Com a sua intensidade

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Olá, bem-vindos!

Esta fanfic é uma adaptação de outra de minha própria autoria, chamada Permita-me, Cha EunWoo [BinWoo – Astro], para o projeto Astroboys (spirit).
Deixo aqui os créditos da betagem original feita pela @miuri; e da capa maravilhosa e perfeita que recebi da Mari (@suhotus).

Como gosto muito da história, quis compartilhá-la no universo EXO também, espero que gostem, nos vemos lá embaixo! ^-^

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Dias nublados possuem seu próprio ritmo, sua própria beleza.

Ali, sentado em meu lugar de costume e encarando meu notebook aberto sobre as pernas, percebi que sempre preferi dias assim. Quando as nuvens estão baixas e densas, deixando tudo esbranquiçado, bem naquele limiar que, apesar de suficientes para ofuscar o brilho excessivo do sol, ainda não são capazes de precipitar.

Tais dias são confortáveis e suaves, principalmente quando preciso trabalhar, vencendo a rigidez dos prazos impostos. Costumo fazê-lo no parque, em um dos bancos próximos à fonte, lugar que me inspira melhor que qualquer outro. Tanto que, até mesmo quando chove e eu preciso me dirigir ao café ali em frente em busca de abrigo, a simples visão daquele entorno me deixa leve, seja simplesmente pela familiaridade do ambiente ou, talvez, a sensação de “estar em casa” que tenho ali.

Escrever roteiros nunca me pareceu realmente um trabalho, o que faz com que me considere um baita homem de sorte. Principalmente por poder trabalhar em lugares assim, arborizados e bonitos, fazendo o que amo em vez de estar em um escritório fechado e sufocante, com gravatas no pescoço. Trabalhar e poder apreciar o lazer das pessoas ao entorno — me habituando a elas —, sem dúvidas, é uma dádiva.

Frequentava tanto aquele ambiente que já reconhecia alguns rostos corriqueiros, como os que necessitavam atravessar o parque para chegar ao metrô, ou os que faziam dele seu local de trabalho, como o vendedor de algodão-doce e balões, ou o funcionário da limpeza.

Mas, de todos aqueles rostos, eu, JongDae, esperava ansiosamente por um em específico. Um rosto que não aparecia diariamente, mas que, quando aparecia, me roubava a atenção de forma incontestável. Ele transformava a simples tarefa de escrever em uma constante luta entre observá-lo e me concentrar nas teclas do notebook.

E eu sequer sabia seu nome.

Estava sempre com sua câmera e um olhar concentrado, capaz de me desestabilizar da cabeça aos pés. Suas mãos compridas e pálidas deixavam à mostra as veias esverdeadas sobre o dorso. Os dedos longos tinham uma sensualidade involuntária pela forma com que se ajustavam à lente fotográfica, movendo-se por ali de um jeito que me deixava sem ar.

E tinha aquele olhar...

O mesmo olhar que se estreitava pelo visor da câmera, ora oculto pelos cabelos negros que lhe cobriam a testa, ora exposto, em busca de novos ângulos. Intenso, como se pudesse enxergar mais do que qualquer um ali.

E acredito que ele, de fato, possa.

Assim como vejo mais do que gostaria — com minha mente incansável de autor, ávida por suposições —, com aqueles olhos de artista ele certamente é capaz de ver o entorno de modo único. Cores, planos de fundo, talvez até auras, sabe-se lá o quão além aquele homem é capaz de observar.

Meu peito acelerou ao percebê-lo ali, aquele estranho corriqueiro. Um rosto familiar que, ao mesmo tempo, pertencia um desconhecido. Desta vez, sua lente impávida estava apontada em minha direção e, surpreso, era a primeira vez que a notava direcionada a mim.

Será que ele também me reconhecia? Será que também estava tão acostumado quanto eu aos frequentadores assíduos daqui? Será que se fazia os mesmos questionamentos?

Capture-me [SuChen] Onde histórias criam vida. Descubra agora