cap.20

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“Ah, o amor... Que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói, não sei porquê.”

Luís de Camões.

*Sáfira White

Crystal entrou em trabalho de parto às 1 da manhã e até agora está trancada em uma salinha esperando sua dilatação chegar no número certo para passar a cabeça e o corpinho dos bebês.

A doutora Lauren disse que é melhor nós não entrarmos na sala porque Crystal está uma fera. Aquela hora no carro quando eu perguntei se estava doendo muito, ela me lançou um olhar tão mortífero que eu por um momento fiquei morrendo de medo dela... Luciana foi outra que também levou uma patada da nossa irmã.

Quem diria? Crystal, a mais pacífica dos três filhos de Sophia e Victor White, distribuindo patadas e olhares mortíferos para alguém... Acho que ela estava com muita dor mesmo.

Olho no relógio e já são 3:30 da manhã. Ao longe eu avisto a doutora Lauren saindo da sala de Crystal e logo Crystal também sai sendo empurrada por dois enfermeiros, acho que meus sobrinhos finalmente irão nascer!

Pego meu celular e ligo para Lissa.

— Oi, vaca! – me cumprimenta com a voz rouca de sono

— Oi vacona!

— O que aconteceu para eu receber sua ilustre ligação de madrugada?

— Crystal entrou em trabalho de parto, meus sobrinhos estão nascendo!

— Não creio!!! Meus sobrinhos postiços estão NASCENDO! – escuto o barulho de algo se quebrando — Merda!

— O que aconteceu?

— Eu derrubei a luminária no chão... E a coitada entrou em óbito às... 3:40 da madrugada de hoje! – rimos — Sáfira, estou arrumando minhas malas, estou indo para Nova York agora mesmo!

— Mas não tem vôos disponíveis a essa hora da manhã.

— Eu sei, por isso, eu vou no jatinho particular da minha família. Daqui a pouco já estou aí... Em que hospital vocês estão?

— Estamos no hospital Aretha de Gitterberg.

— Ótimo! Daqui a pouco eu chego aí. – e então desliga.

(...)

4:00 da manhã... Esse foi o horário em que meus sobrinhos vieram ao mundo. Minha mãe acompanhou Crystal no parto já que o pai dos filhos dela está sumido.

Como o parto da minha irmã foi normal, agora ela já se encontra em seu quarto... Abro a porta com cuidado, mas Luciana me impede de entrar

— E melhor perguntar se ela está bem antes, não estou afim de morrer tão jovem. – Luciana me encara com os olhos transbordando tanto brincadeira quanto preocupação. Não acredito que vou fazer isso...

— Você está bem, ou vou ser recebida por um vaso de flores voador? – escuto sua risada

— Para de ser palhaça e entra  logo... As duas!

Entramos e encontramos nossa irmã deitada na cama amamentando uma menininha.

— Desculpa se fui grossa com vocês aquela hora... Eu estava fora de mim.

— Tudo bem... E então... É verdade que a dor vai embora assim que olhamos para carinhas deles? – pergunto

— É sim... Olha, essa aqui é a Clara. Meu amorzinho, essas duas aqui são suas titias, Sáfira e Luciana. – o bebê encara Crystal fixamente enquanto continua mamando. Tão linda...

AMOR POR ACASOOnde histórias criam vida. Descubra agora