmo estava calado, isso deixava Elisa impaciente e nervosa. Manuel nunca foi de pensar tanto, mas já fazia anos... Talvez não tenha sido só ela a mudar na história.

IN THE END IT WAS YOUOnde histórias criam vida. Descubra agora