Capítulo 3: O Gerânio e a Miosótis

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— Está rindo de quê? —Perguntou-me ele. Sua curiosidade e seu sorriso disputavam espaço em seu rosto.

Incrédulo, apenas acenei com a cabeça. Estávamos no fim da primavera. O sol da manhã que trazia destaque às cores vibrantes daquele jardim era o mesmo que acentuava o brilho de seus cabelos, fazendo-os parecer ainda mais claros. Era como a visão de um sonho.

— Mas... como é possível? — Indaguei, deparando-me com os inúmeros arbustos de miosótis que cercavam os vastos canteiros de flores. — Elas florescem apenas no verão.

— O clima tem mudado. Já faz um tempo que elas começaram a florescer mais cedo. — Respondeu-me ele, ternamente. — Um mês mais cedo, se quer saber.

Retomei minha caminhada pelo jardim, ainda surpreso. Klaus ausentou-se de meu lado por um momento, abaixando-se frente a um dos arbustos e apanhando uma miosótis. Parei onde estava e virei-me.

— É tudo o que sinto por você. — Disse-me ele, entregando a pequena flor lilás. Como resposta à tamanha declaração, guardei-a no bolso frontal de minha camisa.

No segundo canteiro rodeado de miosótis, tulipas. Peguei uma delas com cuidado, cobrindo-me brevemente de satisfação ao ver a relação complementar de cores que havia entre minhas unhas e as pétalas laranjas.

— Aqui, para você.

Ele sorriu agradecido, colocou-a no bolso da frente de sua camisa e me envolveu num abraço apertado. Atrás de seus ombros, flores mortas.

— O que houve com os gerânios? — Perguntei, esperançoso.

— Morreram. — Respondeu-me, suspirando aliviado. — Finalmente morreram.

Unhas ao Fogo [AMOSTRA]Where stories live. Discover now