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Faz pouco mais de uma semana que sai do hospital, embora eu tenha apenas fraturado o braço, Charlie faz com que eu sinta que estou com algum tipo de doença degenerativa que me impede de fazer qualquer outro movimento, foi difícil convencer ele a me deixar ir no cinema com os meus amigos, já que Ariana tem enchido meu saco desde que botei os pés pra fora do hospital, e eu planejo ainda ir para a escola segunda feira... Mas o que me deixa tenso com essa idéia, é ter que olhar na cara dele de novo, não por raiva, não sei explicar, de alguma forma quero mantê-lo o mais longe possível.

Nesse exato momento estou - literalmente - fingindo estar prestes a chorar como uma criança de seis anos ao receber meu quinto não consecutivo vindo de Charlie:

- Por favor, por favor, por favor, por favor, por favooooor - falo juntando as palmas das minhas mãos praticamente implorando

- Não, não, não e não... Deus garoto como você é irritante quando quer algo

- Posso ser muito pior... - Charlie olha pra mim com um olhar de "você não se atreveria" porque ele me conhece e já me viu fazer esse showzinho várias vezes.

Solto um pequeno e rápido sorriso maléfico antes de tomar uma expressão de choro, arregalar os olhos e tremer os lábios de propósito, seguro um bocejo forçado na garganta para que meus olhos lácrimegem e faço a "lágrima" escorrer dramaticamente sobre minha bochecha, seguro um sorriso ao ver a expressão de pena e raiva no rosto de Charlie, só pra dar um ar mais dramático, solto um soluço e coloco a mão sobre a boca, e fecho os olhos com força pra fazer mais lágrimas escorrerem:

- Garoto demoníaco! - escuto Charlie sussurrar - Tá bom... Vai pra essa merda de passeio com os seus amigos antes que eu tire meu cinto e faça você perder esses trinta quilos de bunda que você tem

Minha cena acaba quando solto um gritinho e abraço Charlie, logo correndo pro meu quarto:

- Quero você em casa antes das dez Dallas! - é só o que eu ouço antes de fechar a porta do quarto e pegar o celular

- E aí? - a voz abafada de Ariana sai pelo telefone

- Oi Ari. É bom falar com você também... Como vão as coisas? - falo sorrindo só pra irrita-la, o que dá certo já que ouço a mesma bufar do outro lado da linha

- Para de cú doce e fala logo... Ele deixou?

- Deixou! - sorrio ao mesmo tempo em que afasto o celular do ouvido ao escutar o grito agudo de Ariana do outro lado da linha

- Ah que otimo... Se arrume logo, daqui a pouco apareço aí!

Desligo a chamada e logo corro para o banheiro tomar um banho, passo poucos minutos debaixo do chuveiro, mesmo com essa semana agitada com Charlie cuidando de mim, ainda não me contentei com a conversa que tive com Shawn, foi complicado e confuso, não entendi muita coisa, Shawn é uma pessoa diferente, ele não é como os outros, as vezes eu penso que tipo de segredos esse garoto esconde.
Desligo o chuveiro e vou me vestir, coloco um short jeans e uma camisa branca, aproveito e pego um casaco já que está frio, é uma roupa simples, tomo todo o cuidado na hora de vestir a camisa já que comecei a sentir algumas pontadas no meu braço machucado, não me atrevo a pentear o cabelo, me contento apenas com uma passada de mão nele, o que só piora a situação. Desço apressado as escadas até a sala:

- Devagar! - Charlie aparece de repente no pé da escada com as mãos estendidas como se fosse me segurar

- Eu não vou cair exagerado!

- Mesmo assim... Quero que tome cuidado ok?

     Assinto e beijo a bochecha de Charlie quando escuto a campainha tocar, corro até a porta e a abro:

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