Epígrafe

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  Enquanto os pés de Allis percorriam os corredores do Instituto Wicka, seus pensamentos vagueavam por lembranças dolorosas e difíceis de esquecer.

  Cada piscar de olhos, um flash se fazia presente, fazendo-a apertar os olhos e respirar fundo desejando que aquelas memórias indesejáveis evaporassem. No entanto, isso só contribuía para os aparecimentos das mesmas em sua cabeça.

  Cansada de lutar contra aquilo, Allis cessou os passos e fechou os olhos, mergulhando na escuridão de seus pensamentos e voltando a seu passado sombrio.

  Antes de abrir os olhos, ela sentiu um arrepio pela mudança brusca no tempo. No primeiro momento, não ouviu nada, mas não durou muito e o alvoroço se iniciou.

  Allis, num ímpeto, abriu os olhos e se viu no epicentro de seus pesadelos. Haviam centenas de combatentes travando uma luta arriscada. Ela não precisou procurar por si mesma na confusão, ela sabia exatamente onde estava.

  Caminhou entre os soldados e, por mais que tentasse não se lembrar do quanto eles significaram em sua vida, as boas lembranças a contrariavam e a obrigava a fita-los pesarosamente.

  Seus olhos âmbar pousaram na praia, onde ela e outro soldado se encaravam ameaçadoramente, ambos com suas armas firmemente empunhadas.

  Allis sabia exatamente o que viria acontecer em seguida. Todos iriam morrer. E ela era a culpada.

Os dois colidiram suas espadas e, com a intensidade da força de ambos, as armas foram lançadas para longe. Ambos se olharam e não demoraram para começar uma luta física.

  Allis se lembrava de cada soco que recebeu aquele dia, da sua perda de visão momentânea, de estar cambaleante e quase entregue a derrota. Mas, naquele momento, assistindo novamente aquela luta, ela sabia de algo que sua alter ego não sabia. Do poder que existia dentro dela.

  Caída no chão, agonizando e ensanguentada, Allis tentava se erguer, mas seu adversário já estava em cima dela, com a espada em punho. Chutou-a, virando-a de barriga para cima.

Há algo que queira dizer antes de ir? - O soldado indagou com um sorriso irônico. A vida de Allis passou por seus olhos, seu trabalho como guarda da família real, de todas as batalhas em que fora obrigada a matar pessoas. Seus pais implorando para que ela não saísse de casa, a dor nos olhos de sua mãe.

  Diante a morte, ela fechou os olhos e aceitou. Suas mãos estavam cheias de sangue inocente. Ela não merecia viver. Sentiu o movimento que o soldado fez ao levantar a espada para ter mais impacto quando penetrasse seu peito.

Eu sinto muito, mãe. - Ela sussurrou aos ventos, pedindo para que ele entregasse seu recado. Abriu os olhos para encarar seu destino cruel e viu quando o soldado desceu a espada de encontro ao seu corpo, no entanto, a lâmina não fez sequer um mísero corte.

  Eles se olharam incrédulos, sem reação inicial, mas logo o soldado tentou acertá-la novamente. Contudo, afastou-se quando viu uma fumaça negra escapar dos poros de sua adversária. Aproveitando a brecha, ela se levantou mas não conseguiu se manter de pé e caiu de joelhos.

  Allis sentiu seu corpo arder como se estivesse em chamas. A fumaça desconhecida a encobriu e o cheiro inebriante a deixou desnorteada. Uma dor aguda em suas entranhas fez um grito agoniante escapar de seus lábios. Num segundo, tudo clareou e no instante seguinte foram engolidos pela escuridão.

  Allis assistia tudo ao longe, viu quando aquela fumaça se transformou numa energia poderosa e explodiu do seu corpo, alastrando-se como uma praga e penetrando na pele de todos que surgiam em seu caminho, sugando a vitalidade do corpo e deixando-os em carne viva.

  A cena era atroz demais para que Allis conseguisse encarar até o fim. Pulou aquela parte para quando acordou na praia, enxarcada com a água do mar e completamente confusa.

  Arrastou-se para a areia e, meio grogue e com os tímpanos estourando em sua cabeça, se pôs de pé e cambaleou até o local onde seus soldados lutavam anteriormente.

  Estacou no lugar quando seus olhos viram a tragédia em sua frente. Centenas de corpos enfeitavam aquela parte da floresta. Não só corpos do grupo inimigo, mas seus amigos e companheiros de trabalho também estavam ali. Lembrou-se de seu corpo expelindo algo tóxico e foi suficiente para entender tudo. Ela havia matado todas aquelas pessoas.

  Consternada, correu sem olhar para trás. Se tivesse olhado, teria visto alguém a observando para momentos depois, acusa-la de bruxaria para a família real.

Gifs da lembrança de Allis

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Gifs da lembrança de Allis.

Gifs da lembrança de Allis

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