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Karol

- Isso é tão entediante - Ruggero disse enquanto me observava a limpar uma mesa.

- Você deveria limpar já que está sentado apenas observando. - Eu respondi num tom de voz divertido enquanto esfregava uma mancha de suco de uva.

Droga, essa coisa nunca saía.

- Isso parece ser divertido, vamos fazer isso. - ele se levantou e veio em minha direção.

- Você não precisa realmente fazer isso. Estou sendo paga para cumprir estas ordens.

Franzi as sobrancelhas mas ele tomou o pano de minhas mãos.

- Eu quero fazer isso
- ele disse, aplicando produto de limpeza no pano e esfregando a mancha de suco que foi sumindo rapidamente.

- Está vendo, amor. Eu tenho todo o jeito para isso. - Ele me deu uma piscadela e o sino da porta soou.

Franzi a testa porque já havíamos parado de atender clientes e a placa na porta que dizia "fechado" indicava o mesmo.

- Não façam nenhum movimento brusco. - Um homem familiar de aparentemente quarenta anos de idade vestido com roupas surradas e escuras disse assim que passou pela porta.

- Que porra é essa?
- Ruggero perguntou colocando o pano sobre a mesa e franzindo as sobrancelhas.

- Obviamente um assalto.
- ele respondeu dando um sorriso de lado enquanto retirava um revólver de sua cintura.

Engoli em seco.

- Por favor, não queremos que ninguém se machuque. O caixa fica logo ali. - Eu disse apontando para o mesmo e recuando dois passos para trás.

- Boa garota - Ele disse se dirigindo até o caixa.
- Vocês são namorados?
- ele perguntou casualmente enquanto guardava algumas notas em uma pequena mochila.

- Por que você quer saber? - Ruggero respondeu seco e com os olhos vidrados no assaltante.

- Porque ela.. - Ele apontou para mim com a arma. - É bem bonita. - Completou deixando sua mão erguida cair ao lado de seu corpo.

- Não aponte essa droga para ela, porra. - Ruggero disse entre dentes e fechando os punhos.

Arregalei os olhos

- Rugge, não reaja - eu sussurrei em seu ouvido desfazendo o punho em sua mão e entrelaçando seus dedos nos meus.

Ele pareceu relaxar um pouco mas ainda assim lançava um olhar mortal para o homem atrás do caixa.

- Você é um jovenzinho bem corajoso - o homem disse soltando uma risada nasalada. - Mas tome cuidado, posso acabar perdendo minha paciência - Completou com um olhar sério em alerta.

Ruggero puxou uma cadeira da mesa e desabou sobre ela, bufando e batendo o pé freneticamente no chão.

- O quê eu disse? -
O homem perguntou gesticulando com a arma nas mãos. - Sem movimentos bruscos. - ele falou pausadamente.

O celular de Ruggero começou a vibrar sobre a mesa, atraindo a atenção do assaltante, ele andou até nós e o pegou. Depois ergueu uma das mãos em minha direção.

- Celular, querida.

Eu retirei meu celular de meu bolso e o entreguei em suas mãos. Ele piscou em minha direção antes de se virar e continuar andando de volta até o caixa.

- E lá se vão todas as minhas esperanças - Ruggero murmurou.

- Há um alarme de emergência, mas ele só é ativado por um botão que, infelizmente, fica em baixo do balcão.

- Ótimo, acho que posso fazer isso.

Ele se levantou da cadeira, o homem estava de costas para nós, ele revirava algumas prateleiras, enquanto Ruggero andava calmamente até o balcão. Eu não estava gostando nem um pouco disso.

As mãos de Ruggero começaram a tatear por baixo da borda e ele me lançou um olhar significativo por cima do ombro, eu apontei para a esquerda, o botão ficava exatamente em baixo do jarro de flores.

Depois de pressionar o botão, Ruggero andou em passos largos e rápidos até mim e se sentou novamente sobre a cadeira no mesmo instante que o ladrão se virou para nós

Seus olhos percorrem toda a lanchonete até pararem sobre mim.

Eu congelei porque o olhar dele não era muito amigável

- Você, venha até aqui.

- De jeito nenhum -
Ruggero interferiu

O homem sorriu, e se aproximou lentamente. Eu recuei alguns passos para trás até que bati na borda da mesa.

No próximo momento, sua mão estava sobre meu braço e o cano de sua arma contra a lateral de minha cabeça.

- Cale-se ou ela morre
- O assaltante disse a ele, deixando seu aperto em meu braço ainda mais forte.

- Não machuque ela - Ruggero disse me lançando um olhar preocupado.

- Claro, basta calar a porra da boca. Ou sua língua vai ser a causa da morte dela.

Ruggero abriu a boca para lhe responder mas a fechou no mesmo instante. No próximo momento, dois policiais passaram pela porta apontando suas armas ao homem de roupas escuras, atrás de mim.

- Largue a garota e coloque a arma no chão.
- Um dos policias falou se aproximando cuidadosamente, ainda apontando sua arma para ele.

- Não se aproximem - o ladrão apertou meu braço fortemente e eu soltei um gemido de dor. Isso iria ficar muito roxo.

- Solte a mocinha, senhor. Nós não queremos te machucar. - o outro policial se manifestou, apontando também sua arma ao assaltante.

Tudo estava indo de mal a pior.

- Se vocês se aproximarem mais, eu juro que.... - O homem não conseguiu completar a frase, o barulho do jarro se estilhaçando sobre sua cabeça veio seguido do baque de seu corpo pesado contra o chão.

Ruggero havia o nocauteado com um maldito jarro de flores.

- Você está bem? - ele me perguntou colocando uma mecha de cabelo atrás de minha orelha. Eu assenti, passando meus dedos levemente no meu braço que estava um pouco dolorido.

- Muito bem. Agora vamos retirá-lo daqui - Um dos policiais disse, segurando os pés do assaltante enquanto o outro segurava as mãos.

A cena toda era completamente ridícula.

- Espere um momento, este não é o Armando Avila? - O policial disse enquanto observava o homem mais de perto.

- Sim, é ele. - o outro confirmou balançando com a cabeça. - ele está sendo procurado por assalto e agressão em vários estados.

Meu coração começou a bater fortemente contra o meu peito e meus pés fraquejaram.

Porque pela primeira vez em onze anos, falaram o nome de meu pai.

Apenas mais uma - Adaptação RuggarolOnde histórias criam vida. Descubra agora