Capitulo 1 - Califórnia

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(Califórnia, 1995)

Naquela tarde estavam reunidos todos os amigos e família, o motivo era a comemoração do décimo quarto aniversário de casamento de Jéssica e Kenneth DiLaurentis. Os filhos do casal ainda eram pequenos mas sempre carregarão esse dia em suas memórias. Alison, a mais nova, havia acabado de completar seus 10 anos de idade enquanto seu irmão Jason já beirava os 15.

A irmã gêmea de Jéssica, Mary, tinha acabado de chegar, ela havia se mudado para o Texas anos antes para construir a própria família, mas seu adorado marido não passava de um grande ladrão que fugiu com todo o seu dinheiro deixando ela e a filha na rua. Jessica que sempre foi uma mulher humilde e empática ofereceu hospedagem em sua casa pois não suportaria ver a irmã e a sobrinha passando por necessidades.

– Você finalmente saiu do quarto, fico tão feliz por isso – Jessica comentou ao ver a irmã se misturando com os demais parentes no meio da comemoração

– Eu não podia deixar de descer para comemorar com vocês, afinal, pelo menos uma de nós tem sorte no amor – Mary brincou – E CeCe também insistiu muito pra que eu descesse, tive que fazer a vontade dela como sempre

– Mandou bem, garota! – Jessica agradeceu a sobrinha lançando para ela um sorriso de orelha a orelha

– Obrigada tia. Eu estou indo procurar o Jay e a Ali – CeCe anunciou e saiu logo em seguida

– Sinta-se a vontade, Mary. Eu preciso dar atenção aos outros convidados mas estou muito feliz por você estar aqui – Jessica declarou pouco depois da saída de CeCe 

– Eu agradeço – Mary respondeu com um sorriso e viu sua irmã se retirar

– Uau, finalmente deu o ar da graça – Mary ouviu uma voz bem conhecida atrás de si

– É uma ótima festa cunhado, parabéns pelos quatorze anos – Ela desejou

– Obrigado querida Mary, sinta-se a vontade — Kenneth respondeu educado

– Passe em meu quarto mais tarde, não consegui carregar o presente até aqui em baixo – Mary pediu

– Com prazer – Kenneth respondeu antes de sair e deixar Mary sozinha novamente

A tal “reunião” foi repleta de alegrias, história, sorrisos e brincadeiras. Familiares e amigos estavam lá para comemorar o que significava muito para o casal. Por volta das sete da noite a casa já estava quase vazia, os últimos convidados iam se despedindo e o casal fazia questão de levar cada um até a porta para uma despedida decente. Quando não havia nada além dos próprios moradores dentro da casa Kenneth subiu para seu quarto enquanto Jessica caminhou até o jardim onde observava os filhos jogando basquete.

– Me assustou – Kenneth confessou ao sair do banho e se deparar com a figura clonada de sua esposa

– Achei que queria conversar, deve ter sido difícil comemorar um casamento que não te satisfaz mais e fingir que está feliz com isso –  Mary respondeu

– Eu estou feliz com minha família – Kenneth rebateu

– Se seu casamento estivesse realmente feliz você não esperaria ela dormir para bater na minha porta – Mary deixou seu veneno escorrer – Era melhor tê-la dispensado antes, assim não teria que passar por isso hoje

– Eu não posso me divorciar, Mary! Já falamos sobre isso, ela me colocaria o mais longe possível dos meus filhos – Kenneth argumentou

– Não precisa se alterar, eu não estou te exigindo nada – Ela explicou – Pelo contrário, eu adoro sigilo, adoro te ouvir bater na minha porta e aproveitar cada momento

Ela deslizava as mãos pelas costas nuas de Kenneth lhe trazendo arrepios, ele a segurou pela cintura aproximando-a para um beijo que aos poucos foi se intensificando. Minutos se passaram e Mary estava nua em cima da cama enquanto a toalha que enrolava Kenneth já não estava mais presente, as unhas de Mary cravaram no quadril de Kenneth ao senti-lo penetrar, a mulher gemia baixo para não serem notados ali, o que já não era mais possível, pois na porta do quarto Jessica assistia a cena, com lágrimas nos olhos e coração disparado tentando entender como o marido e a irmã eram capaz disso.

