Capítulo Quatro: Fuga

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Ao longe, sentado entre as raízes de um grande carvalho na floresta, a rainha viu Florian esperando por ela

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Ao longe, sentado entre as raízes de um grande carvalho na floresta, a rainha viu Florian esperando por ela.

Com cuidado ela desceu do cavalo que a tinha trago escondida até ali. David, que a havia acompanhado em outro corcel, se despediu e disse que a esperaria no castelo dentro de uma hora. Ela não poderia se ausentar mais que isso em sua situação.

Assim que os olhos de Florian pousaram na rainha, ele correu até ela, envolvendo sua cintura em um abraço apertado.

A rainha por um instante fechou os olhos, apreciando aquele momento e o guardando na memória, sentindo-se protegida nos braços do homem que amava.

Há algum tempo as lágrimas que tinha deixado derramar tinham secado, mas, quando Florian se afastou e a olhou com aqueles lindos olhos castanhos, a rainha sentiu como se a qualquer momento fosse chorar de novo.

"Ele morreu", foi a primeira coisa que ele disse, radiante. "Aquele desgraçado... Ele está finalmente morto, Georgiana. Ele nunca mais poderá te fazer mal algum, nem para o nosso filho." E, dizendo isso, Florian pousou a mão grande e calejada na barriga ainda pouco proeminente da rainha, com tanto amor que a mulher sentiu-o em seu próprio coração.

"Ah, Florian...", ela sussurrou, sem mais se conter.

A rainha foi forte desde o momento em que Branca lhe ameaçara e chantageara. Foi forte durante a noite, quando o medo a assombrou, durante aquela reunião horrível com todos os lordes detestáveis do reino e tentara ser forte até mesmo enquanto chorava. Mas agora... agora ela não aguentava mais.

"Georgiana, o que foi?", Florian perguntou, erguendo o rosto para ela, os olhos repletos de preocupação. "Meu amor, o que aconteceu?"

Então ela contou. Contou tudo e deixou com que o medo a envolvesse por completo.

Naquele momento, a realidade do que provavelmente aconteceria com ela, com o filho e até mesmo com o homem que amava a assolou.

A rainha estava perdida. Totalmente perdida.

Quando terminou, o rosto de Florian estava lívido e seus olhos assombrados. Suas mãos continuavam envoltas na cintura da rainha, ainda a segurando com força junto ao seu corpo.

"Eu sinto tanto..." Ela falou, o nó em sua garganta quase a impedindo de pronunciar as palavras. "Tentei fazer o que ela pediu, mas é mais que claro que os lordes jamais irão me ouvir. Ninguém quer uma mulher permanentemente no trono. Eu não sei como ela nos descobriu... Provavelmente eu não fui tão cuidadosa quanto pensava."

"Não diga isso", Florian falou, olhando para ela com fervor. "O passado não pode ser mudado, mas podemos garantir nosso futuro. Georgiana, precisamos fugir."

A rainha piscou, atordoada.

"Fugir?"

"Sim, fugir. Caso contrário..." Ele engoliu em seco. "Não vou aceitar perder você e o nosso filho. Não posso. Por favor, diga que sim."

"Nós seremos caçados pelo resto da vida, Florian...", ela falou, ainda tentando assimilar a ideia.

"Então iremos fugir. Mas iremos viver. Juntos." O caçador suspirou. "Não será uma vida de riquezas. Talvez... Talvez será difícil para você se acostumar."

Em outra ocasião, a rainha teria rido daquele comentário.

"Florian, eu não tenho medo da pobreza. Eu tenho medo do sofrimento, da dor. E eu nunca teria isso ao seu lado."

O homem sorriu e, quando se inclinou para beijá-la, a rainha sentiu que poderia ficar ali para sempre, perdida em seus lábios e no calor do seu abraço.

"Quando?", ela perguntou por fim, quando se afastaram.

"Amanhã à noite. Aqui. Traga apenas o que puder carregar."

A rainha assentiu, por um momento sentindo uma onda de medo a invadir, mas sabendo – tendo certeza, aliás – que aquela era a única solução. E a única que poderia finalmente fazê-la feliz.

Uma vida ao lado de Florian sem jamais ter que se contentar com minutos roubados? Era um sonho. Um sonho ainda mais maravilhoso quando imaginava um lindo filho de olhos castanhos com eles.

Então a rainha sorriu.

"Então, até amanhã à noite."

Florian assentiu, os olhos esperançosos pousados no ventre da rainha.

"Eu te amo. Amo vocês dois e faria qualquer coisa para protegê-los. Você sabe disso, não sabe?"

A rainha pousou a mão no rosto do amado, erguendo-o para que ele a olhasse enquanto pronunciava as palavras.

"Eu jamais vou esquecer."

Quando chegou ao seu quarto naquela tarde, depois de seu encontro com Florian, a rainha não se surpreendeu ao ver Branca parada no meio do aposento

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Quando chegou ao seu quarto naquela tarde, depois de seu encontro com Florian, a rainha não se surpreendeu ao ver Branca parada no meio do aposento.

Ela parecia um pouco ofegante e havia algumas folhas presas na saia de seu vestido, mas, em sua confusão e euforia, a rainha não percebeu nada daquilo.

"E então?", a enteada perguntou, se aproximando da madrasta. "Suponho que, a essa altura, a lei já deve ter sido feita."

A rainha suspirou, pensando que só precisava aguentá-la mais um pouco e garantir sua sobrevivência até a noite seguinte. Então, estaria livre.

"Falta pouco para que eu convença os lordes. Você será rainha e eu conseguirei o que você quer."

Branca de Neve estreitou os olhos em brasa para a rainha.

"Ótimo..." Ela disse, em um tom afável que não combinava com seu olhar. "Você tem vinte e quatro horas. E nem tente contornar a situação, madrasta. Você não conseguiria."

A rainha sentiu o coração disparar, mas soube que, até a noite seguinte, conseguiria um meio de sair do castelo e colocar distância o suficiente entre ela e Branca para se sentir segura de novo.

Então a enteada rumou até a porta do quarto, mas, antes de sair, sussurrou:

"Você não está mentindo para mim, está?"

A rainha piscou, endireitando a sua postura e pedindo a Deus que sua mentira não falhasse.

"É claro que não. Você será rainha."

Branca não respondeu, apenas lançou um último olhar gélido para a madrasta que, na opinião dela, não era nem um pouco convencido. 

Palavras: 621

Evil Queen - A verdadeira históriaOnde histórias criam vida. Descubra agora