– Oh... meu... Deus! – Jessica disse pausadamente sem acreditar no que via

– Jessica! – Kenneth se levantou num susto ao ouvi-la

– Jessica, por favor, nós podemos conversar e explicar... Nós...– Mary intersedia

– Não tem explicação pra isso Mary, eu estou vendo com os meus próprios olhos, vocês dois estão me enganando bem debaixo do meu nariz – Jessica respondeu alterada e caminhou até a sacada em busca de ar para digerir a cena presenciada

– Querida, por favor... Eu queria te contar isso antes, estava prestes a pedir o divórcio, eu não fazia ideia de como você reagiria – Kenneth a seguia em desespero

– Cale a boca! – Ela gritou com o marido, furiosa – Você podia ter pedido o divórcio e ido embora há muito tempo, Kenneth, mas preferiu esperar nossa festa de aniversário de casamento para levar minha irmã para a nossa cama! Por que me ajudou a planejar a festa se estava prestes a me apunhalar?

– Estamos destruídos, Jes, você sabe disso, eu tentei, fiz a festa para nos lembrar dos velhos tempos mas você sabe que não é mais igual, não somos mais o mesmo casal – Kenneth tentava acalma-la 

– Vocês dois não passam de malditos traidores ingratos! Quero vocês fora da minha casa, agora! Longe dos meus filhos, longe daqui! – Jessica expulsava os dois 

– Jessica, por favor, olhe para mim! Nós somos sua família, te amamos, mas Kenneth e eu... – Mary tentou interceder mais uma vez

– Maldita vadia de merda! Eu não quero ouvir nenhuma palavra que saia dessa boca podre! – Jessica berrou mais uma vez e dessa

– Jes... – Mary tentou dizer mais alguma coisa, mas foi interrompida pelos tapas de Jessica que vinham em sua direção forçando-a a se defender

As duas estavam com os nervos a flor da pele, o sangue de Jessica fervia de ódio pela traição, Mary se sentia culpada e dava razão a irmã, mas queria que resolvessem suas diferenças sem partirem para a agressão e então como um gesto de defesa ela empurrou a irmã com força para longe de si, Jessica por sua vez não foi sortuda, sentiu seus saltos quebrarem fazendo-a se desequilibrar na sacada, Kenneth correu para tentar segura-la mas seu corpo já não estava mais no terceiro andar da casa, a sensação de impotência e desespero tomou conta de quem assistia a cena e tudo se findou com o "crec" feito pelo pescoço de Jessica que se quebrou assim que caiu ao chão.

As crianças brincavam no quintal, por pouco o corpo de Jessica não caiu sobre o de sua filha, Alison, que estava bem embaixo da sacada no momento do acidente. A pequena viu a mãe estirada aos seus pés, suas lágrimas imediatamente passaram pelo sangue que foi espirrado em seu rosto, ela estava paralisada diante do corpo sem vida da pessoa que ela mais amava no mundo, nesse momento seu irmão, Jason, já estava debruçado sobre o peito de sua mãe chorando como um recém nascido e implorando para que a mulher reagisse.

Kenneth e Mary correram para o quintal mas apesar dos esforços que tiveram, Jessica já estava morta. Alison, CeCe e Jason viam a mulher afogada numa poça de sangue, Jason queria gritar, correr, chorar até perder todo o líquido de seu corpo, mas ver Alison ali, parada, ainda sem reação apenas deixando suas lágrimas misturarem com o sangue da mãe, o obrigava a tentar ser mais forte, ele queria fazer de tudo para tirá-la dali e fazê-la parar de encarar aquilo. CeCe estava assustada, gostava bastante da tia, mas estava sendo consolada por Mary que olhava o corpo da sua irmã e sentia a culpa a corroer, Kenneth e ela partilhavam do mesmo sentimento e talvez tenham isso marcado em suas almas por toda eternidade, pois foram eles, os culpados pela morte de Jessica DiLaurentis.

Dear Destiny - Emison [Concluida]Onde histórias criam vida. Descubra agora